A igreja na era dos transtornos mentais

De que modo lidamos com problemas como ansiedade e depressão e o que podemos fazer para melhorar no cuidado das pessoas.

Christianity Today May 16, 2024
Illustration by Elizabeth Kaye / Source Images: Wikimedia Commons, Unsplash

Há quase cinco anos, um pastor bastante admirado — e que havia compartilhado publicamente, de forma corajosa, sua batalha contra a depressão — tirou a própria vida. Nos dias que se seguiram à sua morte, um apelo circulou amplamente nas plataformas de mídia social, para que os líderes que estivessem enfrentando problemas de saúde mental fossem removidos de seus cargos.

Eu entendo a motivação. Essa discussão foi gerada pela preocupação de evitar tragédias semelhantes. Mas, como alguém que é pastor e tem enfrentado tormentos mentais crônicos, esse apelo simplista me pareceu um exemplo da falta de jeito generalizada dentro da igreja, quando se trata de abordar transtornos mentais. Mestres cristãos proeminentes, entre eles recentemente o autor e pastor californiano John MacArthur, têm negado a simples existência de doenças diagnosticáveis, como o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Reconheço que, em meu próprio ministério, minhas lutas contra a ansiedade e o TOC mostraram-se um solo surpreendentemente fértil para me conectar com pessoas. O fato de eu me abrir sobre as fragilidades da minha mente me levou a relacionamentos mais profundos, pois Deus pegou a aflição, que a princípio me parecia puramente um déficit, e a colocou para trabalhar. Como ele mesmo nos diz, a sua força se manifesta em nossa fraqueza (2Coríntios 12.9).

Portanto, acho animador ver a crescente atenção que está sendo dedicada à saúde mental e a compaixão pelos transtornos mentais em nossa cultura atual. Os recursos cristãos que abordam essa interseção entre fé e transtornos mentais também estão proliferando e fornecendo caminhos teologicamente embasados para um melhor atendimento. E há inúmeros exemplos de congregações que demonstram de forma poderosa o amor de Cristo àqueles que passam por angústia e sofrimento mental.

Ainda assim, o estigma que acompanha os transtornos mentais persiste e, em alguns ambientes da igreja, a questão frequentemente se torna ainda mais complicada pela ignorância ou por uma teologia equivocada. Os “primeiros a responder” aos cristãos que enfrentam sofrimento psicológico tendem a ser os pastores, mas muitos deles estão mal preparados para reconhecer um transtorno mental ou mesmo para lidar com ele.

Menos de 10% das pessoas que buscam o aconselhamento com pastores acabam sendo encaminhadas a profissionais de saúde mental, mesmo quando seus sintomas justificam esse encaminhamento. É grande a necessidade, pois temos cerca de um em cada cinco adultos americanos enfrentando algum transtorno mental diagnosticável (de gravidades variáveis), de acordo com o National Institute of Mental Health [Instituto Nacional de Saúde Mental] — uma estimativa que cresce de forma chocante para um em cada dois entre os adolescentes.

Em meus primeiros anos de pastorado, eu não estava preparado para lidar com o grande volume de necessidades humanas que encontraria em meu trabalho. O treinamento limitado sobre saúde mental que recebi no seminário me deu apenas um conhecimento superficial, o que fez com que eu me sentisse mais preparado do que realmente estava.

O fato de eu depois ter batido de frente com a minha própria muralha mental alterou drasticamente minha compreensão [do assunto] e me deu mais compaixão. Percebi que os mesmos versículos que costumamos citar para membros da igreja ansiosos soam muito diferentes quando somos nós que estamos paralisados pela ansiedade.

Há um consolo e uma força inigualáveis a serem encontrados Naquele que tomou sobre si todas as nossas dores e enfermidades, inclusive as da mente e da alma. Mas a pessoa de fé que está mergulhada em uma crise mental muitas vezes precisa enfrentar uma comunidade que demonstra grande desconforto diante da dor contínua e que não encontra solução.

Recentemente, ouvi no rádio um conhecido palestrante cristão declarar com veemência que pessoas deprimidas e ansiosas não estavam experimentando a unção do Senhor. A mensagem era clara: se você estiver com os sentimentos errados, não receberá a bênção de Deus. Esse tipo de pensamento pode até parecer bíblico, mas promove um evangelho destituído de graça.

Então, como a igreja deve reagir aos transtornos mentais? Como podemos cuidar melhor uns dos outros? Pedi a um grupo composto por cristãos — entre os quais estão autores renomados, especialistas e companheiros de luta com a saúde mental — que dessem sua opinião sobre o assunto.

Essas entrevistas foram editadas e condensadas para melhor compreensão.

Afinal, o que é uma boa saúde mental?

Steve Cuss, autor e apresentador do podcast da CT Being Human [Ser Humano]: Que pergunta fantástica! Saúde mental é quando a maneira como você vê a si mesmo, os outros, o mundo e Deus é congruente com a realidade. Você é capaz de pensar com clareza e tem acesso a uma ampla gama de emoções sem ser engolido por elas.

Aundrea Paxton, co-apresentadora do podcast Rise and Form [Levante-se e Forme-se], psicóloga clínica e fundadora do serviço de aconselhamento Take Heart [Tenha coragem]: A Bíblia nos dá um vislumbre de como são o bem-estar e a saúde perfeitos. Em Gênesis 2, vemos que os seres humanos prosperam quando têm um forte relacionamento com Deus e com os outros, quando cuidam de seus corpos, quando apreciam e desfrutam da criação de Deus, quando têm um senso de propósito e quando não sentem vergonha.

O. Alan Noble, professor associado de inglês na Oklahoma Baptist University e autor de On Getting Out of Bed [Sobre sair da cama]: Entre outras coisas, a boa saúde mental inclui a capacidade de ficar só, sem distrações, e não cair em ansiedade, depressão ou desespero. Ela envolve sentir toda a gama de emoções humanas, mas não permitir que essas emoções anulem sua capacidade de raciocínio ou sua vontade de buscar o bem.

Por que a falta de uma boa saúde mental nos deixa apreensivos? Suspeito que a maioria de nós se sente despreparada para estar ao lado de pessoas com problemas de saúde mental. Isso é algo exclusivo dos cristãos?

Hannah Brencher, educadora on-line, palestrante de conferências TED e autora de Come Matter Here [Venha se Importar Aqui] e Fighting Forward [Lutando para Avançar]: Apoiar alguém que sofre de um transtorno mental é algo difícil. Essa é uma realidade que não podemos suavizar nem minimizar.

Vou ser sincera: antes de passar por minha própria depressão, acho que não sabia direito como ajudar alguém que estivesse na mesma situação. Passar pela depressão e vivê-la me permitiu entender como eu precisava ser cuidada e, depois, a transmitir isso para outras pessoas.

Aundrea Paxton: Embora a igreja tenha se tornado mais sólida e consistente, ainda há resquícios de falsos pressupostos sobre como diferentes emoções e doenças se relacionam com a fé e a salvação de uma pessoa.

Que tipo de pressupostos?

Aundrea Paxton: Pressupostos sobre pecado e vergonha, que podem fazer com que pessoas escondam, neguem e suprimam suas necessidades de saúde mental, o que torna difícil tolerar essas necessidades nos outros.

Hannah Brencher: Fico chocada com a quantidade de cristãos que ainda presumem que o transtorno mental está relacionado ao fato de não terem fé suficiente em Deus. Isso me foi dito várias vezes, durante o período em que enfrentei uma grave depressão.

Como isso impactou você?

Hannah Brencher: Essa noção foi muito prejudicial, especialmente porque eu estava usando toda a energia que me restava para buscar a Deus em meio àquela luta. Hoje eu entendo, mas infelizmente não sabia naquela época que Deus não está me apontando um certo nível de fé e pedindo que eu chegue até lá, antes que possa sentir algum alívio.

Levei muito tempo para perceber que Deus é um companheiro na jornada rumo ao bem-estar mental, e não um adversário.

O. Alan Noble: Os evangélicos estão, por definição, preocupados com o evangelismo e, no mundo secular em que vivemos, o evangelismo facilmente se transforma em um discurso de vendedor: “O cristianismo tornará sua vida melhor do que é atualmente”. O cristianismo se torna apenas mais uma opção de estilo de vida em um mar de opções.

Quando isso acontece, ficamos muito preocupados em revelar qualquer indício de que nossa vida pode não ser assim tão boa. Por isso, escondemos nosso sofrimento até mesmo de outros cristãos, porque não queremos dar a impressão de que nossa fé é fraca ou de que estamos dando um mau testemunho.

Qual é a sua reação, quando cristãos bem-intencionados indicam para pessoas com transtornos de ansiedade versículos como “Não andeis ansiosos por coisa alguma” (Filipenses 4.6)?

Aundrea Paxton: Primeiro, eu os incentivaria a ler o livro inteiro de Filipenses. Com muita frequência, tiramos as Escrituras do seu contexto. Em segundo lugar, eu os lembraria do papel do Espírito Santo em nos capacitar para fazer o que é bom para nós. Não podemos fazer nada de bom com nossas próprias forças.

Por fim, eu lhes diria para se concentrarem no versículo 7 de Filipenses 4, que diz: “ Então, a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e os pensamentos de vocês em Cristo Jesus.” Os comportamentos listados no versículo 6 servem apenas para redirecionarmos o foco para a fonte dessa paz.

Então, o que vocês acham que a igreja está fazendo certo em resposta à atual crise de saúde mental?

Aundrea Paxton: A igreja tem feito avanços significativos na promoção de discussões sobre saúde mental e na redução da hostilidade em relação à psicologia. Hoje temos mais sermões e mais recursos dedicados à saúde mental.

Steve Cuss: Muitas igrejas com as quais trabalho fazem parcerias com profissionais de saúde mental ou têm sua própria clínica com terapeutas licenciados. Vejo mais pregadores que falam abertamente sobre saúde mental e, aos poucos, estamos nos tornando mais informados sobre traumas, e compreendendo a natureza complexa da saúde de todo o corpo e os gatilhos do trauma.

E onde ainda há espaço para melhorias?

Steve Cuss: Ainda vejo muitos cristãos e líderes de igrejas que têm uma necessidade ansiosa de levantar o ânimo das pessoas. Eles não percebem que suas palavras e conselhos não servem realmente para a pessoa que está em crise, mas são, na verdade, uma maneira de aliviar a ansiedade que eles mesmos sentem, quando se veem na presença de alguém que está lutando com um problema complexo de saúde mental.

O outro desafio é que problemas debilitantes de saúde mental devem ser tratados por um profissional treinado, e nós somos amadores, na maioria. Não creio que tenhamos fornecido recursos suficientes para ajudar os amadores a serem úteis, quando lidam com um colega ou membro da igreja que luta com questões de saúde mental.

O. Alan Noble: A igreja precisa aprender a equilibrar o valor real da sabedoria espiritual com o valor real dos serviços de profissionais de saúde mental. Há um perigo em terceirizar todos os casos de sofrimento mental para profissionais de saúde mental. É fácil, até mesmo para os cristãos, profissionalizar coisas como orientação, conselho sábio, conselho dos anciãos e amizade. Mas há um perigo semelhante em tentar tratar todos os casos de sofrimento mental apenas com oração e aconselhamento pastoral.

De que maneiras o corpo de Cristo poderia ser uma fonte de cuidado excepcionalmente poderosa?

Aundrea Paxton: A igreja é um lugar onde podemos encontrar o bem mais valioso para atender a qualquer necessidade: a esperança na obra de Cristo e a paz na salvação eterna de nossas almas. Embora essas verdades não nos impeçam de passar pelas provações e aflições da vida, nossas histórias não terminarão em dor; nossas virtudes e valores podem ser nosso fundamento durante o caos; e temos um Deus que é todo-amoroso, todo-poderoso e completamente sábio.

Steve Cuss: A saúde mental debilitada é algo que isola profundamente as pessoas. A igreja pode oferecer uma poderosa comunidade de cura. A maioria das pessoas não quer nossos conselhos; elas querem nossa presença. Elas querem se sentir vistas; querem um espaço seguro para serem exatamente elas mesmas.

Na obra Life Together [Vida em Comunhão], Dietrich Bonhoeffer disse que o primeiro serviço que devemos uns aos outros é ouvir. Ele acreditava que estamos fazendo o trabalho do próprio Deus, quando prestamos esse tipo de atenção, e esse é um pensamento profundo.

O. Alan Noble: Esse pode ser o elemento mais importante de sua recuperação. A igreja, especialmente à medida que se manifesta no contexto local, é uma comunidade encantadora de cuidado mútuo. O mundo contemporâneo é terrivelmente isolador, muitas pessoas não têm amigos, e muito menos amigos com os quais possam contar para acompanhá-las no sofrimento. Todo cristão deve ter amigos em sua congregação local que possam ministrar a ele.

Steve Cuss: Já vi isso acontecer em contextos de igreja, e é algo muito forte. Conheço muitas pessoas com problemas debilitantes de saúde mental que dizem: “Eu estaria perdido sem a comunidade da minha igreja local”.

Em contrapartida, embora conheçamos o poder singular do evangelho para lidar com as questões de saúde mental, as próprias comunidades encarregadas desse evangelho muitas vezes infligem às pessoas traumas religiosos que agravam os desafios de saúde mental. Como podemos conciliar essas duas verdades?

O. Alan Noble: Não há nada de particularmente surpreendente nisso. É um fenômeno que está presente em todos os aspectos da igreja.

Como assim?

O. Alan Noble: A igreja ensina a fidelidade no casamento; no entanto, não raro vemos pastores que são pegos em infidelidade. A igreja nos ensina a dar com generosidade aos necessitados; no entanto, muitos cristãos praticam o que Francis Schaeffer chamou de “uso não compassivo da riqueza acumulada”. Os cristãos não conseguem viver de acordo com o padrão estabelecido pela Palavra de Deus. E continuarão a fazer isso, individual e coletivamente, até que Cristo volte. Esse é um ensinamento difícil.

Steve Cuss: Para cada história positiva que ouço sobre a igreja ser útil, ouço duas que causam danos significativos. Acho que o trauma religioso é agravado por algumas dinâmicas:

  1. Não nos damos conta do poder espiritual que temos como líderes da igreja, e que, consequentemente, nossas palavras têm em si um poder significativo. E as Escrituras também têm, de modo que, quando “prescrevemos” a Bíblia [como se fosse a receita de um tratamento], podemos causar danos mesmo sem ter a intenção.
  2. Alguns líderes religiosos simplesmente não entendem a natureza da saúde mental, e a veem por meio de uma dicotomia simplista de anjos e demônios, ou prescrevem alguma versão cristã de “veja o lado bom das coisas”. Muitos líderes cristãos não sabem o que fazer ou dizer diante da dor avassaladora ou complexa de alguém.
  3. Compartilhar seu mundo interior e sua jornada lhe deixa vulnerável, e quando alguém prescreve uma solução cristã simplista e incorreta, isso causa danos reais e isola ainda mais a pessoa.

Aundrea Paxton: Acredito que as duas coisas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, especialmente quando se trata de Deus. Em primeiro lugar, como seres humanos, somos caídos e falhos, e, portanto, ferimos os outros. Em segundo lugar, Deus pode trabalhar por meio de seres humanos imperfeitos de forma poderosa. Nenhum ser humano jamais será capaz de refletir perfeitamente a plenitude do caráter de Deus, mas Deus não fica limitado por isso.

Vamos passar da igreja para suas experiências pessoais com transtornos mentais. A vitória no cristianismo é muitas vezes equiparada a estar totalmente livre de aflições. No entanto, sempre me lembro do espinho na carne do apóstolo Paulo, que não foi removido, e de como a força de Deus se manifestou ainda mais nessa fraqueza contínua do que se manifestaria em uma cura milagrosa para o apóstolo.

O. Alan Noble: Até agora, Deus tem me pedido para suportar o sofrimento do transtorno mental. Eu espero, oro e trabalho pela recuperação, mas descanso no conhecimento de que, no final, serei curado, mesmo que não seja nesta vida. Essa é a postura que incentivo que tenham todos que estão sofrendo. Tenham esperança, orem e trabalhem por sua recuperação — lutem por si mesmos! Mas depositem sua fé em Cristo e aceitem que talvez lhes seja pedido para suportar e glorificar a Cristo em sua fraqueza.

Hannah Brencher: Acredito que o poder de Deus se manifesta em mim por meio da vida cotidiana e de um estilo de vida que apoie a minha saúde mental. Tomo medicação para minha depressão há quase uma década. Não sei se vou continuar tomando para o resto da vida, mas sei que isso me permite passar bem diariamente, o que é o mais importante para mim.

Então, vocês sentem que suas orações foram atendidas, apesar de a batalha continuar?

Hannah Brencher: Não acho que minha história seja menos importante porque não obtive uma cura milagrosa. Acho que a cura é algo que estou exercitando e em que me apoio todos os dias, e há muito poder nisso.

Aundrea Paxton: O fim do casamento dos meus pais foi uma experiência significativa que me levou a estudar psicologia. Embora tenha sido um momento doloroso, que deixou muitas feridas, vi Deus usá-lo para o seu bem. Quando me sento diante de meus clientes, às vezes tenho o privilégio de trabalhar com eles por tempo suficiente para ver como Deus esteve presente em sua dor, e, mais tarde, usou essa dor como um meio de crescimento em suas vidas.

Na história do seu próprio sofrimento, vocês têm exemplos de maneiras pelas quais experimentaram graça e cura através da comunidade cristã?

O. Alan Noble: Não dá para contar nos dedos. Quase toda a graça e cura que experimentei vieram através da comunidade cristã, através de amigos que se dispuseram a me ligar, quando lhes enviei uma mensagem em pânico, através de amigos que compartilharam conselhos sábios, através de amigos que me fizeram alguma exortação firme, mas necessária.

Steve Cuss: Tenho tantos exemplos tangíveis de experiências de amor e carinho, nos momentos em que eu não estava bem! O mais comovente foi numa manhã de domingo, quando soube que um amigo havia tirado a própria vida. Recebi a notícia cerca de uma hora antes de pregar, e fiquei em choque, mas não reconheci meu estado de choque. Então, saí para pregar e desmontei completamente, na frente de todo mundo. Minha congregação zelou tão bem de mim, na medida em que aqueles que eram íntimos se aproximaram e cuidaram de mim, e aqueles que não eram me deixaram em paz. Às vezes, cuidar significa dar espaço a alguém, em vez de sufocá-lo com cuidados.

Hannah Brencher: Na minha caminhada contra a depressão, nunca esquecerei daqueles que compareceram fisicamente — trazendo refeições, me levando às consultas, me abraçando, fazendo xícaras de chá e sentando comigo em meio à tempestade. A presença deles me trouxe de volta à vida.

Parece que concordamos sobre o poder da comunidade e dos relacionamentos cristãos. Mas o que vocês diriam a alguém que deseja isso, mas ainda não encontrou tal família na igreja?

O. Alan Noble: Lamento que esta não tenha sido sua experiência. Essas comunidades existem, mas você precisará ser intencional. Se não participar ativamente no cultivo da amizade, isso não acontecerá.

Hannah Brencher: Tenho que me lembrar constantemente que a igreja é composta de pessoas, e nós, pessoas, erramos o tempo todo. Continue procurando pelos lugares que conheçam graça e poder. Continue procurando por pessoas que caminharão com você na tempestade. Se encontrar pessoas que só consigam estar com você nos seus dias bons, mas nunca em uma tempestade, esse não é o seu povo.

Aundrea, você tem a palavra final aqui. Sabendo que os pastores não podem forçar ninguém a procurar ajuda profissional, quais podem ser alguns indicadores de quando é o momento certo de encaminhar um membro da congregação para mais do que apenas cuidados espirituais?

Aundrea Paxton: O apoio, no caso de transtornos mentais, deve sempre envolver uma comunidade de pessoas. No entanto, se alguma das seguintes situações for evidente, um profissional de saúde mental deve definitivamente ser uma das pessoas dessa comunidade:

  • Qualquer risco à segurança que envolva a automutilação, o uso de substâncias ou pensamentos ou atos suicidas;
  • Quando o sofrimento que uma pessoa está compartilhando estiver afetando sua capacidade de viver seu cotidiano ou estiver causando sofrimento persistente e/ou crescente;
  • Quando a pessoa tiver mudanças significativas no apetite, no sono, em seu nível de energia e de engajamento social;
  • Quando passar de um longo período sem mudanças para um estado mental ruim ou para resistência à mudança.

Encorajo os pastores a considerarem ter um profissional de saúde mental em quem confiem, e que possa ser um consultor constante e apoiá-los pessoalmente.

J. D. Peabody é pastor da New Day Church em Federal Way, Washington, e autor de Perfectly Suited: The Armor of God for the Anxious Mind [Perfeitamente Adequado: A Armadura de Deus para a Mente Ansiosa].

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