Mobilizando adolescentes como ativistas do Evangelho

A Geração Z é o segredo para reavivar a igreja e mudar o mundo.

Christianity Today November 20, 2020
Unsplash/Scott Webb

“Eu sou Greta” é um documentário que estreou, no início deste mês, no Festival de Cinema de Veneza. Ele narra a jornada da adolescente ativista pelo clima, Greta Thunberg, e seu compromisso inabalável de fazer o que for preciso para salvar o planeta. Em 2019, Greta atraiu atenção para sua causa, ao cruzar o Atlântico em um veleiro, para comparecer à Conferência sobre Mudança Climática da ONU, em Nova York.

Há também Malala Yousafzai que, quando adolescente, foi baleada e quase morta pelo Talibã, no Paquistão, por sua corajosa dedicação à causa de ver meninas adolescentes de lá terem acesso a educação gratuita e de qualidade. Tempos depois, ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz por seu ativismo incomparável.

Desde impedir o tráfico humano até lutar por igualdade racial e acabar com a pobreza, cada vez mais adolescentes estão adotando o ativismo como estilo de vida. Hashtags como #BlackLivesMatter, #GunControl, #EndItMovement (em referência ao tráfico humano), #AnimalRescue, #ClimateChange e #EndPoverty inundam os feeds de mídia social de muitos jovens. A Geração Z anseia por viver em prol de uma missão que importe e de uma causa que conte.

Os adolescentes são idealistas, não realistas. Isso é parte do que os faz incríveis. Ter uma causa utópica em torno da qual se mobilizar apela aos corações e às mentes dos jovens, e de maneiras em relação às quais os adultos costumam se mostrar cínicos, insensíveis ou indiferentes.

Mas o ativismo bem feito muitas vezes pode fazer uma diferença significativa no ponto de vista das pessoas. E, na maioria das vezes, são os jovens que têm sido a ponta de lança desse tipo de ativismo de mudança cultural.

Então, por que essa mesma filosofia não se transferiu para nossas igrejas? Por que tantos líderes das igrejas veem os adolescentes e o ministério de jovens como um tipo de mal necessário? Por que tantos cristãos se referem aos adolescentes como “a igreja do amanhã” e não “a igreja de hoje”?

Há esperança, porém. Investi minha vida na mobilização de adolescentes para a causa de Cristo, e estou cheio de esperança de que isso possa mudar. Se os crentes estiverem dispostos a tomar três ações decisivas, podemos mobilizar a Geração Z para reavivar a igreja e mudar o mundo. Veja como:

1. Comece a levar os adolescentes a sério, como uma força espiritual para a mudança.

Todo grande despertamento espiritual da história da América teve adolescentes na vanguarda. Se você ler a história desse movimento espiritual que varreu as colônias, ficará claro que foi um avivamento liderado principalmente por jovens. O famoso pregador Jonathan Edwards (o mesmo que pregou “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, sermão terrivelmente arrebatador) foi considerado por muitos como o principal historiador do Primeiro Grande Despertamento. Ele escreveu que este despertamento espiritual

“… aconteceu principalmente entre os jovens; entre os demais, comparativamente poucos se tornaram participantes dele. E de fato tem sido geralmente assim, quando Deus começa qualquer grande obra para o avivamento de sua igreja; ele tem pegado os jovens e tem deixado de lado a geração mais velha e obstinada”.

A história da igreja é um testemunho inegável do potencial de jovens que, por meio de Cristo, promoveram o Evangelho de maneiras poderosas. Dos primeiros mártires cristãos aos grandes reformadores e missionários pioneiros, os jovens responderam ao chamado de viver para Cristo e sua causa.

Na história mais recente, o Jesus Movement, dos anos sessenta e setenta, despertou um foco renovado em adoração, evangelismo e oração entre os jovens. Este movimento, de difusão acelerada, começou no norte da Califórnia, mas logo se espalhou para o sul da Califórnia e, por fim, pelos Estados Unidos como um todo. O ministério de jovens, a música cristã contemporânea e as igrejas da Calvary Chapel surgiram desse movimento, que foi impulsionado principalmente por adolescentes e jovens na faixa dos 20 anos.

Por que Deus frequentemente escolhe adolescentes para cumprir seus propósitos divinos? Talvez a resposta esteja em 1Coríntios 1.26-29: “Irmãos e irmãs, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios; e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que não são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele”.

Deus adora usar as coisas que menosprezamos. Deus adora usar adolescentes.

Devemos começar a levar os adolescentes a sério como força para a mudança espiritual.

2. Reapresente a Grande Comissão como a maior causa de todos os tempos.

Quando Jesus disse aos seus discípulos, em Mateus 28.19, para irem e fazerem discípulos de todas as nações, ele estava dando a eles, a nós e a cada adolescente crente a maior causa de todos os tempos. Os cristãos costumam se referir a essa passagem como “A Grande Comissão”. Mas esse termo carrega um certo odor de mofo que cheira a antigamente.

Pergunte aos adolescentes cristãos comuns o que eles acham que o termo “Grande Comissão” significa e você receberá, em sua maioria, olhares inexpressivos em resposta. Mas apresente esta grande comissão como a maior causa da qual um ser humano possa participar e, num estalar de dedos, você terá a atenção deles. Afinal, é exatamente isso que ela é.

Quando nossos adolescentes compartilham o Evangelho, eles estão entrando em uma luta épica com o próprio Diabo, pelas vidas, almas e eternidades de seus amigos não alcançados. Eles estão compartilhando a cura para a pandemia do pecado, que infectou toda a humanidade. Eles estão resgatando seus colegas de classe, companheiros de time e amigos, livrando-os do inferno para onde estão indo e do inferno pelo qual estão passando, separados de Jesus Cristo.

Nenhuma causa é maior ou mais arrebatadora.

Claro, isso não significa que eles tenham de abandonar outras boas causas. O efeito cascata do Evangelho consiste no fato de que ele lida com questões de justiça, pobreza, igualdade, cuidado da criação e muito mais.

Podemos desafiar os adolescentes a deterem o tráfico humano e também o tráfico de almas (porque o maior traficante de todos é Satanás!). Podemos dizer-lhes que deem aos famintos pão e o Pão da Vida. Podemos pedir-lhes que deem água aos sedentos junto com a Água Viva. Podemos incentivá-los a construir um lar para os sem-teto na terra e um lar no céu também!

Em Lucas 19.8, quando Zaqueu ouviu o Evangelho e colocou sua fé em Jesus, ele disse “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais". A salvação da alma de Zaqueu fez nascer um coração para alimentar os pobres e corrigir qualquer injustiça que ele tivesse cometido. Esse mesmo Evangelho fará a mesma coisa no coração de nossos adolescentes.

É por isso que devemos reapresentar-lhes a Grande Comissão como a maior causa de todos os tempos.

3. Mobilize adolescentes como ativistas do Evangelho.

Os adolescentes vêm a Cristo mais rápido e podem espalhar o Evangelho mais depressa e mais longe do que os adultos. Como os integrantes da Geração Z são “nativos digitais” e nunca viveram em uma época sem tecnologia, eles estão estrategicamente posicionados para usar seus canais de mídia social com o intuito de promover causas, pelas quais forem apaixonados, para uma imensidão de outros adolescentes. Isso significa que eles podem usar o Instagram, Tik Tok e outros canais de mídia social para divulgar a mensagem de Jesus.

Além disso, os adolescentes podem ser inspirados, preparados e mobilizados para terem conversas sobre o Evangelho com seus amigos na escola, em suas equipes esportivas e em seus bairros. Ao compartilhar a mensagem de Jesus como relacionamento, e não como religião, os adolescentes cristãos podem ajudar seus colegas descrentes a compreender o amor de Deus por eles.

Eu vi isso acontecer nas últimas três décadas. Em 1991, lancei o Dare 2 Share [Ouse Compartilhar], um ministério comprometido em energizar a igreja para mobilizar os jovens. E, desde então, houve milhões de adolescentes ativistas do Evangelho enviados de maneiras poderosas para alcançar seus pares para Jesus. Os adolescentes são “ativados” por meio de uma experiência simples em tempo real, seja em um evento ou por meio de estudos. Esse único passo de fé leva a outro, e depois a outro. Eles logo se entusiasmam com a mensagem e a missão de Jesus. E começam a abraçar a fé cristã e a causa cristã como suas.

Em 10 de outubro de 2020, o Dare 2 Share apresentou outro evento de ativação catalítica chamado Dare 2 Share Live. Trata-se de um evento evangelístico de transmissão simultânea, em vários locais do país todo, que mobiliza um exército de ativistas do Evangelho de costa a costa. São milhares de adolescentes inspirados, preparados e mobilizados para compartilhar as boas-novas de Jesus com seus colegas, tudo em UM DIA. Muitos oraram comigo para que Deus despertasse um avivamento liderado por estudantes naquele dia. Se você conhece algum líder de jovens, desafie-o a fazer com que seus adolescentes participem desta transmissão simultânea no ano que vem (www.dare2sharelive.org ).

Adolescentes reavivados podem ser usados por Deus para desencadear um avivamento, não apenas em suas comunidades, mas também em suas igrejas. Três mil anos atrás, um pastor adolescente chamado Davi matou um gigante chamado Golias com nada além de uma funda e uma pedra. Ao fazer isso, ele inspirou um exército de soldados adultos aterrorizados a se catapultar para fora de suas trincheiras, com um grito, e perseguir os filisteus. Da mesma forma, uma geração de adolescentes, armados com nada mais do que a dependência de Deus e a mensagem do Evangelho, pode liderar o caminho para que nossas igrejas sejam mobilizadas para a causa de Cristo.

É hora de mobilizar adolescentes como ativistas do Evangelho para reavivarem a igreja e mudarem o mundo!

Traduzido por Eduardo Fettermann

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