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O último governo de esquerda foi deposto por um processo de impeachment baseado em denúncias de corrupção. Recentemente, o ministro da Educação do governo Bolsonaro foi preso sob o mesmo tipo de acusação. Como os cristãos podem exigir que os políticos prestem contas e sejam responsabilizados, em casos de corrupção?
Guilherme de Carvalho: Exigir a prestação de contas é dever dos cristãos, sem dúvida nenhuma. Mas, dados os problemas sistêmicos do nosso país, fica claro que cobranças verbais dos cristãos contra a corrupção são insuficientes. “Profetizar” pelo Twitter é inútil. É necessário apoiar candidatos que levem para o legislativo propostas efetivas para o combate à corrupção.
Um caminho prático seria criar um observatório político evangélico, para checar políticos em questões de corrupção e outras. Mas, para fazer algo assim, seria preciso uma ancoragem em teologia política cristã, algo de que poucos dispõem hoje. Boa parte dos crentes politizados são meras cópias ideológicas da militância secular.
Iza Vicente: Para poder exigir práticas políticas transparentes e éticas é necessário que o apoio ou o voto do evangélico não seja baseado em devoção incondicional, em idolatria ou na ideia de que o candidato eleito é inerrante, infalível e “enviado de Deus” para representar os evangélicos. Cobrar de seus representantes boas práticas de combate à corrupção e responsabilização, por meio do devido processo legal, é dever e direito de todo cidadão, e nós, evangélicos, temos que ter uma visão mais ativa neste sentido.
Ziel Machado: Nosso testemunho público deve ser respaldado por uma vida de compromisso com a santidade.
Lamento esses episódios de corrupção nos quais há cristãos envolvidos, embora eu também acredite no perdão, na reconciliação e na restauração. Mais do que lamentar, porém, episódios como esses devem nos levar a refletir: De que modo podemos, como igreja, nos preparar para evitar que coisas assim aconteçam?
Talvez devamos começar a pedir a Deus que levante no meio da comunidade evangélica políticos profissionais que se preparem para atuar no espaço público, que saibam a responsabilidade que têm perante os cidadãos brasileiros e que prestem contas de sua prática política à igreja. Conhecemos algumas experiências isoladas de cristãos na política que têm essa prática de prestar contas a seus eleitores.
O princípio a ser seguido está descrito em 2Coríntios 8.20-21, texto em que Paulo diz que está “tendo o cuidado de fazer o que é correto, não apenas aos olhos do Senhor, mas também aos olhos dos homens”. Portanto, a integridade é um valor importante do qual o cristão não pode abrir mão.
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Jacira Monteiro: Os cristãos, assim como todos os demais cidadãos, devem exigir que os corruptos sejam depostos de sua função e responsabilizados — seja por meio de cassação ou até mesmo de prisão, a depender da gravidade do fato. Como diz a palavra de Deus: “Quando os crimes não são castigados logo, o coração do homem se enche de planos para fazer o mal” (Eclesiastes 8.11). Se não houver punição para o iníquo, há um incentivo, um passe-livre para que esse pecado seja repetido. Isso não ajuda o Shalom, não ajuda o florescimento da sociedade.
Ricardo Barbosa: Vou desconsiderar o comentário inicial e responder apenas à pergunta: “Como os cristãos podem exigir que os políticos prestem contas e sejam responsabilizados?”
Existem leis e instituições que combatem e previnem a corrupção. Se elas não funcionam de forma adequada, e infelizmente no campo da corrupção política não têm funcionado, temos que buscar meios institucionais para melhorar o sistema. Isso envolve, principalmente, a escolha de nossos representantes no congresso e nas câmaras estaduais e municipais. São eles que podem legislar em favor de mudanças no sistema judiciário.
Além de exigir que políticos prestem contas e sejam responsabilizados, devemos começar com o dever de casa. Devemos praticar a transparência na prestação de contas das igrejas. Precisamos ser cidadãos responsáveis com o nosso trabalho e com o uso dos recursos públicos. A corrupção está presente nas ações e nas decisões de todas as esferas da sociedade.
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