Church Life

Sua Igreja Deveria Parar De Se Reunir Para Combater o COVID-19?

Um especialista em saúde global compartilha como três igrejas em Seatle decidiram, e oferece ferramentas para sua congregação se posicionar.

Christianity Today March 19, 2020
Illustration by Mallory Rentsch / Source Image: Lauren DeCicca / Stringer / Getty Images

Enquanto escrevo esse texto, meu coração está muito pesado. Acabo de passar a segunda manhã de domingo seguida na Quaresma na minha sala de estar com minha esposa, assistindo a uma transmissão ao vivo do culto da minha igreja. A igreja estava vazia porque, na sexta-feira passada, o Departamento de Saúde Pública do Condado de King, no estado de Washington, enviou um aviso às organizações religiosas, recomendando que se suspendessem todas as reuniões com 50 ou mais pessoas. Praticamente todas as igrejas na área de Seattle já suspenderam seus cultos presenciais, juntamente com a maioria das outras atividades da igreja. Como a igreja evangélica que frequento tem mais de 1.500 membros que se dividem entre quatro cultos todos os domingos, transmitimos ao vivo nossos cultos. Enquanto este artigo estava sendo preparado para publicação, o governador Jay Inslee elevou o tom, proibindo reuniões com mais de 250 pessoas em três condados da região metropolitana, e a OMS declarou a COVID-19 uma pandemia global.

Mas o peso em meu coração não é porque não pude me reunir com outras pessoas para cultuar (por mais que goste da adoração comunitária). É porque posso ver para onde a epidemia do COVID-19 nos levará, enquanto a maioria das pessoas em nossa sociedade e igrejas não. Dezessete anos atrás, eu trabalhava para a Organização Mundial de Saúde (OMS) em Pequim quando a epidemia de coronavírus SARS eclodiu na China. Fui responsável por liderar grande parte do apoio da OMS à China e trabalhei 24 horas por dia por mais de três meses para ajudar a conter essa epidemia. Vi em primeira mão os efeitos da SARS no povo da China, os extraordinários esforços de distanciamento social empreendidos pelo governo e o custo que a sociedade pagou para conter essa epidemia.

Depois de trabalhar para a OMS e em seguida para a Fundação Bill e Melinda Gates na China, minha esposa e eu nos mudamos para Seattle em 2015 para liderar o trabalho da fundação para controlar a tuberculose em diversos países. Por cerca de 25 anos tenho respondido a um chamado como seguidor de Cristo para impedir a propagação de doenças e trabalhado para eliminá-las, e em fidelidade a esse chamado exorto meus irmãos e irmãs em Cristo para levar a sério essa epidemia e dar uma resposta.

Quando o COVID-19 apareceu pela primeira vez publicamente na China em janeiro, isso não foi um problema para a maioria das igrejas na área de Seattle. No entanto, houve certa ansiedade nas igrejas chinesas locais, porque o Festival da Primavera Chinês estava acontecendo e vários de seus membros estavam indo e voltando da China. Os membros das igrejas estavam extremamente preocupados em serem infectados por algum viajante vindo da China, e o número de pessoas no domingo diminuiu pela metade. A liderança de uma grande igreja evangélica em sua maioria de etnia chinesa me pediu para ajudar a orientar a resposta local da igreja. Posteriormente, a igreja americana que eu freqüento, que atrai membros de uma ampla base geográfica, fez o mesmo pedido, juntamente com uma igreja menor de periferia profundamente envolvida em sua comunidade local por meio de programas de serviço como escoteiros, creches e trabalho com jovens.

Ao trabalhar com essas igrejas, cada uma com abordagens distintas sobre o engajamento no Reino, aprendi que uma resposta robusta da igreja exige um entendimento adequado de como o COVID-19 se espalha e afeta as pessoas, como proteger a nós mesmos e aos outros de serem infectados e como avaliar adequadamente os riscos que enfrentamos em nossas comunidades.

Compreendendo como o COVID-19 se espalha e seus efeitos

Vários fatores se uniram e foram propícios para que o COVID-19 invadisse nossas comunidades de maneira eficaz e furtiva e sem aviso prévio.

Primeiramente, é difícil saber se você tem COVID-19 ou apenas o resfriado comum. 80% das pessoas com COVID-19 apresentam sintomas leves como febre, tosse, coriza e cansaço geral, que são sintomas característicos de um resfriado comum. Isso significa que uma pessoa pode estar carregando e transmitindo o vírus sem saber.

Em segundo lugar, você não precisa estar perto de uma pessoa infectada para se infectar. As pessoas infectadas podem tossir e gerar gotículas respiratórias, que depois se alojam em superfícies próximas. Uma pessoa com o vírus nas mãos pode transmitir o vírus para a maçaneta quando abre uma porta. Como esses vírus podem sobreviver nas superfícies por várias horas, as pessoas que tocam uma superfície com o vírus e depois tocam o nariz ou os olhos podem ser infectadas.

Em terceiro lugar, cerca de 20% das pessoas infectadas desenvolvem uma doença mais grave e podem precisar ser hospitalizadas; 3% de todos os infectados chegam a óbito. No entanto, o vírus é particularmente agressivo entre idosos e pessoas com doenças crônicas, resultando em uma taxa de mortalidade significativamente maior para esses indivíduos mais vulneráveis.

Por fim, esse vírus é particularmente difícil de controlar porque causa complacência entre a grande maioria das pessoas infectadas, o que facilita sua propagação, causando maior dano aos indivíduos mais vulneráveis.

Para aumentar a dificuldade, atualmente não temos kits de testagem suficientes para diagnosticar esta infecção. No momento, em Seattle, não há testes suficientes para os internados com pneumonia no hospital. Embora mais testes sejam disponibilizados em breve, precisamos disponibilizá-los amplamente em para que qualquer pessoa que necessite fazer o teste possa fazê-lo. Só então poderemos ter uma ideia do tamanho real desse surto, que é o que precisamos para poder contê-lo.

Como proteger a nós mesmos e aos outros do COVID-19

Neste momento, você provavelmente está em busca de boas notícias. Felizmente, há algumas.

Primeiro, sabemos que é possível proteger a nós mesmos e aos outros de serem infectados. No entanto, as instruções são tão simples que subestimamos quão eficazes elas podem ser: lave as mãos com frequência, evite tocar seu rosto, seja amigável, mas não aperte as mãos, afaste-se das pessoas doentes e fique em casa quando estiver doente.

Você não precisa ter medo quando alguém estiver tossindo perto de você. Se essa pessoa não tossir diretamente em sua direção e estiver a cerca de dois metros de distância, os vírus não o atingirão porque estão em grandes gotículas respiratórias que caem no chão. O vírus não flutua ou circula no ar.

Segundo, o vírus pode ser derrotado. Em todo o mundo, existem muitos exemplos de COVID-19 entrando em uma comunidade e não se alastrando – tudo porque as pessoas aplicam princípios básicos de saúde pública. Não há nada demais em identificar e isolar rapidamente os casos infecciosos e as pessoas com quem tiveram contato. Mas funciona. No entanto, isso precisa ser feito de forma agressiva e eficaz desde o início.

Infelizmente, o que vemos repetidas vezes é que a resposta chega atrasada. Quando o vírus ganha uma posição na comunidade, derrotá-lo requer um distanciamento social muito mais agressivo. Acredito que esse vírus já esteja firmemente estabelecido em muitas de nossas comunidades. Mesmo assim, muitas igrejas relutam em agir. Quando um surto sai de controle – como os da China, Coréia do Sul e norte da Itália – são necessárias medidas extremas de distanciamento social, como bloquear cidades ou regiões. Mas o custo social desse distanciamento extremo é sempre alto, sem mencionar o custo econômico.

Ferramentas simples são necessárias para formular uma resposta

Como parte de nossa missão neste mundo, a igreja pode ser um agente importante na prevenção de doenças e proteção dos mais vulneráveis. Somos parte integrante da nossa comunidade e muitos contatos sociais são realizados em nossas igrejas. Se conseguirmos identificar os primeiros sinais de um surto local de COVID-19, podemos ajudar a proteger os de dentro e os de fora de nossas igrejas. No entanto, já trabalhei com iniciativas de controle de doenças o bastante para saber que não basta convencer as pessoas de que devem agir. As pessoas precisam receber ferramentas simples para ajudá-las a agir.

As igrejas nos EUA estão em território desconhecido no que diz respeito a como responder à atual epidemia. Todos nós continuaremos a aprender à medida que essa epidemia evoluir. Mas, com base na minha experiência recente, aqui estão duas ferramentas simples para ajudar as igrejas a tomar boas decisões em tempo real: (1) uma maneira simples de avaliar que tipo de ações uma igreja deve tomar com base no risco local de transmissão; e (2) um guia que pode ajudar as igrejas a desenvolver um plano específico para prevenir a contaminação e aumentar o distanciamento social que pode ser implementado assim que necessário.

Como determinar o risco e a resposta da sua igreja

À medida que os casos de COVID-19 aumentam, vemos muita ansiedade e incerteza sobre o que a igreja deve fazer. Mas nossas respostas podem ser baseadas em princípios epidemiológicos sólidos. Gosto de usar imagens de semáforos para ajudar as igrejas a pensarem sobre o risco local de transmissão e que tipo de ações devem ser tomadas (veja a figura). Afinal, toda a transmissão desse vírus ocorre de forma local. Suas ações não devem se basear no que está acontecendo a 80 km de distância; elas devem se basear no que está acontecendo em sua comunidade específica.

Sua igreja está em uma zona de "luz verde" quando não há casos conhecidos de COVID-19 em sua comunidade. O que você deveria estar fazendo?

  • Implementar todas essas medidas de higiene chatas, mas eficazes, como lavar as mãos e ficar em casa quando estiver doente.
  • Educar sua igreja sobre o COVID-19 – seus sintomas, como ele se espalha, como afeta os idosos e as pessoas com doenças crônicas e o que eles podem fazer para se proteger contra a infecção.
  • Promover discussões dentro da igreja e fazer planos concretos para mudar, suspender ou substituir as atividades da igreja, conforme necessário. A liderança da igreja deve estar envolvida nesse processo. Agora é a hora de estabelecer uma boa base em preparação para o que a igreja poderá enfrentar a seguir.

Devido à enorme mobilidade das pessoas e à facilidade de se viajar hoje em dia, muitas comunidades começaram a ver os casos COVID-19 importados para seu meio. Assim que um caso de outra comunidade entra na sua comunidade, sua igreja fica na zona de "luz amarela". Se ninguém que entrou em contato com este caso estiver infectado, isso indica que não houve mais transmissão do COVID-19. Quando uma ou mais pessoas são infectadas, mas ninguém mais na comunidade é, isso significa que a transmissão não se espalhou para a comunidade em geral. A igreja ainda está na zona amarela. Nesse ponto, o que sua igreja deveria estar fazendo?

  • Se sua igreja ainda não estabeleceu um plano de resposta concreto, faça-o agora.
  • Comece a implementar este plano, modificando algumas atividades para reduzir o risco e informe a igreja inteira sobre isso.
  • Estabeleça um sistema para comunicar rapidamente quaisquer mudanças nas atividades da igreja a toda a congregação.
  • Seja hipervigilante e verifique regularmente com as autoridades de saúde pública local sobre casos adicionais que podem levar sua comunidade e igreja à zona de "luz vermelha".

Sua igreja se muda para a zona de “luz vermelha” assim que um morador de sua comunidade é infectado, mas não viajou recentemente para outra área com casos e não pode ser vinculado a nenhum outro caso. Isso gera alarme porque significa que a transmissão na comunidade não havia sido detectada anteriormente. Os epidemiologistas chamam isso de transmissão comunitária. Uma comunidade também está na zona vermelha quando várias gerações de transmissão comunitária são vinculadas a um caso importado. Assim que você estiver na zona vermelha, sua igreja deve fazer o seguinte:

  • Implementar várias medidas de distanciamento social e proteger os grupos vulneráveis.
  • À medida que mais transmissão comunitária ocorre, interrompa temporariamente mais e mais atividades, incluindo o culto público, e, se possível, passe a fazer a transmissão ao vivo ou o culto em pequenos grupos.
  • Preste atenção nas recomendações ou diretrizes das autoridades de saúde pública locais; você pode ser solicitado a limitar as reuniões sociais.

Como decidir sobre as atividades da sua igreja

No meu trabalho com as três igrejas em Seattle, percebi que todas elas tiveram dificuldades com opiniões diferentes sobre quais atividades suspender ou modificar ao planejar sua resposta ao COVID-19, então desenvolvi um guia para ajudá-los. Usando uma planilha, listamos as atividades da igreja, pensamos em possibilidades de uma possível transmissão do vírus durante cada atividade, classificamos os riscos, sugerimos modificações ou substitutos e depois tomamos decisões sobre cada uma (veja a figura para um exemplo).

O ponto chave é descobrir como a transmissão, direta ou indireta, pode ocorrer através de cada atividade. Lembre-se de como o COVID-19 é transmitido. Ao avaliar o risco de transmissão direta, pergunte: Qual a probabilidade das pessoas tossirem, espirrarem ou gerarem gotículas respiratórias que farão contato com as outras pessoas? Qual a probabilidade de contato direto com as mãos? Atividades como cantar, conversar de perto, apertar as mãos e abraçar oferecerão maior risco. Para diminuir o risco, considere aumentar a distância entre as pessoas, de preferência em cerca de 2 metros.

Ao avaliar o risco de transmissão indireta, pergunte: Qual a probabilidade das pessoas tocarem em superfícies que poderiam estar infectadas? Atividades que envolvem contato com superfícies, como oferecer pratos, recolhimento de ofertas, Bíblias e garrafas de café aumentam o risco. Para diminuir o risco, implemente a lavagem frequente das mãos e o uso de álcool gel.

Considere as faixas etárias envolvidas ao planejar quais atividades modificar ou suspender. O risco muito maior de doenças graves entre idosos e pessoas com doenças crônicas significa que precisamos dar atenção especial a esses grupos na proteção contra a contaminação.

Lembre-se de que a decisão sobre quais atividades da igreja modificar, suspender ou substituir depende em grande parte do nível de transmissão comunitária (ver tabela acima). Se o nível estiver baixo, você pode apenas modificar algumas atividades, mas não suspender nenhuma. Porém, à medida que o nível de transmissão comunitária aumenta, suspender atividades é o mais apropriado, porque é cada vez mais provável que uma pessoa que não sabe que está infectada entre na igreja. Por fim, siga as recomendações das autoridades de saúde.

Ao usar essa abordagem, um pastor disse: "Entendemos que o ministério infantil era de alto risco, porque as crianças estão constantemente se tocando e não podemos controlar isso. Se eles espalharem a infecção entre si, poderão levá-la para a casa de seus pais e avós. Além disso, muitos de nossos professores são idosos e não queremos que eles sejam infectados. Então, rapidamente decidimos suspender a escola dominical infantil. ”

Um líder de igreja disse: “Nosso coral conta com a participação de pessoas de todas as idades. Porém, com o canto durante os ensaios ou em pé em fila cantando durante o culto, havia um risco médio a alto de transmissão. Por isso, decidimos substituir o coral por um quarteto, principalmente porque alguns membros do coral eram idosos. ”

Um pastor executivo disse: “Eu estava recebendo ligações e e-mails de líderes de ministérios específicos perguntando o que fazer com suas atividades. Foi realmente útil listar todas as atividades e revisar o risco de transmissão de cada uma. Assim pudemos comparar o risco de uma atividade com o de outra. Isso nos ajudou a sermos consistentes ao tomar decisões sobre atividades específicas, e fomos capazes de comunicar claramente por que tomamos tais decisões. Foi muito útil para nossa equipe. ”

Ao desenvolver o plano de resposta de sua igreja, mantenha a linha de comunicação aberta com os membros da igreja. A ansiedade de alguns membros diminui quando eles sabem que sua igreja está elaborando um plano. Eles podem entender melhor a lógica por trás do processo de decisão da igreja e se sentirão mais confortáveis ​​sabendo que ela é baseada em boa ciência. Desenvolva um processo de comunicação, pois as decisões geralmente precisam ser tomadas em tempo real e depois comunicadas de forma clara e eficaz à congregação.

Sua igreja precisa ter um plano de resposta hoje

Refletindo sobre a nossa experiência em Seattle nas últimas semanas, fico impressionado com a rapidez com que esse surto decolou. O COVID-19 atingirá muitas comunidades com força e rapidez. Não há tempo a perder. Sobre a propagação do vírus, “muito ajuda quem não atrapalha” – esse é um ditado relevente nesse contexto quando pensamos que as atividades de nossas igrejas podem facilitar a transmissão do vírus. Usando as ferramentas descritas acima, baseadas em nosso entendimento atual sobre o COVID-19, nossas igrejas podem ter um plano de resposta para proteger rapidamente a nós mesmos e aos mais vulneráveis ​​entre nós. Ao implementar esse plano, nossas igrejas podem desempenhar um papel importante ao conter a maré dessa epidemia e reduzir seus danos à sociedade.

As medidas discutidas aqui são reconhecidamente dotadas de boas abordagens em práticas de saúde pública e epidemiológicas e também um auxílio para tomada de decisões, mas mostram pouca empatia e envolvimento com aqueles que têm o vírus e estão sofrendo com seus efeitos mais potentes. Espero que, tendo entendido como o vírus se espalha e causa danos, nosso plano de resposta também possa incluir maneiras de servir com compaixão os doentes, cuidar dos mais vulneráveis ​​e contribuir para nos tornarmos uma congregação mais sensível e comprometida com as necessidades do mundo.

Daniel Chin é médico formado em medicina, epidemiologia pulmonar e cuidados intensivos, com 25 anos de experiência em saúde pública global. Em 2003, ele liderou grande parte do apoio da OMS à China para conter a epidemia de SARS.

Nota do editor: para casos globais atualizados de COVID-19, siga este mapa da Universidade de Washington ou este mapa da Universidade John Hopkins. É provável que os números de casos sejam mais altos do que os reportados devido à transmissão comunitária ou a casos leves que não foram testados, mas o autor e especialista em saúde global Daniel Chin salienta que esses casos provavelmente ocorrem onde vemos o vírus já se agrupando. Portanto, as áreas sem casos ou com baixo número de casos ainda não estão na mesma categoria de risco que outras, como o estado de Washington ou Nova York. No entanto, presumindo que o número de casos aumentará à medida que a testagem continuar, os locais de menor risco devem planejar uma resposta agora.

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7 Lições das Igrejas de Singapura Para Quando o Coronavírus Chegar

Conselhos dos cristãos na “Antioquia da Ásia” sobre como sua congregação pode sobreviver—e prosperar—em meio ao surto de COVID-19.

Christianity Today March 11, 2020
Illustration by Mallory Rentsch / Source Images: Courtesy of Cornerstone Community Church / Faith Community Baptist Church / City Harvest Church / Grace Assembly of God

Lojas sem estoque de desinfetante, comida enlatada, papel higiênico e água. Briga para comprar as poucas unidades disponíveis de máscaras faciais. Desaprovação da população para com as igrejas que continuam se reunindo para o culto, com acusações de falta de “responsabilidade social”.

O vírus COVID-19 se espalhou rapidamente da Ásia para a Europa e América do Norte na última semana, trazendo consigo um nível de pânico e angústia—em todos os lugares, desde o supermercado até o mercado de ações e a igreja local—não vistos há bastante tempo. A contagem global agora é de mais de 125.000 infectados e mais de 4.600 mortos.

As igrejas de Singapura, que Billy Graham chamou de “Antioquia da Ásia”, já superaram a ansiedade que agora varre o mundo. Em 7 de fevereiro, o governo local elevou seu nível nacional de avaliação de risco de Amarelo para Laranja, indicando “interrupção moderada” na vida cotidiana—e em particular para grandes concentrações de pessoas.

O dia 7 de março marcou o aniversário de um mês de Singapura—que teve 166 casos, mas nenhuma morte—ter entrado no nível Laranja. Isso significa que, no mês passado, as igrejas locais—que representam cerca de 1 em cada 5 cingapurianos—foram forçadas a um longo período de autoexame, reflexão e ação.

O processo não foi direto, com um pastor sênior contaminado pelo coronavírus (e posteriormente liberado), denominações inteiras cancelando cultos, fechamento de jardins de infância em igrejas e discussões online acaloradas—em uma nação que impõe de forma rígida a harmonia religiosa—sobre como a situação está sendo tratada pelos líderes da igreja.

Para ajudar igrejas nos Estados Unidos, Itália, Brasil e outros países que agora enfrentam decisões com as quais as igrejas da China, Coreia e Singapura estão lidando há semanas, aqui estão sete lições que a igreja de Singapura aprendeu durante o último mês:

1) A adoração em sua igreja mudará. Se agarre firmemente ao que é sagrado—e se desapegue de todo o resto.

As congregações são frutos de hábitos.

As igrejas são construídas sobre tradições, liturgias e ordem no culto. Com o tempo, a linha entre o que é fundamental para a fé e o que é meramente resposta institucionalizada fica difícil de distinguir.

A ceia precisa ter vinho e pães sem fermento para ser considerada santa? Se você realmente não coloca as mãos em alguém, as orações de cura ainda são eficazes? Uma igreja precisa se reunir fisicamente para ser considerada uma congregação? Toda igreja, e todo membro da sua igreja, terá pontos de vista diferentes sobre essas perguntas muitas vezes não discutidas. O surto de COVID-19 apresenta um momento necessário de avaliação doutrinária.

Muitas equipes pastorais e juntas de igrejas de Singapura se reuniram várias vezes no último mês para tratar do que é inegociável aos olhos de Deus.

“A maior lição para mim foi percorrer o caminho entre medo e sabedoria”, disse o pastor Andre Tan, da The City Church. “É especialmente difícil, pois o medo geralmente tem uma maneira de se disfarçar de sabedoria. Quantas medidas de precaução devem ser consideradas, na verdade, julgamento sensato e quantas são um exagero, de tal forma que geram medo e ansiedade irracionais?

“É um caminho difícil de se trilhar, pois tivemos que transmitir segurança aos nossos membros—por meio da implementação de medidas de saúde recomendadas—e ao mesmo tempo não sucumbir ao clima cultural de medo, ansiedade e autopreservação”, disse o pastor Tan à Christianity Today. “Procuramos fazer isso em todos os nossos avisos, nos certificando de que não estamos apenas comunicando medidas, mas também transmitindo uma visão de como ser povo de Deus neste momento.”

Em termos práticos, a resposta de uma igreja variará dependendo de sua doutrina, contexto local e exposição a casos suspeitos de COVID-19. Não há uma resposta correta: todos estão buscando a resposta mais apropriada neste momento incomum. As medidas que as igrejas de Singapura adotaram para manter os cultos incluem:

  • Medir a temperatura das pessoas nos cultos e reuniões menores.
  • Exigir declarações de viagem e registrar detalhes de contato dos visitantes para facilitar o rastreamento destas pessoas, se necessário.
  • Suspender reuniões de grupos mais vulneráveis, como idosos e crianças.
  • Suspender a celebração da Ceia ou mudar para alternativas como pão e vinho pré-embalados.
  • Não usar hinários para limitar pontos físicos de contaminação e usar telas de projeção.

Alguns optaram por suspender completamente seus encontros. A arquidiocese católica romana de Singapura deu um passo sem precedentes ao suspender a missa em suas 32 paróquias a partir de 15 de fevereiro, aconselhando os fiéis a continuarem a cumprir suas obrigações espirituais, acessando sermões on-line, passando tempo em oração e lendo a Palavra em casa. (A igreja católica, que representa cerca de 7% dos 5,8 milhões de pessoas de Singapura, anunciou que a missa será retomada em 14 de março).

2) Seja um líder forte. Seus membros irão precisar de orientação.

“Em momentos de crise, as pessoas procuram uma liderança”, disse Ian Toh, pastor da Igreja 3:16. “A primeira responsabilidade do líder é manter a calma. O pânico causa uma visão limitada, o que é terrível para a tomada de decisões. Uma liderança forte lembra às pessoas que Deus está no controle de todas as situações e que nunca há motivo para entrar em pânico.”

“A maior lição que aprendi sobre o COVID-19 é a necessidade de ser humilde enquanto líder de igreja”, disse Toh. “Há tanta coisa que eu não sei e preciso aprender. E isso aumenta meu desejo e minha necessidade de buscar a face do Senhor diariamente.”

À medida que o vírus continua a se espalhar globalmente, líderes religiosos em todo o mundo devem estar cientes de que seus rebanhos estão observando atentamente seus pastores. Sinais de fidelidade terão implicações muito tempo após o término da epidemia do COVID-19.

“Uma vez, um líder sênior me disse: ‘A atitude de um líder é uma afirmação teológica’”, disse Rick Toh [sem parentesco], pastor da Capela Yio Chu Kang. “Como líderes, precisamos ter uma postura teológica em todas as coisas. Precisamos colocar nossos medos diante de Deus e deixar que nossas atitudes sejam inspiradas pela fé e guiadas por uma teologia sólida. Não devemos permitir que doenças ou decretos terrestres norteiem nossas decisões, mas sim a doutrina.”

3) Não há melhor momento para incrementar o movimento tecnológico da sua igreja.

Mesmo com o governo de Singapura afirmando que uma mudança para o nível de avaliação de risco Vermelho é “improvável”, as igrejas locais fizeram melhorias em seus recursos de gravação de vídeo e transmissão ao vivo, se preparando do pior cenário de um bloqueio total.

Percebendo a necessidade, vários grupos criaram sites e seminários on-line com tutoriais gratuitos para as igrejas sobre como realizar uma transmissão ao vivo.

Por exemplo, a Sociedade Bíblica de Singapura firmou parceria com a ThunderQuote, uma startup relacionada a compras fundada por cristãos, para lançar o Streams of Life, um centro de recursos que lista várias opções de transmissão ao vivo classificadas por nível de dificuldade.

“É um momento muito oportuno para a ecclesia exercer sabedoria prática e explorar métodos criativos de ministério”, afirma a equipe do Streams of Life em seu site.

Do mesmo modo, o Singapore Bible College conduziu um workshop intitulado “Introdução à transmissão de mensagens instantâneas e transmissão de vídeo ao vivo”, enquanto o ministério Indigitous, que trabalha com meios digitais, fez uma parceria com especialistas em TI das igrejas para administrar um webinar chamado “Então você deseja transmitir seu culto ao vivo” através da plataforma de videoconferência Zoom.

As equipes de adoração e audiovisual das igrejas também estão enfrentando o desafio do licenciamento musical que a transmissão ao vivo apresenta. Muitos ministérios de louvor locais concederam permissão para as igrejas tocarem suas músicas em transmissões ao vivo, sem medo de problemas com direitos autorais ou licenciamento.

A Awaken Generation, fundada por Calvin e Alarice Hong, estava “profundamente ciente” de como as igrejas pequenas poderiam ter dificuldade em comprar licenças de transmissão ao vivo para seus cultos. “Dado o pano de fundo das coisas, simplesmente sentimos que não era hora de exercer nossos direitos legais na cobrança das taxas de comunicação ao vivo”, disse o grupo de louvor à Christianity Today. “Portanto, foi uma honra oferecer essas músicas para uso gratuito.

“As canções foram escritas pelo povo e para o povo de nossa nação, e foi nosso privilégio vê-las sendo usadas ​​como uma oferta, enquanto a nação se unia para interceder e quebrar as barreiras do medo.”

Os 7.500 membros da Associação de Estudos Bíblicos em Singapura mantiveram suas palestras e discussões semanais via Zoom.

A Igreja Batista da Comunidade da Fé (FCBC) decidiu suspender suas reuniões semanais desde meados de fevereiro como um ato de responsabilidade social. “Foi uma decisão muito difícil de tomar”, disse o pastor Daniel Khong. “Estávamos constantemente fazendo uma auto-avaliação para ter certeza de que não estávamos respondendo por medo e ponderando todas as várias considerações. Mas o prédio principal da igreja fica está localizado no meio de um bairro com uma população de cerca de 46.000 pessoas. Numa área tão densa isso pode se tornar um grande aglomerado para a propagação do vírus.”

Um resultado surpreendente: A mudança para a transmissão ao vivo parece ter fortalecido a comunidade da igreja, Khong disse a Christianity Today. “Muitos de nossos grupos de células têm se reunido em casas para assistir ao nosso culto ao vivo. Propositalmente, encerramos nossos cultos transmitidos ao vivo mais cedo, para que nossos grupos de células possam sair e orar pelo bairro. Muitos disseram que agora sentem um senso de responsabilidade pelo bem-estar espiritual de sua comunidade, e alguns até tiveram a oportunidade de compartilhar o evangelho com as pessoas que conheceram.”

Os membros da FCBC estão agora repensando sua compreensão de igreja, disse Khong. “A igreja hoje deve ser um povo de propósito que esteja disposto a ir além das restrições de ‘lugar’ ou de ‘programa’”.

4) Não há melhor momento para incrementar o entendimento de oração de sua igreja.

Ao meio-dia todos os dias desde o Dia dos Namorados (14 de fevereiro), os sinos históricos tocam na Catedral de St. Andrew, no coração do distrito cívico de Singapura, ao mesmo tempo que os alarmes telefônicos disparam pela ilha. É um sinal para os crentes que é hora de parar o que estão fazendo para um momento de união através da oração diante da ameaça do COVID-19.

“Em momentos assim, unidade é primordial”, disse LoveSingapore, um movimento local de unidade de oração e igreja, ao anunciar sua iniciativa PraySingapore @12. “Acreditamos no poder de concordarmos em oração. Em um tempo como este, precisamos que todos os crentes se levantem e busquem a Deus juntos por Singapura. Um ato profético, assim como o toque dos sinos da igreja, convocando os fiéis para a ação quando sua vila ou cidade é ameaçada.”

Em um movimento semelhante, as Assembleias de Deus de Singapura convocaram seus membros para estarem unidos em oração em suas igrejas às 19hs diariamente, em uma iniciativa denominada COVID–19:00.

“É crucial que, em tempos de crise, a igreja estabeleça um padrão”, disse Dominic Yeo, superintendente geral das Assembleias de Deus de Singapura e secretário da Irmandade Mundial das Assembleias de Deus. “Como sal e luz, a igreja precisa permanecer firme no Senhor para que outros possam ver a esperança que professamos.”

5) Espere reação negativa—de fora e de dentro da igreja.

Comentários inflamados sobre raça e religião são proibidos em Singapura sob a Lei de Sedição e a Lei de Manutenção da Harmonia Religiosa, que foi recentemente revisada. No entanto, desde que dois grupos propagadores de coronavírus se formaram em duas igrejas, e associações negativas se espalharem pela seita Shincheonji, responsável por grande parte do surto na Coreia do Sul, a igreja em geral tem passado por escrutínio enquanto os cristãos continuam a se reunir em reuniões relativamente grandes.

A crítica é lamentável, mas inevitável; não-cristãos não podem compreender os princípios e ensinamentos de nossa fé.

Mais dolorosas, porém, são as críticas recebidas de irmãos em Cristo com todas as decisões que seus líderes precisam tomar. Decida suspender os encontros e seja acusado de ter falta de fé. Decida continuar a se reunir e seja taxado de “socialmente irresponsável”.

Se você estiver pastoreando uma igreja em uma área onde ocorrer um caso de COVID-19, prepare-se para uma pressão sem precedente em todos os níveis: da diretoria, de sua equipe e dos que estão nos bancos. Eles responderão com base em suas próprias convicções de fé e opiniões de saúde pública. Esteja preparado para se aprofundar mais do que nunca na oração. Esteja pronto para a realidade de que suas decisões não agradarão a todos.

E esteja preparado para perder membros, independente de qualquer coisa. As igrejas em Singapura relataram um declínio na participação dos cultos entre 20 e 30%, com números ainda maiores optando por sair de reuniões de idosos e atividades infantis. Um consolo da experiência da igreja em Singapura é que você provavelmente terá a grata surpresa de ver muitos de seus membros se esforçando para se voluntariar e servir durante os cultos ou para abençoar a comunidade local.

A crise mostra o verdadeiro caráter de um cristão. A ansiedade em torno do COVID-19 permitirá que você realmente possa discernir o estado espiritual de seu rebanho, disse o pastor Benny Ho da Faith Community Church em Perth, Austrália, e um membro permanente do comitê do LoveSingapore.

“Se respondermos a essa crise da forma correta pode ser um momento decisivo para o discipulado da nossa nação”, disse Ho. “Diante de perigos iminentes, nossas prioridades são reorganizadas. Esta é uma ótima oportunidade para ter conversas profundas sobre o que estamos vivendo. Estamos apenas existindo ou estamos realmente vivendo? Estamos vivendo para as coisas certas? Estamos marchando ao som do ritmo certo? Somos governados por valores bíblicos ou mundanos? Estamos vivendo para o que realmente importa?”

6) Ame seu próximo. Boas ações terão grande alcance com um público amedrontado.

Embora grande parte da resposta do mundo secular ao vírus tenha sido voltada para ações interiores, motivadas pelo medo, os pastores de Singapura concordam que a situação do COVID-19 apresenta uma chance dada por Deus de brilhar em meio à escuridão do momento. No entanto, para que isso aconteça, a igreja deve olhar além de suas próprias preocupações e se despertar para a oportunidade do momento.

“Tendo implementado as medidas necessárias na igreja, percebemos que essa crise apresentava uma oportunidade de alcançar e ajudar a comunidade”, disse Lim Lip Yong, pastor executivo da Cornerstone Community Church.

Após um período inicial de adaptação à nova normalidade, as igrejas começaram a observar como suas comunidades locais foram afetadas. As necessidades são práticas—como educação em higiene pública para idosos—e emocionais, com o pânico e a incerteza predominantes nas semanas após os primeiros casos confirmados surgirem localmente.

“Uma das principais coisas que queríamos influenciar era a atmosfera presente na comunidade”, disse Lim à Christianity Today. “No início do surto, as pessoas agiram com medo. Em Singapura, muitos saíram às compras em pânico. Alguns profissionais de saúde foram expulsos do transporte público por medo de terem tido contato com pacientes infectados. Comentários altamente discriminatórios foram dirigidos a cidadãos chineses.

“Nunca poderemos evitar completamente esses elementos negativos na sociedade”, disse ele, “mas o que podemos fazer é garantir que haja mais vibrações positivas sendo geradas do que negativas. Por isso, enviamos nosso pessoal para cuidar—para ser gentil e fazer o possível para ajudar.”

Entre outras ações, sua equipe e membros da igreja procuraram trabalhadores migrantes—muitos dos quais não conseguiram ganhar a vida depois que os projetos foram cancelados devido ao medo do vírus—e motoristas de táxi, cuja atividade foi altamente impactada por pessoas que optaram por ficar em casa durante esse período.

Da mesma forma, os cristãos de Singapura iniciaram muitos atos de amor e bondade, incluindo:

  • Uma canção de esperança escrita por uma criança de 12 anos.
  • Ação de abençoar os trabalhadores da limpeza urbana.
  • Dar aos trabalhadores migrantes máscaras e vitaminas gratuitas.
  • Escrever milhares de bilhetes à mão para incentivar os profissionais de saúde.
  • Organizar uma campanha de doação de sangue para ajudar os bancos de sangue locais com pouco suprimento, à medida que as pessoas evitam hospitais.

Os vírus se espalharam rapidamente, reconheceu Lim. “Mas a gentileza também é contagiosa.”

Quem são os mais atingidos na sua região? Aqueles diretamente afetados pelo vírus? Aqueles cujos empregos foram interrompidos por medo do vírus? Aqueles emocionalmente cansados ​​e portanto impossibilitados de dar uma resposta? Muitas dessas portas estariam fechadas para a igreja, mas os cristãos em Singapura descobriram novas possibilidades de envolvimento através de atos de amor durante esta epidemia de coronavírus.

7) Em meio a todas as más notícias nas manchetes, as Boas Novas de Jesus Cristo são mais relevantes do que nunca.

“O mundo tem uma infecção por um vírus muito maior do que todos os vírus que já conhecemos ao longo de nossa história. Esse vírus é o pecado”, disse Edmund Chan, líder-mentor da Igreja Evangélica Livre da Aliança.

“E contra este vírus, não há absolutamente nenhuma esperança. Não há imunidade e nenhum sobrevivente. Ele infecta 100% de toda a raça humana. Ninguém é poupado disso.

“O mundo precisa de um Salvador. O mundo precisa de salvação.”

As manchetes que nos informam diariamente sobre o aumento das mortes locais e globais são lembretes diários de nossa mortalidade, forçando todos a olhar além das rotinas da vida e a considerar o que está além. Memento mori; todos nós um dia morreremos, seja pelo COVID-19 ou de alguma outra forma.

É urgente que nossas igrejas sejam capazes de olhar além das dificuldades atuais e procurar oportunidades de compartilhar a esperança que temos em Jesus.

“Precisamos de conversas sobre questões mais profundas”, disse Ben K. C. Lee, pastor da Igreja RiverLife. “O significado da vida e do nosso tempo nesta terra seria encontrado em prolongar e preservar a vida pelo maior tempo possível? Será encontrado em nos ocuparmos com coisas temporais: riqueza e conforto materiais? Ou será em cumprir o desejo de Jesus de ver todos os cômodos da casa de nosso Pai que Ele preparou serem ocupados?”

Tudo começa com uma expressão pública e visível da vitória e esperança que temos em Jesus. Há uma oportunidade sem precedentes de compartilhar a razão de nossa postura de fé em tempos de medo, disse Chua Chung Kai, pastor da Igreja Evangélica Livre da Aliança. “Não vivemos como os que não têm esperança—é disso que se trata o evangelho! Mas temos amigos, vizinhos e familiares que não conhecem essa esperança. Eles podem se abrir para compartilhar seus medos e preocupações durante essa crise”, disse Chua ao CT. “Como escreveu o profeta do Antigo Testamento, Daniel [em Dan. 12:3], ‘Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente.”

O pânico é tangível. Mas o amor da igreja também pode ser, disse Chua. “Estes são momentos do evangelho. Nós podemos espalhar o amor, não o medo, nem o vírus. Não vamos desperdiçar essa epidemia.”

Edric Sng é fundador e editor dos sites cristãos Sal & Luz e Thir.st, e é pastor da Igreja Bethesda (Bedok-Tampines) em Singapura.

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Ideas

Estamos Sendo Fiéis ao Fugir de uma Epidemia? O que Martinho Lutero nos Ensina Sobre o Coronavírus

Uma reflexão pastoral sobre epidemias, escrita pelo reformador alemão, pode orientar estudantes de medicina como eu e cristãos na China — e em todos os lugares por onde o vírus tem se espalhado.

Christianity Today March 4, 2020
Mallory Rentsch / Source Image: Betsy Joles / Stringer / Getty Images

Do seu epicentro em Wuhan, na China, o atual surto de coronavírus está fomentando o medo e impactando viagens e negócios mundo afora. Somente na China 3,000 pessoas já morreram e mais de 95.000 foram infectadas em cerca de 75 países — número maior que a epidemia de SARS em 2003.

Os moradores de Wuhan, uma importante cidade tão populosa quanto Chicago, nos EUA, estão sob bloqueio do governo e atividades públicas foram suspensas, inclusive as celebrações do Ano Novo Chinês (que começou em 25 de janeiro). Cristãos chineses, em Wuhan e na China em geral, têm enfrentado decisões difíceis, como se devem voltar para casa para visitar a família (semelhante a milhões de chineses durante o feriado do Ano Novo Lunar), deixar a área continental, ou até mesmo se devem se reunir para os cultos de domingo.

Mas os seguidores de Jesus estão certos em fugir de uma epidemia enquanto pessoas estão sofrendo ou morrendo?

Cristãos alemães no século XVI fizeram essa mesma pergunta ao teólogo Martinho Lutero.

Em 1527, menos de 200 anos após a Peste Negra ter dizimado metade da população da Europa, a praga ressurgiu na própria cidade de Lutero, Wittenburg, e em cidade vizinhas. Em sua carta “Se Alguém Deve Fugir de uma Praga Mortal”, o famoso reformador reflete sobre as responsabilidades do cidadão comum durante um contágio. Seus conselhos servem como um guia prático para cristãos enfrentando o problema de surtos contagiosos em nossos dias.

Em primeiro lugar, Lutero argumenta que qualquer pessoa que tenha uma relação de serviço com o próximo tem a responsabilidade vocacional de não fugir. Os que estão no ministério, escreveu ele, “devem permanecer firmes diante do perigo da morte”. Os doentes e moribundos precisam de um bom pastor que os fortaleça, conforte e administre os sacramentos — para que não lhes seja negada a Eucaristia antes de sua morte. Oficiais públicos, incluindo prefeitos e juízes, devem permanecer e manter a ordem pública. Os funcionários públicos, incluindo médicos e policiais, devem continuar seus deveres profissionais. Até os pais e responsáveis têm deveres vocacionais em relação aos filhos.

Lutero não limitou o cuidado dos doentes aos profissionais de saúde. Numa época em que Wuhan enfrenta uma escassez de leitos e pessoal hospitalar, seu conselho é especialmente relevante. A cidade, uma das maiores da China, com uma população de cerca de 11 milhões, está em processo de construção rápida de dois novos hospitais para acomodar uma crescente multidão de pacientes com coronavírus. Os cidadãos leigos, sem qualquer treinamento médico, podem encontrar-se em condições de prestar assistência aos doentes. Lutero desafia os cristãos a ver oportunidades de cuidar dos doentes como se estivessem cuidando do próprio Cristo (Mt 25: 41–46). Do amor a Deus emerge a prática de amar ao próximo.

Mas Lutero não incentiva seus leitores a se exporem de forma imprudente ao perigo. Sua carta aborda constantemente dois temas concorrentes: honrar a santidade da própria vida e honrar a santidade dos necessitados. Lutero deixa claro que Deus dá aos seres humanos uma tendência à autoproteção e confia que eles cuidarão de seus corpos (Ef 5:29; 1 Cor. 12: 21–26). “Todos nós”, diz ele, “temos a responsabilidade de afastar esse veneno da melhor maneira possível, porque Deus nos ordenou que cuidássemos do corpo”. Ele defende medidas de saúde pública, como quarentenas, e a procura a atendimento médico quando disponível. De fato, Lutero propõe que não fazer isso é agir de forma imprudente. Assim como nossos corpos são dádivas de Deus, também são os remédios disponíveis no mundo.

E se um cristão ainda assim deseja fugir? Lutero afirma que essa pode ser, realmente, a resposta fiel do crente, desde que seu próximo não esteja em perigo imediato e que haja outros que “cuidem e acolham os doentes em seu lugar”. Notadamente, Lutero também lembra aos leitores que a salvação é independente dessas boas obras. Em última análise, ele ordena que “cristãos devotos … cheguem à sua própria decisão e conclusão”, quer fujam ou permaneçam durante epidemias, confiando que eles chegarão a uma decisão fiel através da oração e meditação nas Escrituras. Participar na obra de cuidar do doente surge da graça, não da obrigação.

No entanto, o próprio Lutero não teve medo. Apesar das admoestações de seus colegas da universidade, ele permaneceu para ministrar aos doentes e moribundos. Ele urge seus leitores a não terem medo de “uma pequena fervura” no serviço ao próximo.

Apesar dos filhos de Deus enfrentarem sofrimentos aqui na terra, todos os que professam a fé em Cristo compartilham a promessa celestial de um dia serem livres da doença e do sofrimento. Numa carta aberta em que pede a oração de cristãos de todo o mundo, um pastor anônimo de Wuhan afirma que “a paz de Cristo não consiste em nos tirar do desastre e da morte, mas em ter paz diante do desastre e da morte, pois Cristo já venceu essas coisas.” Tanto Lutero quanto o pastor anônimo de Wuhan expressam a realidade do sofrimento, mas reconhecem que a palavra final não pertence à morte ou ao sofrimento.

Essa semana meus avós na China me enviaram uma mensagem dizendo que estão bem, mas que estão “vivendo como ratos” em seu apartamento, saindo apenas quando necessário. Coincidentemente, 2020 é o Ano do Rato no zodíaco chinês — justamente o animal portador de pulgas que causaram diversas pestilências por toda a Europa no século XIV. Meus avós vivem na província de Sichuan, a oeste de Wuhan, onde mais de 100 casos de coronavirus já foram confirmados. É impossível não pensar neles nesse momento, assim como meus outros familiares que atualmente moram na China. Na esperança de enviá-los máscaras que estão esgotadas em muitas lojas na Ásia, meus pais e eu descobrimos essa semana que até mesmo nos Estados Unidos as lojas já não têm mais máscaras.

Nessa atmosfera de medo em volta do surto, me volto à carta de Lutero para me orientar. Como estudante de medicina e futura médica, tenho um compromisso vocacional de cuidar dos doentes — sejam eles acometidos pelo coronavirus, tuberculose ou influenza. Sim, tomarei precauções. Mas Lutero me lembra que, independente de qualquer coisa, são pessoas que merecem cuidado.

“Quando te vimos doente?” perguntam os justos na parábola das ovelhas e dos cabritos, e Jesus responde, “Sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt. 25: 39,40). Se e quando o coronavirus invadir nossas comunidades, como responderemos fielmente?

Emmy Yang é pesquisadora em Teologia, Medicina e Cultura na Duke Divinity School e estudante de medicina na Icahn School of Medicine no complexo hospitalar Mount Sinai.

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Books

Colegas na Seleção Brasileira, Firmino é Batizado por Alisson

Roberto Firmino, campeão mundial de clubes pelo Liverpool FC, diz que agora seu maior título é o amor de Cristo.

Christianity Today January 17, 2020
Richard Heathcote / Getty Images

Milhões de torcedores cristãos estão comemorando a maior jogada fora de campo do famoso jogador brasileiro de futebol Roberto Firmino: ele entregou sua vida a Cristo.

Menos de um mês depois de marcar o gol da vitória sobre o Flamengo na Copa do Mundo de Clubes da FIFA, o atacante Firmino do Liverpool Football Club, time da Premier League da Inglaterra, confessou sua fé publicamente e foi batizado em uma piscina por seu colega de time, o goleiro Alisson Becker, e pelo músico cristão brasileiro Isaias Saad. Firmino, de 28 anos, compartilhou um vídeo do batismo em seu Instagram na quinta-feira, tendo mais de 3.2 milhões de visualizações em um único dia.

“Te dei meus fracassos e as vitórias te darei também. Meu maior título é o teu amor Jesus!”, escreveu Firmino.

Becker, que também é brasileiro, foi considerado o melhor goleiro da FIFA em 2019. Sua fé cristã é bem conhecida. Ele atribui seu sucesso como goleiro ao trabalho duro e à fé. “Você precisa se concentrar muito no futebol” — disse ele — “e acho que a fé também é importante. Se você acredita em Deus, sabe que precisa fazer o seu melhor em campo e colocar amor em tudo o que faz na vida”. Quando teve a chance de jogar pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo, ele postou no Twitter: “Realização de um sonho!!!” “Glória a Deus!”.

Becker foi encorajado a falar sobre sua fé pelo técnico do Liverpool, Jürgen Klopp, um ex-jogador alemão, que teve uma forte experiência espiritual após a morte de seu pai em 1988, e a partir de então decidiu colocar em Deus sua confiança. Frequentemente, ele fala sobre sua fé em entrevistas.

“Ser crente, mas não querer falar sobre isso — não sei como isso funcionaria!”, explicou. “Se alguém me perguntar sobre minha fé, eu falo. Não porque eu me declaro como um missionário, mas, quando olho para mim e para a minha vida — e dedico tempo para isso todos os dias —, sinto que estou em boas mãos”.

Klopp e Becker conversaram sobre a fé que compartilham logo em seu primeiro encontro. Quando o Liverpool ganhou o título da Liga dos Campeões em 2019, Becker comemorou vestindo uma camiseta branca com uma mensagem desenhada à mão: uma cruz, um sinal de igual e um coração — “cruz = amor”. O logotipo está associado à Igreja Hillsong de Liverpool.

Firmino, Becker e Saad vestiram versões oficiais da camiseta “cruz = amor”, da Hillsong, para o batismo, assim como os 40 (ou mais) amigos e familiares que se reuniram para assistir.

O vídeo conta com uma versão em português da música de adoração de Lauren Daigle, “You Say”, que diz “Meus altos e baixos nunca vão medir o meu valor / A Tua voz me lembra e me diz quem realmente sou”. Após o batismo, Firmino aparece abraçando sua esposa, Larissa Pereira, enquanto Becker enxugava as lágrimas dos olhos.

“Se alguém está em Cristo” — escreveu Firmino, citando 2 Coríntios 5:17 — “é nova criatura”.

Larissa compartilhou fotos em seu Instagram com a legenda: “Espera no Senhor e confia / Espera, Ele vem, confia, Ele vem / E faz um milagre”. E disse mais: “Eu e minha família serviremos ao Senhor”.

Firmino é o mais recente jogador brasileiro em um time britânico a fazer uma profissão pública de fé. Willian, meio-campo do Chelsea e da Seleção Brasileira, foi batizado no rio Jordão em junho. Philippe Coutinho, ex-jogador do Liverpool, do Barcelona e atualmente no Bayern de Munique, foi batizado em uma pequena banheira de sua em outubro passado.

O Brasil tem experimentado um aumento crescente e exponencial nas conversões desde os anos de 1970. Segundo pesquisa recentemente divulgada pelo Instituto Datafolha, cerca de 31% da população agora se intitula como evangélica.

Editado por Marcos Simas

Books

Imigrantes de Natal: Um Conto por Max Lucado

Em pleno Natal, uma família refugiada foge do perigo.

Christianity Today December 23, 2019
Illustration by Rick Szuecs / Source Images: Getty / Unsplash

Apenas a luz da lua os iluminava. O único som que se ouvia era das respirações ofegantes. José andava na frente. A trilha era estreita. Ele não queria que sua esposa tropeçasse. Ela carregava o bebê. Ele se ofereceria para ajudá-la, mas ela recusaria.

“Ele está dormindo”, ela explicou.

“Deixe-o dormir”, concordou.

Então, eles se apressaram; José os guiando, todos os seus bens amontoados na mochila que ele havia comprado de um vendedor ambulante em Caracas. Isso foi há semanas atrás. Quantos ônibus e caronas desde então? Quantos quilômetros? Quantas noites frias?

Ele olhou por cima do ombro. Os olhos dela encontraram os dele. Será que ele viu um sorriso em seu rosto? Essa mulher é realmente diferente, ele disse para si mesmo. Sua atenção está novamente na trilha. Arbustos de ambos os lados arranhavam seus jeans.

Atrás deles havia um vilarejo. Dentro do vilarejo havia um celeiro. No chão daquele celeiro, a palha amontoada e a cocheira abandonada que servira de berço para o bebê.

A criança choramingou. José parou.

“Ele está bem”, Maria assegurou José, antes que ele pudesse perguntar.

Eles continuaram.

A trilha terminava em um rio que há muito havia secado; seu curso havia sido desviado para um pequeno açude, em um rancho. O leito seco e amplo do rio lhes permitia caminhar lado a lado. Sem maiores dificuldades, eles se moviam ainda mais rápido. Ele desata a mochila. Ela segura a criança. Estavam perto de uma estrada asfaltada, segundo lhes haviam falado.

Depois de alguns passos, eles ouviram os tiros.

José tinha sido advertido do perigo. Naquela manhã, quando os homens esquentavam as mãos sobre o fogo no tambor de 18 litros, ele os ouviu falar sobre os militares fiéis ao regime. Pegue o bebê e vá embora, eles o pediram. Esses homens são violentos.

Ele correu de volta para o celeiro para avisar Maria, mas ela estava dormindo. Ele decidiu deixá-la descansar. Quando ela acordou ao meio-dia, seu rosto estava pálido. Amamentou a criança e cochilou novamente. José manteve o olhar em direção à porta. O velho fazendeiro sabia que eles estavam usando seu celeiro como abrigo. Ele trouxe café, feijão e um cobertor para a criança.

“Você conhece os chavistas?” Ele perguntou a José.

Maria ouviu aquilo, e se sentou rapidamente.

"Vocês devem partir", disse o fazendeiro.

Mas José queria esperar.

“Apenas mais um dia ou dois. Até você se sentir mais forte”, ele disse a Maria, sabendo que, na verdade, sua força era enorme. Nada a perturbou. A jornada repentina. O nascimento no curral. Neste casal, ela era a mais forte.

Ela fez um gesto com a cabeça, concordando, e se deitou sobre um estrado de madeira. O sol estava se pondo e o frio passava pelas paredes. Ele acendeu uma fogueira no chão, sentou-se ao lado dela e puxou os joelhos contra o peito. Ele olha para Maria e toca sua bochecha. Ela não se mexeu. Seus longos cabelos caíam em seu rosto como seda. Tão jovem. Confiando de que tudo daria certo.

Ele se esticou e fechou os olhos. Resistiu ao sono, mas depois cedeu. Um mensageiro veio a ele em um sonho. Ele era alto e cheio de luz. O mesmo mensageiro que falara com ele nove meses antes, quando a primavera estava no ar e um casamento em seus planos. Mas então veio a misteriosa gravidez de Maria. Se não fosse por este visitante da meia-noite, talvez José a tivesse deixado.

Esta noite, o mensageiro voltou. O garoto está em perigo. Sangue será derramado. Está na hora de partir.

José se sentou assustado. Ele sabia que não tinha escolha.

Ele sacudiu Maria até acordá-la. “Pegue suas coisas”.

Sem dizer uma palavra, ela se levantou. Pegou suas poucas posses e as guardou na mochila. José levantou a tampa de uma caixa de ferramentas velha e tirou os presentes. Presentes trazidos por estranhos. Eles vieram de longe para ver o seu filho. Agora, José iria viajar a distância que fosse necessária para protegê-lo. A bondade desses estranhos financiaria a jornada.

Ele colocou os presentes na mochila e olhou através do celeiro. Maria estava debruçada sobre o bebê. Shhh, ela o segurou em seus braços e o levantou. Em instantes, os três saíram pela porta e correram pela rua estreita. Em questão de minutos, eles estavam no leito do rio, ouvindo o estalo de tiros. Uma mulher gritou. Um bebê chorou. Maria puxou José pela manga da camisa. “Nós precisamos sair daqui!”, ela disse.

Sim, ela estava certa. O tempo foi curto. A segurança estava distante apenas alguns quilômetros. Se eles apenas pudessem chegar até lá. Eles se apressaram. O leito do rio acabava ali e encontrava uma estrada de pista única. Eles viram os faróis se aproximando. José acenou. Uma caminhonete parou. José apontou para a carroceria. O motorista concordou. A jovem família subiu pela traseira da caminhonete e se apertou.

A certa altura, o bebê chorou. Maria deu-lhe leite. José olhou para o céu venezuelano. Estrelas brilhavam como diamantes. Por um momento, ele não estava correndo, ele estava descansando. Uma hacienda em sua terra natal, talvez? Uma casa própria, pelo menos?

Maria cochilou. Sua cabeça, protegida por um gorro, estava imóvel no ombro dele. O caminhão passa por um buraco no asfalto e ela acorda repentinamente. Eles andaram sem trocar palavras por uma hora. O céu negro deu lugar ao cinza, depois ao ouro. Ao raiar a primeira luz do dia, o caminhão parou ao lado da estrada.

“Não posso levar vocês além deste ponto. O que vocês procuram está atrás da próxima colina”.

José deu ao homem um gracias e algum dinheiro. Em seguida, ajudou sua família a descer da caminhonete. O rosto de Maria estava coberto pela poeira da estrada. Os olhos do filho estavam abertos, olhando para o céu e depois para a mãe. Os três partiram para a etapa final de sua fuga. Passo a passo, já cansados, chegaram no alto da colina. Ao alcançar o topo, pararam e olharam. O rio abaixo estava cheio de tendas, fogueiras e pessoas.

José toma o recém-nascido em seus braços. “Vou carregá-lo pelo resto da viagem”.

Maria olhou para os refugiados. “Estaremos seguros, José?”

Ele olhou para ela por alguns momentos antes de responder. O sol nascente coloriu seu rosto de laranja.

Si Dios quiere, mi amor.”

“Sim”, ela concordou, “se Deus quiser”.

A família se virou e começou a caminhada até a fronteira.

***

Depois que partiram, um anjo do Senhor apareceu a José em sonho e lhe disse: “Levante-se, tome o menino e sua mãe, e fuja…” (Mateus 2:13)

Segundo a agência de refugiados da ONU, 70,8 milhões de pessoas são desalojadas à força em todo o mundo, incluindo 25,9 milhões de refugiados. Em apenas quatro anos, 4,6 milhões de pessoas fugiram da crise política, econômica e social que tem provocado escassez de alimentos e medicamentos na Venezuela. Ainda em 2019, o número de refugiados e migrantes venezuelanos no mundo poderá chegar a cinco milhões de pessoas, superando o de sírios. Durante este período do ano, quando os cristãos celebram a mais famosa das famílias de refugiados, vamos todos oferecer nossas orações e nossa assistência.

Max Lucado é um autor best-seller e pastor em San Antonio, Texas. Este conto também está disponivel em seu blog.

Editado por Marcos Simas

Ideas

O Evangelismo Deveria Ser a Prioridade do Cristão em Seu Local de Trabalho?

CT Staff

Especialistas discutem o tema no Fórum Mundial do Trabalho do Movimento Lausanne.

Christianity Today June 25, 2019
Hero Images / Getty Images

Esta semana, o Movimento de Lausanne reuniu 700 líderes cristãos de 109 países em Manila para o seu Fórum Mundial do Trabalho. Um tópico dentre os muitos em discussão é se o evangelismo deve estar entre as prioridades dos cristãos em seus locais de trabalho.

O ministério do trabalho é principalmente sobre evangelismo? Respostas organizadas do “sim” para “não”:

Gea Gort, missiologista e autora do BAM Global Movement (Países Baixos):

Sim! Porque cada cristão tem uma missão, já que herdamos o "DNA" de nosso Senhor, Jesus Cristo. A missão de reconciliar o mundo – em Cristo e através dEle – de volta à intenção original de Deus. Essa é a boa nova, isso é evangelização. Reconciliar e restaurar os indivíduos assim como bairros, sistemas, e formas de pensar. Atingiremos esse objetivo pelo trabalho e através dele, mas somente se buscarmos intencionalmente e sinceramente a revelação de Deus com relação a todos os aspectos de nosso trabalho. Muitas vezes eu testemunhei isso em minha área de pesquisa: negócios como missão. Nossa mensagem, que através de palavras ou não, se torna poderosa e convincente, quando é corroborada por nossas atitudes, cultura de empreendedorismo e ações no trabalho. Assim nossas vidas todas contam a história. Precisamos nos lembrar que não estamos sós em nossos esforços evangelísticos. Deus deseja mover e se fazer conhecido durante a semana no local de trabalho e em nossos escritórios, já que tudo pertence a Ele.

Joseph Vijayam, CEO da Olive Tecnology e Catalisador de Lausanne de Tecnologia (EUA/Índia):

Ministério no trabalho é sobre compartilhar o evangelho através das palavras e ações, isso é evangelização, mas é também viver uma vida que testemunha os frutos do evangelho. Em outras palavras, é o evangelismo intencional, que é o 'fazer' assim como não-intencional de viver, que é o 'ser'. Tanto o ser como o fazer apontarão a Cristo e seu evangelho. Nesse sentido, sim, é sobre a evangelização, mas nem sempre intencional e certamente não é limitado à definição restrita de falar de forma persuasiva sobre a salvação. O ministro no local de trabalho é um embaixador do evangelho em tempo integral, em com base nessa definição, está engajado/a primeiramente, apesar de não ser exclusivamente, na evangelização.

Francis Tsui, presidente de uma empresa de investimentos (Hong Kong):

Jesus nos ensinou como orar: "Venha teu reino, seja feita a sua vontade, assim na terra como nos céus." Todos os crentes deveriam ouvir esse chamado aonde quer que estejam. No local de trabalho, crentes deveriam viver a presença de Jesus encarnado como seu propósito e seu chamado. Jesus leu do livro de Isaías um chamado para trazer as boas novas aos pobres, cativos, cegos e oprimidos (Lucas 4:18-19). De forma semelhante nós deveríamos estar proclamando as boas novas a estas pessoas em nosso local de trabalho. O propósito da proclamação das boas novas é trazer a presença de Jesus a toda as circunstâncias nas quais as pessoas se encontram, para que as pessoas possam conhecer a Jesus onde elas estiverem e experimentarem sua compaixão, amor e relevância de Jesus em seus contextos. Quando fazemos isso, o "evangelismo" acontecerá. A evangelização não é somente recitar o Evangelho, chamando as pessoas à conversão ou trazer transformação espiritual. Em nosso local de trabalho, nós crentes deveríamos ajudar as pessoas a conhecerem Jesus, para que Jesus possa falar sobre suas vidas e verão que o relacionamento reconciliado com a benção de Jesus abençoa a vida de forma completa e relevante. É uma forma muito mais dinâmica e com mais impacto do que nossa compreensão convencional do que é a evangelização.

Kina Robertshaw, palestrante do FMT (Reino Unido):

Depende do que cada pessoa entende por evangelismo. Eu entendo que evangelismo é compartilhar a boa nova de Jesus através de palavras e ações. Testemunhamos a outros através de nossas palavras e ações. Os dois precisam condizer. Não podemos fazer seguidores fiéis de Jesus sem sermos seguidores fiéis. Em minha pesquisa entrevistando 50 empreendedores cristãos no Reino Unido, eu encontrei quatro respostas diferentes quando perguntei se eles acreditavam que seu trabalho estava contribuindo com o reino de Deus, eles todos disseram que sim, mas se viam fazendo isso de formas diferentes. O primeiro grupo: através da oferta de produtos ou serviços de excelência eles estão tornando o mundo um lugar melhor. O segundo grupo: ao abraçar os valores cristãos e altos padrões de ética de negócios em sua empresa. O terceiro grupo: ao compartilhar abertamente sobre sua fé com as pessoas em seu local de trabalho. O quarto grupo: através da doação generosa a caridades e causas cristãs. O terceiro grupo era claramente o mais evangelístico. Mas as respostas dos outros grupos são todas formas importantes de apoiar o que dizemos. Nossas palavras são cruciais, mas precisam do respaldo das nossas ações; somente então a evangelização se torna a prioridade máxima do ministério no local de trabalho.

Willy Kotiuga, fazedor de tendas em 25 países e presidente da equipe de programação do FMT (Canadá):

As pessoas vêm a Cristo quando se sentem amadas, e não quando se sentem repreendidas! Tentamos convencer as pessoas a "assinar um contrato" com Deus para receberem uma passagem para o céu, ou acompanhamos elas ao entrarem em um relacionamento vibrante de compromisso com o Deus vivo? Somos chamados para fazer discípulos de forma proativa, e não para converter pessoas. Somos tão presos à ideia dos métodos "evangelísticos" que não investimos em criar ambientes de trabalho que são conducentes à descoberta de Deus? Meu fardo de precisar "evangelizar" foi levado de mim quando comecei a orar diariamente, "Deus ajude-me a trazer todas as pessoas que eu encontrar hoje um passo mais perto da fé pessoal em Jesus Cristo." A viagem para a fé não é um evento único. Se a evangelização é somente a proclamação da Palavra, então nunca deveria ser a maior prioridade do ministério no local de trabalho. Mas se a evangelização inclui trabalhar o solo, influenciar estratégias corporativas, preparar os corações das pessoas para descobrirem a realidade do amor de Deus através da graça – esta então deveria ser a prioridade mais alta. No entanto, com base nas ideias restritas da evangelização em uso hoje, isso não é uma prioridade.

Wendy Simpson, presidente da Grupo Wengeo, palestrante do FMT (Austrália):

Não. Se um plantador de igrejas plantasse uma igreja sem a intenção de incluir um ministério infantil, as pessoas ficaram escandalizadas. Hoje, o ministério infantil é visto como uma parte vital do ministério da igreja, mas nem sempre foi assim. Como empreendedora eu anseio pelo dia no qual as igrejas locais verão que é essencial equipar e enviar trabalhadores de acordo com os seus chamados. A maior prioridade do ministério no local de trabalho deve ser levantar catalisadores para defenderem o local de trabalho como um ministério essencial dentro das igrejas locais. Como a igreja mundial espera verdadeiramente cumprir com a grande comissão – e criar discípulos 24 horas, 7 dias por semana, se não desenvolveu ensinamentos sobre como os cristãos devem de fato integrar sua fé com as atividades que ocupam a maior parte de suas vidas? Os trabalhadores anseiam por descobrir o propósito de Deus em seu trabalho diário. Eu acredito que se as igrejas mostrarem aos trabalhadores como integrar em seu trabalho disciplinas espirituais, como meditação, oração, jejum, simplicidade, confissão, louvor e celebração, o mundo começará a ver um cristianismo atraente autêntico. Se os cristãos de domingo são o resultado desejado, então não existe necessidade para ministério no local de trabalho, mas se um discipulado de toda a vida é nossa missão, então temos necessidade urgente para o ministério no local de trabalho nas nossas igrejas.

Ideas

Um Pedido de Perdão do 1% de Cristãos aos Outros 99%

Você não existe para ajudar líderes profissionais de ministérios a cumprirem a grande comissão. Nós existimos para ajudar você a cumpri-la.

Michael Oh, Diretor Executivo Global / CEO do Movimento de Lausanne

Michael Oh, Diretor Executivo Global / CEO do Movimento de Lausanne

Christianity Today June 13, 2019
Rick Szuecs / Source image: Lausanne Movement / Flickr

Mas eles escutarão?"

Eu sentei à mesa voltado ao meu amigo Bill Pollard, que estava com uma expressão facial esperançosa e levemente duvidosa. Eu acabara de compartilhar com ele sobre a visão do Movimento de Lausanne de reunirmos mais de 700 cristãos, líderes em seu local de trabalho, de mais de 100 países.

Bill amou a visão: mobilizar os cristãos no local de trabalho para serem instrumentos de Deus para levarem o impacto do reino para cada esfera da sociedade. No entanto, ele estava na dúvida se alguns líderes de igrejas teriam perguntas sobre a efetividade deste tipo de ministério feito por ‘líderes leigos’.

Seu questionamento reflete uma visão de longa data do ministério cristão como uma responsabilidade restrita aos “profissionais” como pastores e missionários. Pessoas como Bill desafiaram essa noção, mostrando que a manta do ministério deve ser levada nos ombros de cada cristão.

Bill era CEO da empresa ServiceMaster, que, durante sua liderança, foi reconhecida pela revista Fortune como a empresa número 1 de serviços em sua lista Fortune 500 e foi reconhecida pela Financial Times como uma das empresas mais respeitadas no mundo. Para Bill, o trabalho na ServiceMaster era sobre servir ao Mestre. Como ele frequentemente dizia: "Nenhuma empresa tem valor eterno. Somente a igreja o tem. Somente as pessoas o têm." Bill compartilhou comigo histórias de pessoas que moravam tão longe quanto Tóquio, Japão, cujas vidas foram impactadas pelo amor ao evangelho que ele e outros na sua empresa compartilhavam.

Precisamos de mais pessoas como Bill e, para isso acontecer, precisamos mudar a forma que vemos o trabalho e ministério – voltando a como deveria ser. Do meu ponto de vista como um líder de ministério em tempo integral dentro de um movimento evangélico global, eu gostaria de oferecer meu pedido de desculpas a todos que estão lendo este artigo que não são parte do ministério profissional, assim como compartilhar as quatro coisas que aprendi sobre fé e trabalho:

1) Você não existe para apoiar nosso ministério; nós existimos para apoiar o seu ministério.

Eu quero falar com você como alguém que é parte dos 1%. O 1% das pessoas da igreja que são pastores e missionários. O 1% que faz do ministério sua profissão.

E eu gostaria de me arrepender.

Quero me arrepender em nome de todos os membros do 1% por vermos os outros 99% da igreja que não trabalham no ministério profissional como um grupo que existe somente para apoiar o nosso ministério.

A realidade, para muitos missionários e pastores como eu, é que de fato somos sustentados financeiramente pelos outros 99%. Somos tremendamente gratos por isso; missionários e pastores não poderiam trabalhar em seus ministérios sem a generosidade bíblica dos 99%. Mas o ministério de doar não é o seu valor completo nem seu ministério exclusivo. Eu confesso que facilmente esqueço que os 99% não podem realizar seu ministério sem nosso apoio também; e esquecer disso não poderia ser mais errado.

Efésios 4:11-13 diz que Deus "designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo" (NVI).

Deus deu o 1% para equipar os santos para o trabalho ministerial. O 1% existe para apoiar o ministério dos 99%.

Parafraseando Martinho Lutero: "Não somos todos chamados para sermos pastores, mas somos todos chamados para sermos sacerdotes."

Um dos frutos mais impressionantes da reforma protestante é a recuperação da doutrina bíblica do sacerdócio de todos os crentes. Todos temos acesso direto e pessoal a Deus. Não precisamos de um mediador sacerdotal além de Cristo.

Mas caímos em outro tipo de sacerdotismo: desta vez não sobre a salvação, acreditando que esta precisa ser medida por um sacerdote, mas no ministério, acreditando que o ministério somente acontece através dos ministros profissionais ministrando aos que não têm essa vocação, em vez de todos por e para todos.

O que Deus fez universal, mais uma vez nós profissionalizamos. O evangelismo é somente o trabalho dos evangelistas? O discipulado é somente o trabalho de pastores? A missão é somente trabalho para os missionários?

Os 1% – pastores, evangelistas, missionários e outros – podem ter a responsabilidade ocupacional primordial para com o evangelismo, discipulado e missões; mas não é somente responsabilidade deles. De fato, sua responsabilidade primordial é treinar, delegar e apoiar o evangelismo, discipulado e trabalho missionário mundial dos 99%.

Se o ministério e missão forem relegados somente para o âmbito dos pastores e missionários, teremos problemas.

2) A grande comissão não pode ser cumprida sem sua participação.

O 1% que faz do ministério sua profissão nunca alcançou o mundo todo com o evangelho. O 1% não pode fazer discípulos em todas as nações. Por que?

Primeiramente, o 1% não é o suficiente em termos de quantidade de pessoas. Existe somente 1 missionário para cada 150 mil japoneses. Existe somente 1 missionário para cada 500 mil muçulmanos. Você sabe quanto tempo leva para compartilhar o evangelho com 500 mil pessoas? Agora entendemos porque os missionários estão frequentemente tão cansados!

Portanto uma parte importante de como o evangelho vai se espalhar pelo mundo é o envio de mais missionários.

Eu sei que muitos cristãos maravilhosos e com boas intenções – e até mesmo pastores – algumas vezes dizem: "Nem todos são missionários." Parte de mim sorri quando escuta isso. A outra parte chora.

Porque se aceitarmos a ideia de que somos todos missionários, e que podemos simplesmente ficarmos onde estamos e compartilhar o evangelho com as pessoas que conhecemos que não são cristãs, os 3 bilhões de pessoas no mundo que não conhecem pessoalmente a um único cristão estarão dentre os que perecerão.

No entanto precisamos mais do que apenas mais missionários.

O tempo em que vivemos precisa de parcerias mundiais entre missões que mobilizam o 1% e os 99% a irem a todos os povos e lugares que tem não tem contato com o testemunho do evangelho. É a única forma de cumprirmos a grande comissão. A igreja toda precisa colaborar. Precisamos "co-laborar".

Este é o desafio e oportunidade global. O desafio no compartilhamento do evangelho localmente é este: se dependemos de pastores e dos profissionais do ministério para compartilharem o evangelho, ele nunca tocará a vida de muitas pessoas e nunca alcançará todas as esferas da sociedade. A única forma de o evangelho chegar às pessoas da sua empresa, da sua escola, do seu bairro, do seu time esportivo, do seu restaurante, do seu grupo de teatro… é através de você.

O Movimento de Lausanne tem a visão de: "O impacto do reino em cada esfera da sociedade." Isso somente pode acontecer através das pessoas que Deus colocou nessas esferas da sociedade. E essa pessoa não é o seu pastor.

Cada cristão, incluindo os 99% que não trabalham profissionalmente no ministério, possui um ministério.

3) Você pode não ser um pastor ou missionário, mas você tem um minstério.

Deus lhe deu dons espirituais para cumprir seu ministério, e você recebeu o Espírito Santo para capacitar-lhe. Como 1 Coríntios 12 diz: "A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum" (NVI).

Eu acho que podemos dizer que para Lutero, não foi simplesmente: "Não preciso mais de um padre", mas também: "Agora posso ministrar para todos. E de fato, eu deveria fazê-lo."

Agora depende de você descobrir seu ministério. Qual ministério o Espirito Santo realizará através de você?

Bill compartilhou comigo uma história incrível sobre a oportunidade que teve de falar, como cristão, em um funeral xintoísta de um empreendedor japonês influente em Tóquio, rodeado por centenas de pessoas que nunca haviam ouvido o evangelho antes. Isso somente foi possível por causa dos anos de investimento em relacionamentos sua excelência fiel nos negócios.

Alguns são missionários, mas todos somos chamados a ser sal e luz e a orarmos pelas nações.

Alguns são pastores, mas todos devem pastorear as pessoas que estão sob seus cuidados.

Alguns são diáconos, mas todos estão aqui para servir.

Alguns são presbíteros, mas todos devem saber liderar em diversos contextos.

Alguns são pregadores, mas todos devemos pregar o evangelho – para nós mesmos e para os outros.

A igreja toda é necessária para fazer discípulos em todas as nações. O Espirito Santo anseia ministrar através de você.

4)Nos comprometemos com seu ministério através das nossas palavras, mas vamos fazer mais.

Quando digo nós, incluo o Movimento de Lausanne.

Desde nossa fundação em 1974 por Billy Graham e John Stott, o Movimento de Lausanne falou algumas palavras importantes sobre essa questão crítica. Por exemplo, uma equipe de acadêmicos no Terceiro Congresso de Lausanne escreveu O Compromisso da Cidade do Cabo, que estabelece:

"Nós precisamos de esforços intensivos para treinar todos os seguidores de Deus em um discipulado integral de suas vidas, que significa viver, pensar, trabalhar e falar de um ponto de vista bíblico e com efetividade missionária em cada lugar ou circunstância da vida cotidiana e trabalho."

Mas poderíamos ter feito mais – e faremos mais.

Esse mês, o Fórum Mundial do Trabalho de Lausanne (FMT) irá reunir 750 influenciadores globais de mais de 120 países em Manila, nas Filipinas. Pedimos suas orações para que esse grupo diverso possa contribuir com perspectivas inovadoras e mobilização para missão dentro e através do local de trabalho, em todos os níveis, em todos os setores e em todas as regiões do mundo. O encontro não contará somente com profissionais de escritório ou de negócios, mas também trabalhadores braçais e até "sem categoria".

Tanto o 1% quanto os 99% estarão no FMT. Será uma oportunidade para o 1% se arrepender e nos compromissarmos firmemente com nosso chamado para equipar os santos com seu trabalho ministerial.

E para quem é parte dos 99%: Levante-se! Levante-se e tome posse da sua identidade como discípulo e seu chamado para ser um fazedor de discípulos. Levante-se e tome responsabilidade pelo discipulado de sua família, amigos e vizinhos. Levante-se e veja as nações que tem sede pelas águas do evangelho e os bilhões de pessoas que não conhecem um cristão sequer.

Se você acredita que 1 Pedro 2:9 se refere a você como eleito/a de Deus – "sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" – por que não se levantar e aceitar seu chamado?

Michael Oh é o Diretor Executivo Global e CEO do Movimento de Lausanne.

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