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Qual deve ser o posicionamento da igreja em tempos de polarização política como os que estamos vivendo?
Guilherme de Carvalho: Com ou sem polarização, a tarefa da igreja é sempre a mesma: dar testemunho apostólico do evangelho e de suas implicações para o mundo. As igrejas evangélicas precisam reencontrar a doutrina social cristã e o testemunho do evangelho. Essa é a única cura verdadeira para o nosso mundo fraturado.
Iza Vicente: Em tempos de polarização e violência política, a igreja deva ser um ente pacificador, disseminando a paz e cultivando relações cordiais, em uma comunhão que vá além das diferenças políticas. Como poderemos ser sal e luz, se apenas reproduzirmos entre nós as violências políticas que a sociedade já está vivenciando? Que diferença faremos neste mundo polarizado? Nossa grande diferença é reconciliar.
Ziel Machado: Devemos primeiro orar e discernir. Não estamos lidando simplesmente com forças políticas, mas com forças espirituais também. Assim, é importante discernir o mal travestido de bem. Não é porque algo está citando a Bíblia que aquilo é bíblico. O diabo tentou Jesus usando a Escritura, e continua usando a Escritura para nos tentar até hoje. Somente a igreja tem a Palavra e o Espírito de Deus que nos capacitam a discernir para além da aparência. Em um momento político de polarização, esse discernimento nos ajuda a entender muita coisa.
Os cristãos também precisam olhar para a cruz de Cristo. A nossa teologia da cruz nos ajuda a fugir dos falsos deuses do nosso tempo e abraçar o poder da cruz, poder que se entrega e serve. Assim, o povo de Deus jamais deveria se dividir por causa de questões ideológicas, nem comprometer a sua unidade conquistada na cruz por Cristo. Mesmo que haja pensamento contrário (e deve haver), isso não implica em desunião da igreja.
Quando a política traz desunião para a igreja, isso não é outra coisa senão Satanás usando a Escritura e dizeres religiosos para dividir a igreja. Portanto, a igreja precisa recuperar esse discernimento. Isso começa por um grande pedido de perdão para que Deus nos perdoe e, em sua infinita misericórdia, nos permita de novo ouvir a voz do bom pastor.
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Jacira Monteiro: Disse Jesus: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5.9). A igreja deveria estar falando de política para apontar soluções de como sermos bons agentes da paz em meio a um mundo tão polarizado.
Enquanto o mundo exibe cada vez mais as obras da carne, por meio de brigas, inimizades, dissensões, idolatrias políticas (Gálatas 5.19-21), a igreja deve demonstrar ainda mais os frutos do Espírito, a saber, o amor, a paz, a mansidão e a temperança (Gálatas 5.22). A igreja deve ser agente do amor e da reconciliação em meio a um mundo tão agressivo, polarizado e extremista.
Ricardo Barbosa: Vamos perseverar em oração e instruir o povo de Deus a reconhecer que é Jesus Cristo, o Senhor, que governa todas as coisas e é o único a quem devemos, acima de tudo e de todos, obediência. Toda vez que algum outro poder — sejam governos, poderes, ideologias — tentar assumir o domínio sobre nossas vidas, negaremos o governo do único Soberano da história.
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