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Quais erros os evangélicos devem evitar cometer?
Guilherme de Carvalho: Primeiro, devem evitar colocar os interesses da denominação ou da comunidade evangélica acima do bem comum. O cristianismo é precisamente a fé que nos leva ao autoesquecimento, isto é, a uma atitude de não pensar apenas em você e em seus interesses pessoais.
Segundo, os evangélicos não devem se deixar enganar pelo “empacotamento apocalíptico”, ou seja, quando apresentados a um futuro ameaçado, os crentes “se convertem” de corpo e alma à agenda de um candidato de esquerda ou de direita. O candidato consegue, então, manipular esses crentes, através de uma retórica do tipo “Senão o PT volta!” ou “Senão o fascismo vence!” Quando os cristãos desistem de construir e de desenvolver uma agenda positiva, baseada em princípios cristãos de doutrina social, para abraçar acriticamente a agenda de um caudilho-salvador, também estão traindo a fé cristã.
Iza Vicente: Um dos maiores erros é depositar toda a sua esperança em projetos políticos autoritários e endossar figuras que enfraquecem o testemunho público da igreja. Outro grande erro é “politizar a fé e sacralizar a política”. Isso significa instrumentalizar a fé para fins meramente políticos e achar que a única forma de a igreja poder contribuir para o bem comum é através do domínio e do controle dos espaços de poder, e que existem enviados e ungidos para essa tarefa messiânica e heroica. Precisamos rever esses pressupostos.
Ziel Machado: Não podemos confundir números com capacidade representativa. Os evangélicos cresceram e chegaram a um tamanho expressivo. O número de votos evangélicos é bastante significativo. Entretanto, o tamanho dos evangélicos é proporcional à sua capacidade de aporte civil, civilizacional, como cidadãos? Não, não é.
A igreja prepara as pessoas para fazer evangelismo, para cantar no coral, mas não quando o assunto é a participação responsável na política. Precisamos nos capacitar para termos uma participação adequada na sociedade civil. O nosso chamado é para ser bênção para todos.
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Jacira Monteiro: O erro de negociar os nossos valores bíblicos em troca de poderio político. Os evangélicos devem especialmente evitar fazer um uso promíscuo da palavra de Deus — por meio de exegese e hermenêutica fracas ou deturpadas — para apoiar projetos políticos, sobretudo os que contrariam a própria palavra de Deus.
Ricardo Barbosa: Criar um Estado religioso e fazer da igreja um braço político de qualquer partido ou candidato que seja são os maiores erros que os evangélicos podem cometer. Embora muitos tentem justificar a criação de um Estado religioso, não encontramos na Bíblia nada que justifique isso. Como cidadãos e cristãos, podemos e devemos participar da vida pública e contribuir para uma sociedade mais justa, mas não criar um governo religioso nem permitir que a igreja seja usada para fins políticos/ideológicos. Isso não significa que não possamos ter políticos religiosos. Sim, podemos ter, mas que eles, uma vez eleitos, sejam servos da nação e promotores do bem comum.
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