O arrependimento tornou-se possível

Leitura do Advento para o dia 8 de dezembro.

Christianity Today December 8, 2021

Segunda semana: Pecado e Redenção


João Batista desempenhou um papel crucial em preparar as pessoas para o Messias. Esta semana vamos refletir sobre o que a Escritura diz sobre o propósito de João. Refletiremos a respeito de como seus ensinamentos sobre o pecado e o arrependimento podem orientar nossa própria vida de discipulado cristão.

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Leia Lucas 3.1-6

Na concepção judaica, o arrependimento era um meio de restaurar a bênção de Deus. Embora o arrependimento fizesse as pessoas se lembrarem de seus pecados, ele era, com toda certeza, uma boa notícia. Vemos isso de modo evidente no livro de Deuteronômio. Enquanto Moisés reafirmava os termos da aliança que Deus firmou com Israel, ele lembrava ao povo de Deus que o pecado sempre lhes traria ruína. Como ele disse, alguém do povo, arriscando a si mesmo, poderia “invocar uma bênção sobre si mesmo e pensar: ‘Estarei em segurança, muito embora persista em seguir o meu próprio caminho’” (29.19). Mas, a despeito de todo o prazer que as pessoas acreditam que o pecado lhes proporciona, no final ele sempre acarreta uma catástrofe — e Israel aprendeu isso do modo mais difícil.

O arrependimento é um chamado para que nos convertamos de nossos pecados e nos voltemos a Deus. Em outras palavras, é um chamado para deixarmos de ferir a nós mesmos e nos voltarmos para a autopreservação. O arrependimento é uma medida que salva vidas.

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A mensagem de João nos lembra, porém, de que esta mudança só é possível porque Deus enviou “uma palavra […] a João filho de Zacarias no deserto” (Lc 3.2). A boa notícia anunciada é que o próprio Deus preparou o caminho para que seu povo volte para ele. Durante o Advento, nós nos lembramos de que o arrependimento se tornou possível porque Deus encarnou uma Palavra — e a enviou para falar, para servir, para salvar.

Somos tentados a imaginar o mundo antigo da Bíblia como muito mais estranho do que familiar. Em frases como: “No décimo quinto ano do reinado de Tibério César” (Lc 3.1), somos levados de volta às longas explicações de nosso professor de História do Ensino Médio. Contudo, o evangelho de Lucas nos apresenta um mundo reconhecível. Um mundo onde a cobiça por poder, celebridade e riqueza reinava suprema. Neste mundo, mesmo decisões políticas erradas poderiam ser endireitadas. Em 19 d.C., por exemplo, Tibério César exilou a comunidade judaica de Roma, simplesmente porque isso lhe agradou. Neste mundo, as lealdades religiosas foram corrompidas por compromissos políticos. Os arqueólogos acreditam que podem ter encontrado a casa de Caifás — seus vários andares, instalações de água e pisos de mosaico, todos testemunham a cumplicidade do sumo sacerdote com o partido no poder. Muito parecido com o nosso, este mundo estava esperando por resgate.

João Batista pode ter sido membro de uma das pequenas comunidades de santidade que fugiram de Jerusalém por causa da corrupção. Do deserto, João pregou seu “batismo de arrependimento para perdão dos pecados” (v. 3) e anunciou um alto clamor de salvação (v. 6). Como o precursor de Jesus, João estava abrindo um caminho para que as pessoas vissem o que Roma, apesar de suas promessas, nunca poderia oferecer.

Jen Pollock Michelvive em Toronto, é escritora, apresentadora de podcast e palestrante. Ela é autora de quatro livros, entre eles A Habit Called Faith e Surprised by Paradox.

Medite em Lucas 3.1-6.


Como a ênfase de João no arrependimento é essencial na preparação do caminho para Jesus? Quando você experimentou o arrependimento como “uma medida de salvamento”? Ore convidando Deus a aprofundar sua compreensão e prática de arrependimento.

O filho que nasce

Leitura do Advento para o dia 7 de dezembro.

Christianity Today December 7, 2021

Segunda semana: Pecado e Redenção


João Batista desempenhou um papel crucial em preparar as pessoas para o Messias. Esta semana vamos refletir sobre o que a Escritura diz sobre o propósito de João. Refletiremos a respeito de como seus ensinamentos sobre o pecado e o arrependimento podem orientar nossa própria vida de discipulado cristão.

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Leia Lucas 1.67-79

No meu setor da igreja, oramos as palavras da canção de Zacarias todos os dias durante o culto da Oração da Manhã. Ao começar o novo dia, dizemos ou cantamos: “O nascer do sol nos visitará do alto para iluminar os que se assentam nas trevas e na sombra da morte, para guiar os nossos pés no caminho da paz” (v. 78,79, ESV).

Qualquer pessoa que já se deu ao trabalho de acordar cedo e escalar uma colina ou torre para ver a crista ardente do sol se transformar em uma bola fulgurante e resplandecente no horizonte saberá como é fácil tratar o nascer do sol como uma metáfora de esperança. O sol nascente diz: “O que quer que tenha acontecido ontem, eis um dia de novas possibilidades. Há vida além das trevas e paz além da luta”.

Talvez o uso mais famoso da metáfora venha do profeta Malaquias, do Velho Testamento, que retrata o sol como um pássaro pacífico, cuja trajetória de voo derrama misericórdia sobre os que olham para cima a fim de vê-lo. Na paráfrase memorável de Eugene Peterson, Malaquias 4.2 diz: “Para vocês, nascer do sol! O sol da justiça nascerá sobre os que honram meu nome, irradiando cura de suas asas” (MSG).

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O que esperamos quando dizemos essas palavras manhã após manhã é que a luz quente do sol simplesmente nos lembre da luz de Deus que brilha em nosso coração com nova graça para o dia que se inicia (2Co 4.6).

Contudo, uma das coisas que sempre me chocam quando oro a canção de Zacarias é que o símbolo um tanto difuso e universalmente reconhecível do sol nascente fica lado a lado com uma referência resistentemente concreta a uma criança específica da história: o primo de Jesus, aquele que conhecemos como João Batista. “Você, meu filho”, canta Zacarias, deixando de lado as imagens grandiosas que estava empregando para agora se concentrar em um ser humano em particular, “será chamado de profeta do Altíssimo; pois você irá adiante do Senhor para preparar o caminho para ele” (Lc 1.76).

O significado disso para minha vida de oração, passei a entender, é que todas as belas mas um tanto indeterminadas palavras sobre luz divina, saúde, paz e assim por diante, ditas neste período, entram em foco nos eventos que cercam determinado profeta israelita do primeiro século. Que um dia, apontando para longe de si mesmo, declararia sobre Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). O sol deve nos fazer lembrar da esperança, sim — mas, particularmente, da esperança do próprio Filho.

Wesley Hill é pastor da Trinity Episcopal Cathedral, em Pittsburgh, Pensilvânia, e professor associado de Novo Testamento no Western Theological Seminary, em Holland, Michigan.

Medite em Lucas 1.67-79.


O que Deus está chamando sua atenção na profecia de Zacarias? O que essa canção enfatiza sobre Deus? Sobre a humanidade? Sobre o propósito de João e o plano de Deus?

Consolem meu povo

Leitura do Advento para o dia 6 de dezembro.

Christianity Today December 6, 2021

Segunda semana: Pecado e Redenção


João Batista desempenhou um papel crucial em preparar as pessoas para o Messias. Esta semana vamos refletir sobre o que a Escritura diz sobre o propósito de João. Refletiremos a respeito de como seus ensinamentos sobre o pecado e o arrependimento podem orientar nossa própria vida de discipulado cristão.

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Leia Isaías 40.1-5

À medida que buscamos compreender esta bela passagem, seu significado para a comunidade judaica pode nos abrir uma janela para entender melhor seu contexto e significância. O povo judeu em todo o mundo passa por um ciclo de leitura bíblica semanal, semelhante ao lecionário cristão. As semanas mais negras do ciclo caem no meio do verão, conduzindo ao dia de Tisha B’Av, o mais triste do calendário judaico. Ele evoca a memória da destruição do primeiro e do segundo templo em Jerusalém. Tisha B’Av também marca inúmeras outras tragédias ao longo da história judaica. É um dia de jejum e luto. O livro das Lamentações é lido publicamente e o pecado de Israel diante de Deus é revelado.

Mas este não é o fim da história. Imediatamente após Tisha B’Av, o ciclo de leitura entra em sete semanas de consolo, levando ao Rosh Hashanah, o Ano Novo Judaico. A leitura de Isaías 40.1-26 é designada para a semana após Tisha B’Av, oferecendo um lembrete de que o julgamento não é a palavra final. A cada ano, o povo judeu caminha pelas trevas da repreensão divina e é então conduzido à lembrança de que a graça e o perdão de Deus acabam vencendo. Eles emergem de uma época de cinzas e desespero seguindo em direção a uma nova promessa do amor inabalável de Deus.

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Isaías escreveu durante a expansão do Império Assírio e no fim do Reino de Israel (e eventualmente Judá). Foi uma época tumultuada e trágica, que Isaías retrata com imagens assustadoras. No entanto, Isaías sabia que este não seria o destino final de Israel. Sua descrição da restauração é igualmente visionária, incutindo esperança e perseverança em um povo que, sitiado pela batalha, duvidava da presença de Deus em seu meio.

As palavras de Isaías também apontam para o auge da revelação divina no Novo Testamento e o papel desempenhado por João Batista, que é identificado como “o que clama no deserto” (Mt 3.3). A referência ao árduo serviço de Jerusalém que é completado e seu pecado que é pago (Is 40 2) um dia se tornaria verdade para todas as nações, pois Jesus proclamou que todas as pessoas na terra são agora convidadas a um relacionamento de aliança com Deus.

Os contornos desta nova aliança inaugurada pela vida, morte e ressurreição de Jesus espelham a aliança que Israel conhecia há muito tempo. Embora haja repercussões para o pecado, o perdão e o compromisso de Deus para com seu povo são renovados continuamente, como ondas quebrando na praia. Que possamos avançar para o conforto da presença e das promessas de Deus enquanto aguardamos a revelação completa de sua glória, assim como Isaías profetizou.

Jen Rosner é professora assistente afiliada de teologia sistemática no Fuller Theological Seminary e autora de Finding Messiah: A Journey Into the Jewishness of the Gospel.

Medite em Isaías 40.1-5.

(

Opcional: Leia também os v. 6-26.

)
Como o contexto de tragédia e tristeza, no ciclo judaico de leitura das Escrituras e nos dias de Isaías, enriquece sua leitura desta passagem e o conforto que ela oferece? Como isso pode aprofundar sua compreensão do propósito de João Batista?

Ele não nos deixará sozinhos

Leitura do Advento para o dia 5 de dezembro.

Christianity Today December 5, 2021

Segunda semana: Pecado e Redenção


João Batista desempenhou um papel crucial em preparar as pessoas para o Messias. Esta semana vamos refletir sobre o que a Escritura diz sobre o propósito de João. Refletiremos a respeito de como seus ensinamentos sobre o pecado e o arrependimento podem orientar nossa própria vida de discipulado cristão.

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Leia Malaquias 3.1-4

A passagem que estamos lendo hoje fica no último livro do Antigo Testamento, pouco antes de virarmos a página para o primeiro capítulo de Mateus. Os israelitas voltaram do exílio na Babilônia, o templo de Jerusalém foi reconstruído e, ainda assim, seu relacionamento com Deus está… complicado.

O livro de Malaquias está estruturado em torno de uma série de declarações de Deus, que são respondidas por perguntas e acusações feitas pelo povo de Israel. À medida que esses diálogos se desenrolam, a rebelião e o pecado contínuos de Israel são expostos, assim como o caráter inabalável do Deus de Israel. Nossa passagem no capítulo 3 é introduzida pela súplica de Israel para que o Deus da justiça apareça (2.17) e pela promessa de Deus de enviar um mensageiro que preparará o caminho do Senhor (3.1). Depois disso, o próprio Deus virá ao templo. Que promessa encorajadora! O Deus que escolheu os israelitas como seu povo precioso virá, demonstrando novamente seu compromisso com eles.

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Essa esperança, no entanto, adquire um tom severo no próximo versículo. Sim, Deus está vindo — mas quem pode suportar o dia de sua vinda? Deus não vai dar tapinhas nas costas dos israelitas por seu serviço indiferente no templo ou sua recusa em honrar a Deus plenamente. Na verdade, o Deus que está vindo é como o fogo do refinador e o sabão do lavandeiro, levando os israelitas a julgamento por suas injustiças e obstinação.

Durante o Advento, enquanto aguardamos o nascimento do Messias e ansiamos pela vinda de Deus mais uma vez, o anseio é palpável. Nosso mundo está quebrado e precisamos de um salvador. Mas, como os israelitas, o salvador que aguardamos pode não ser exatamente como esperamos. Novamente, ele não pode nos dar tapinhas nas costas. Em vez disso, nossas deficiências serão expostas e nós também seremos chamados a nos arrepender e mudar nossos caminhos.

Mas esse é exatamente o ponto. Nosso Deus não é um Deus que nos deixa sozinhos e nos deixa ser exatamente como somos. Ele é um Deus que nos muda, e essa mudança só pode acontecer por meio de um despertar para as partes de nossas vidas que precisam desesperadamente de reordenação. Essa reordenação, essa abertura que nós mesmos damos à mão refinadora de Deus, é o que realmente nos aproximará mais dele e do povo que fomos feitos para ser.

Estejamos abertos para que Deus entre em nossa vida e abracemos a ideia de que Deus não é exatamente como nós o imaginamos. Mas podemos confiar na bondade e na mansidão deste grande Deus, o Deus da fidelidade, o Deus que não nos deixa sozinhos.

Jen Rosner é professora assistente afiliada de teologia sistemática no Fuller Theological Seminary e autora de Finding Messiah: A Journey Into the Jewishness of the Gospel.

Leia Malaquias 3.1-4.


Considere o significado dessa passagem em várias camadas possíveis: em seu contexto histórico e em sua cultural original, na vinda de João Batista e de Jesus, e no retorno de Cristo. O que esta profecia revela sobre o caráter e o amor de Deus? Ore convidando o trabalho de refinamento de Deus em sua vida.

A vida do evangelho em pessoa

Leitura do Advento para o dia 4 de dezembro.

Christianity Today December 4, 2021
Nicole Xu

Primeira semana: O Retorno de Cristo e o Reino Eterno


Esta semana vamos nos concentrar no Segundo Advento: em nossa esperança segura do retorno de Cristo. Exploraremos a descrição que a Escritura faz do poder de Cristo e do justo juízo, bem como do futuro glorioso que esperamos ter com Deus na nova criação.

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Leia 1 Tessalonicenses 3.9-13

Você já sentiu muita falta de uma pessoa e quis vê-la novamente? Ao longo desses meses aparentemente intermináveis ​​de pandemia, há muitos entes queridos que não conseguimos ver, cumprimentar e abraçar pessoalmente. Zoom e FaceTime simplesmente não resolvem. Desejamos estar no mesmo espaço, mesma sala, mesmo lugar. Ansiamos por vê-los face a face.

O apóstolo Paulo também ansiava por ver os crentes tessalonicenses pessoalmente. Ele está muito feliz com o relato de confiança trazido por Timóteo de que eles estavam incorporando o evangelho, vivendo-o na prática, “permanecendo firmes no Senhor” (3.8). Paulo deseja visitá-los, mas esta carta devia ser suficiente por enquanto. Qual é a sua mensagem para eles? Que a Boa-Nova deve ser vivida pessoalmente até que vejamos Jesus face a face. O que isso parece? A mesma Boa-Nova do amor de Jesus é para “crescer e transbordar uns para com os outros e para com todos” (v. 12).

Este tipo de amor não é fácil de incorporar em nosso mundo dividido. Muitos hoje permitem que os valores mundanos se insinuem e suplantem o amor cristão e o testemunho do evangelho. Podemos estar mais divididos do que nunca como igreja.

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Esse lembrete oportuno de Paulo para crescer e transbordar no amor pelos outros não é algo que podemos alcançar por nós mesmos. Em vez disso, ele diz: “Que o Senhor faça crescer o amor que vocês têm…” (v. 12).

As implicações do evangelho são vividas por meio de nosso amor semelhante ao de Cristo, especialmente por aqueles que consideramos estar na categoria de “todos os outros”. Não podemos afirmar que esperamos ansiosamente para ver Jesus na Segunda Vinda — a consumação da história do evangelho — se não podemos suportar a visão de nossos irmãos e irmãs no Senhor hoje!

Enquanto aguardamos a volta de Jesus, Paulo exorta os crentes a “serem irrepreensíveis em santidade” (v. 13) vivendo em uma sociedade que celebra a transigência e o pecado. Nossa expectativa esperançosa da Segunda Vinda nos desafia a sempre buscar uma vida santa para a glória de Deus. Isso inclui suportar uns aos outros e ser paciente com aqueles de quem discordamos, confiando no poder de Deus para fazer isso.

À luz do retorno de Jesus, Paulo exortou os tessalonicenses a viver desta forma: deixar seu discipulado presente ser moldado por sua esperança futura. Assim como eles, ansiamos por ver Jesus face a face. O Advento nos lembra de que um dia o faremos. Que possamos nos esforçar para ser pessoas de amor e santidade até que isso ocorra. Venha rápido, Senhor Jesus!

Matthew D.Kim é professor de Pregação e Teologia Prática da cátedra Professor George F. Bennett, no Gordon- Conwell Theological Seminary, e autor da obra Preaching to People in Pain.

Reflita em 1Tessalonicenses 3.9-13.


Como a expectativa pelo retorno de Cristo molda sua vida diária? O quanto você o deseja ao viver a vida do evangelho pessoalmente? Ore, convidando Deus para fortalecer o seu coração e aprofundar seu amor pelos outros enquanto você aguarda o retorno de Cristo.

Vem, Senhor Jesus!

Leitura do Advento para o dia 3 de dezembro.

Christianity Today December 3, 2021
Nicole Xu

Primeira semana: O Retorno de Cristo e o Reino Eterno


Esta semana vamos nos concentrar no Segundo Advento: em nossa esperança segura do retorno de Cristo. Exploraremos a descrição que a Escritura faz do poder de Cristo e do justo juízo, bem como do futuro glorioso que esperamos ter com Deus na nova criação.

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Leia Apocalipse 22.12-20

A Bíblia se encerra com a oração: “Vem, Senhor Jesus”. É uma oração que ecoa em muitos de nossos hinos do Advento, como “Vem, ó Vem, Emanuel” e “Vem, Jesus, esperado por muito tempo”.

Os cristãos oram por isso desde os primeiros dias; é a oração cristã mais antiga que conhecemos (sem contar o Pai-Nosso). Sabemos disso porque Paulo cita a versão original em aramaico, Maranatha, que significa “Nosso Senhor, venha!” (1Co 16.22). Se Paulo esperava que seus leitores de língua grega em Corinto reconhecessem essa expressão aramaica, ela deve ter tido um lugar-chave na adoração cristã primitiva.

Apocalipse 22.20 é uma resposta à promessa de Jesus de que ele virá. No versículo 12 e novamente no versículo 20, o próprio Jesus diz: “Eu venho em breve”. Essa promessa perpassa todo o livro do Apocalipse (veja 2.5,16; 3.11; 16.15; 22.7,12,20), prometendo julgamento para alguns e bênção para outros, até que finalmente evoca uma resposta: “Vem!”.

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Ouvimos essa resposta primeiro no versículo 17. É a oração feita pelo “Espírito e a noiva”. O “Espírito” provavelmente significa o Espírito falando por meio de profetas cristãos em adoração. A noiva é a igreja quando se junta a esta oração do Espírito.

Podemos imaginar a noiva esperando o Noivo chegar. Ela está adornada e pronta para ele (veja 19.7,8). A noiva não é a igreja como tal, mas a igreja como deveria ser, na expectativa e preparada para a vinda do Senhor. É a igreja que ora: “Vem, Senhor Jesus!”.

Devemos imaginar o livro do Apocalipse sendo lido em voz alta no culto cristão. Quando o leitor lê a próxima frase, “Que todos os que ouvirem digam: ‘Vem!’” (22.17, NRSV), toda a congregação se junta à oração, gritando: “Vem, Senhor Jesus!”. Sua oração sincera os identifica como a noiva do Cordeiro.

Contudo, na segunda metade do versículo 17, há uma mudança no uso da palavra: “venha”. Agora são os ouvintes, “todos os que têm sede”, os quais são convidados a “vir” e receber de Deus “a água da vida” (NRSV). A água da vida pertence à nova criação (21.6) e à Nova Jerusalém (22.1). Mas ela já está disponível no presente para aqueles que aguardam a vinda de Jesus.

É como se ele já tivesse vindo até nós, antes de sua vinda final, e nos tivesse dado uma amostra da nova criação. Pois é isso que a salvação é. Esperamos por ele porque nós já o conhecemos.

Richard Bauckham é professor emérito de estudos do Novo Testamento na Universidade de St Andrews, Escócia, e autor de muitos livros, entre eles Theology of the Book of Revelation.

Reflita sobre Apocalipse 22.12-20.


O que significa orar “Vem, Senhor Jesus”? Como esta oração desafia ou muda você? Hoje, junte-se a cristãos em todo o mundo e através dos séculos enquanto você ora esta antiga oração.

Download Gratuito: Leituras devocionais do Advento 2021

Dos editores e colaboradores da Christianity Today, O Evangelho do Advento é um devocional de 4 semanas para ajudar pessoas, pequenos grupos e famílias durante a estação do Advento.

Leituras devocionais do Advento 2021 da Christianity Today

Leituras devocionais do Advento 2021 da Christianity Today

Christianity Today December 3, 2021

O Advento da Humildade

Jesus é a razão para pararmos de nos concentrar em nós mesmos.

Adoration of the Child

Adoration of the Child

Christianity Today December 2, 2021
Gerard van Honthorst / WikiArt

Inúmeros devocionais de Natal destacam as circunstâncias humildes do nascimento de Jesus — ele nasceu entre pastores, em um estábulo rústico, com uma manjedoura fazendo as vezes de berço. Quando o próprio Jesus tentou resumir por que as pessoas deveriam assumir o jugo de segui-lo, disse que o motivo era por ele ser manso e humilde (Mt 11.29). Raramente, porém, exploramos todas as implicações de como a humildade radical de Jesus molda a maneira como vivemos nossa vida todos os dias.

A humildade é algo crucial para os cristãos. Só podemos receber a Cristo por meio da mansidão e da humildade (Mt 5.3,5; 18.3-4). Jesus se humilhou e foi exaltado por Deus (Fp 2.8-9); portanto, alegria e poder por meio da humildade é a própria dinâmica da vida cristã (Lc 14.11; 18.14; 1Pe 5.5).

O ensino parece simples e óbvio. O problema consiste no fato de que é preciso muita humildade para entender a humildade, e ainda mais humildade para resistir ao orgulho que surge tão naturalmente, até mesmo em uma simples discussão sobre o assunto.

Estamos caminhando em terreno escorregadio, pois a humildade não pode ser alcançada diretamente. Assim que tomamos consciência do veneno do orgulho, começamos a notá-lo ao nosso redor. Nós o ouvimos nas vozes sarcásticas e críticas das colunas dos jornais e dos blogs. Nós o vemos em líderes cívicos, culturais e empresariais que nunca admitem fraqueza nem fracasso. Também o vemos no ciúme, na autopiedade e na ostentação de nosso próximo e de alguns amigos.

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E, portanto, juramos não falar nem agir assim. Mas, então, quando notamos em nós mesmos “uma mudança para a mentalidade humilde”, imediatamente nos tornamos presunçosos — isso, porém, é sentir orgulho de nossa humildade. Se nos pegarmos fazendo isso, ficaremos particularmente impressionados com o quão refinados e sutis nos tornamos. A humildade, no entanto, é tão acanhada. Vai embora, se você começar a falar sobre ela. Até mesmo perguntar “Sou humilde?” é não ser assim. Examinar o próprio coração, mesmo que em busca de orgulho, muitas vezes leva a pessoa a se orgulhar de sua diligência e circunspecção.

A humildade cristã não é pensar mal de si mesmo; é pensar menos em si mesmo, como disse C. S. Lewis de maneira tão memorável. É não ficar sempre prestando atenção em si mesmo, em como você está passando e como está sendo tratado. É o “bendito esquecimento de si mesmo”.

A humildade é um subproduto da crença no evangelho de Cristo. No evangelho, temos uma confiança que não se baseia em nosso desempenho, mas no amor de Deus em Cristo (Rm 3.22-24). Isso nos livra de termos de estar sempre olhando para nós mesmos. Nosso pecado era tão grande que nada menos do que a morte de Jesus poderia nos salvar. Ele teve de morrer por nós. Contudo, seu amor por nós era tão grande que Jesus ficou feliz em morrer por nós.

Graça, não bondade

Estamos pisando em terreno escorregadio quando falamos de humildade, pois a religião e a moralidade inibem a humildade. É comum na comunidade evangélica falar sobre a cosmovisão de alguém — sobre o conjunto de crenças e compromissos básicos que moldam a maneira como vivemos em cada aspecto específico. Outros preferem o termo “identidade narrativa”. Esta é um conjunto de respostas a perguntas como: “Quem sou eu? Do que trata a minha vida? Para que estou aqui? Quais são as principais barreiras que me impedem de me sentir realizado? Como posso lidar com essas barreiras?”

Existem duas identidades narrativas básicas em ação entre os cristãos professos. A primeira é a que chamarei de identidade narrativa do desempenho moral. Está presente em pessoas que, do fundo do coração, dizem: Eu obedeço; portanto, sou aceito por Deus. A segunda é a que chamarei de identidade narrativa da graça. Este princípio operacional básico é o seguinte: Sou aceito por Deus, por meio de Cristo; portanto, eu obedeço.

As pessoas que vivem com base nesses dois princípios diferentes podem parecer superficialmente semelhantes. Elas podem sentar-se lado a lado no banco da igreja, ambas se esforçando para obedecer à lei de Deus, podem orar, doar dinheiro com generosidade, ser bons membros de uma família. Mas estão fazendo isso por motivos radicalmente diferentes, em espíritos radicalmente diferentes, o que resulta em personagens pessoais radicalmente diferentes.

Quando as pessoas que vivem segundo a identidade narrativa do desempenho moral são criticadas, ficam furiosas ou arrasadas, pois não podem tolerar nada que ameace sua autoimagem de “boa pessoa”.

No evangelho, porém, nossa identidade não é construída sobre essa imagem e temos lastro emocional para lidar com as críticas sem contra-atacar ninguém. Quando as pessoas que vivem segundo a identidade narrativa do desempenho moral baseiam sua autoestima no fato de trabalharem com afinco ou de serem teologicamente instruídas, elas necessariamente precisam desprezar aqueles que consideram preguiçosos ou teologicamente fracos.

Mas quem entende o evangelho não pode desprezar ninguém, uma vez que foi salvo por pura graça, não por sua doutrina perfeita nem por seu sólido caráter moral.

O fedor do moralismo

Outra marca da narrativa do desempenho moral é uma necessidade constante de encontrar falhas, de ganhar discussões e de provar que todos os oponentes não só estão enganados como são traidores desonestos. No entanto, quando o evangelho é compreendido em sua profundidade, nossa necessidade de ganhar discussões é aniquilada e nossa linguagem se torna cheia de graça. Não precisamos ridicularizar nossos oponentes; em vez disso, podemos enfrentá-los com respeito.

Pessoas que vivem segundo a narrativa do desempenho moral usam de humor sarcástico e hipócrita ou não têm nenhum senso de humor. C. S. Lewis fala da “austera concentração no Eu, que é a marca do inferno”. O evangelho, no entanto, cria um suave senso de ironia. Encontramos muitos motivos para rir, a começar por nossas próprias fraquezas. Elas não nos ameaçam mais, pois nosso valor último não se baseia em nosso histórico nem em nosso desempenho.

Martinho Lutero teve o insight básico de que o moralismo é o modo padrão do coração humano. Mesmo os cristãos, ou seja, os que creem no evangelho da graça, podem em certo nível continuar a agir como se tivessem sido salvos por suas obras. Em “O grande pecado”, trecho da obra Cristianismo puro e simples, C. S. Lewis escreve: “Se percebermos que nossa vida religiosa nos faz sentir que somos bons — e, acima de tudo, que somos melhores do que os outros — acho que podemos ter a certeza de que estamos agindo não sob a influência de Deus, mas sim do Diabo”.

A humildade marcada pelo esquecimento de si mesmo e inspirada pela graça deve ser uma das coisas principais que distingue os cristãos de muitos outros tipos de pessoas morais e decentes deste mundo. Acho justo, porém, dizer que a humildade, a principal marca de diferenciação do cristão, está em grande parte ausente na igreja. Os descrentes, detectando o fedor da santidade hipócrita, afastam-se.

Alguns dirão: “Farisaísmo e moralismo não são os grandes problemas da nossa cultura atual. Nossos problemas são licenciosidade e antinomianismo. Não há necessidade de falar sobre graça o tempo todo para as pessoas pós-modernas”. Contudo, os pós-modernos vêm rejeitando o cristianismo há anos, por pensarem que ele é indistinguível do moralismo. Somente se lhes mostrarmos que existe uma diferença — e que aquilo que rejeitaram não era o verdadeiro cristianismo — eles começarão a ouvir novamente.

Obtenha aqui sua humildade renovada

Este é o ponto em que o autor deve apresentar soluções práticas. Eu não tenho nenhuma. E explico a seguir o porquê.

Primeiro, o problema é grande demais para soluções práticas. A ala da igreja evangélica que está mais preocupada com a perda da verdade e com a transigência é, de fato, famosa em nossa cultura por seu farisaísmo e arrogância. No entanto, existem muitos em nossos círculos que, em reação ao que percebem como arrogância, estão se afastando de muitas das doutrinas protestantes clássicas (como as doutrinas da justificação e da expiação substitutiva) que são cruciais e insubstituíveis, além de serem os melhores recursos possíveis para a humildade.

Em segundo lugar, falar diretamente sobre maneiras práticas de se tornar humilde, seja como indivíduo ou como comunidade, é sempre um tiro que sairá pela culatra. Eu disse que as principais alas da igreja evangélica estão erradas. Se é assim, quem sobrou, então? Só eu? Estou começando a pensar que apenas uns poucos de nós, uns poucos felizardos, alcançamos o equilíbrio de que a igreja tanto precisa? Acho que ouço o diabo aprendiz sussurrando em meu ouvido: “Sim, só você pode realmente ver as coisas com clareza.”

Sim, de fato espero esclarecer algo ou não teria escrito sobre o assunto. Mas não há como começar a dizer às pessoas de que maneira se tornarem humildes sem destruir quaisquer resquícios de humildade que porventura lhes restem.

Terceiro, a humildade só é alcançada como um subproduto da atitude de compreender o evangelho da graça, de crer e se maravilhar nele. O evangelho, porém, não nos transforma de maneira mecânica. Recentemente, ouvi um sociólogo dizer que, em sua maior parte, as estruturas de sentido pelas quais navegamos na vida estão tão profundamente arraigadas em nós que funcionam de forma “pré-reflexiva”. Elas não existem apenas como uma lista de proposições, mas também como temas, motivações e atitudes. Quando ouvimos o evangelho ser pregado ou quando meditamos sobre ele nas Escrituras, nós o introduzimos de forma tão profunda em nosso coração, nossa imaginação e em nossos pensamentos, que começamos a “viver” instintivamente o evangelho.

Portanto, vamos pregar a graça até que a humildade comece a crescer em nós.

Tim Keller é pastor da Igreja Presbiteriana Redeemer em Manhattan, Nova York, e autor de The reason for God. (Dezembro / 2008)

Traduzido por Mariana Albuquerque

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Cidade de luz

Leitura do Advento para o dia 2 de dezembro.

Christianity Today December 2, 2021
Nicole Xu

Primeira semana: O Retorno de Cristo e o Reino Eterno


Esta semana vamos nos concentrar no Segundo Advento: em nossa esperança segura do retorno de Cristo. Exploraremos a descrição que a Escritura faz do poder de Cristo e do justo juízo, bem como do futuro glorioso que esperamos ter com Deus na nova criação.

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Leia Apocalipse 21.9—22.5

Quando me mudei da Inglaterra para morar na Escócia, uma coisa que achei difícil foram os períodos mais curtos de luz do dia durante o inverno. Em dias nublados, chega a parecer que nunca houve luz alguma. Achei isso um tanto deprimente, mas algumas pessoas são seriamente afetadas por essa condição e precisam se expor a lâmpadas que imitam a luz do sol. Todos nós dependemos da luz do sol para nossa saúde física e nosso bem-estar mental.

Não é surpreendente que em muitas culturas as pessoas tenham adorado o sol e às vezes a lua também. Por que um dia ensolarado eleva nosso ânimo? Por que muitas pessoas gostam de tomar sol? A ciência confirma que a distância de nosso planeta do Sol, com a luz e o calor que ele fornece, é essencial para a vida na Terra.

Nesta criação, as bênçãos de Deus são mediadas para nós por coisas criadas, e a luz do sol está entre elas. Na nova criação, viveremos na presença imediata de Deus, imersos nela como agora estamos na luz do dia — e não haverá noite.

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Imagine isto: uma cidade cheia de luz. Imagine-a como uma joia cristalina brilhante (Ap 21.11), a luz refletida em todas as pedras preciosas multicoloridas listadas nos versículos 19 e 20. Imagine, se puder, a maneira como a luz brilha através do ouro transparente de que a cidade é feita (v. 18,21). Observe essa cidade de longe. Ela fica no topo de uma montanha (v. 10) e brilha sobre toda a região circundante. É a luz do sol daquele mundo. É a luz pela qual as pessoas vivem (v. 24).

Pense, agora, em um vitral de uma igreja com representações vívidas de figuras bíblicas ou outras. O vitral em si é bonito o tempo todo, mas, quando a luz do sol brilha através da janela, ele brilha. Suas cores intensas se iluminam! Na Nova Jerusalém, a beleza de todas as criaturas de Deus será um deleite para todos. Vamos vê-las em suas verdadeiras cores. A luz da presença imediata de Deus não cancelará suas formas e cores, sua realidade criada, mas vai iluminá-las, transfigurando-as.

Em toda a Bíblia, a luz é um símbolo de Deus e de Jesus, que disse: “Eu sou a luz do mundo”, em João 8.12. Pense nos modos pelos quais a luz de Deus já brilha em nossa vida neste mundo — como ela ilumina nossa vida, como podemos andar nessa luz. Se virmos a luz agora, ela iluminará o caminho que podemos percorrer até a cidade de luz. O que podemos levar conosco para apresentar a Deus e contribuir para a vida dessa cidade eterna (v. 24,26)?

Richard Bauckham é professor emérito de estudos do Novo Testamento na Universidade de St Andrews, Escócia, e autor de muitos livros, entre eles Theology of the Book of Revelation.

Contemple Apocalipse 21.9—22.5.


O que mais impressiona você nesse cenário? As descrições de luz brilhante e da glória reluzente transmitem quais verdades sobre Deus? Sobre a nova criação? Sobre a nossa esperança final?

Eu nunca me tornei heterossexual. Talvez esse nunca tenha sido o objetivo de Deus.

Por que abracei a ética sexual da Bíblia antes de entendê-la.

Christianity Today December 1, 2021
Ken Richardson

Esta não é uma história sobre ser gay e se tornar heterossexual.

Mas talvez eu esteja me adiantando. Vamos voltar ao início. Meus pais se conheceram em uma boate gay, em San Francisco. Minha mãe só queria um lugar seguro para dançar. Meu pai era o segurança do local. Ele abandonou minha mãe e a mim depois de abusar de nós duas fisicamente. Eu nem sabia que ele existia até meus 10 anos, época em que minha mãe se casou de novo.

Enquanto eu crescia, não lembro de ter hora certa para dormir. Podia assistir a filmes de terror quando ainda era bem nova. Quando o assunto era sexo, nada era escondido. Ouvia piadas e histórias e, quando eu tinha 10 anos, ajudei minha mãe a recortar imagens de uma revista de adultos para uma despedida de solteira.

Aos 14 anos, conheci meu primeiro namorado. Ríamos das piadas um do outro, assistíamos programas semelhantes e nos dávamos bem. Mas logo ele e eu terminamos, como os adolescentes costumam fazer.

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Um ano depois, conheci minha primeira namorada em um curso avançado de história europeia. Ela era uma veterana, bonita e popular. Como eu me saí muito bem naquela matéria, ela me pediu que a ajudasse a estudar. Quando nos encontramos na casa dela, algo de diferente aconteceu. A conversa fluía fácil, rápida e de forma inesperada. Fiquei impressionada com sua beleza. A atração parecia com a que outras garotas descreviam sentir por um rapaz.

Na semana seguinte, comecei a me perguntar: “Está tudo bem eu me sentir assim em relação a uma garota?” Eu estava vagamente familiarizada com a noção de que as pessoas da igreja condenavam essas coisas; mas, ao tentar entender o porquê, não consegui descobrir nada. Eu mal podia imaginar que algum dia conseguiria entender o ensino da Bíblia sobre sexualidade, muito menos me submeter a ele.

O primeiro beijo

Então, eu me propus uma meta: antes dessa garota ir para a faculdade, ela me beijaria. Menti sobre minha história sexual, coloquei-me estrategicamente em seu caminho e introduzi tópicos para fazer com que os pensamentos românticos fluíssem.

Enquanto isso, estávamos desenvolvendo uma amizade profunda e verdadeira. Ela foi a primeira colega com quem pude discutir ideias, literatura e outros assuntos sérios. Em pouco tempo, aquilo deixou de ser apenas um jogo: eu havia me apaixonado.

No verão seguinte, ela me perguntou o que eu queria no meu aniversário de 16 anos. Meu coração batia disparado. Disse que queria que ela me beijasse. No momento em que aconteceu, e muitos momentos depois, foi como um véu sendo levantado. O mundo que eu sempre vi em preto e branco de repente explodiu diante de mim, em cores deslumbrantes.

Deixar o minúsculo colégio em que cursei o segundo grau para ir para a Universidade de Yale foi estimulante: entrei em um programa seletivo de humanidades para calouros, conheci pessoas fascinantes do mundo inteiro e tive acesso ilimitado ao álcool. Parecia bom demais para ser verdade.

Então, soube da notícia: minha namorada estava me traindo com um rapaz de baixa escolaridade, praticamente um sem-teto, em Tahoe. Quando os feriados de Natal chegaram, fiz uma visita a ela, mas tudo parecia gelado, estático, congelado. Na manhã de Natal, enquanto eu lia Dom Quixote no futon da casa dela (ao mesmo tempo em que ela fazia sexo com o namorado na outra sala), eu me perguntei no que minha vida havia se transformado.

Pesquisando sobre Jesus no Google

De volta a Yale, em minha primeira aula de filosofia, discutimos a famosa declaração de Descartes — “Cogito ergo sum [“Penso, logo existo”] — e como ela influenciava a compreensão que ele tinha da realidade e da natureza de Deus. Depois de certo desprezo inicial, comecei a me perguntar compulsivamente se Deus poderia existir. De volta ao meu quarto, comecei a pesquisar termos religiosos no Google, como um aluno do ensino médio procura pornografia na Internet. Quando minha colega de quarto entrava, eu fechava o laptop e fingia que estava fazendo o dever de casa da aula de francês.

Eu não conseguiria lhe dizer quais eram os termos que eu procurava nas minhas buscas. Contudo, naquela onda de páginas da web comecei a encontrar Jesus pela primeira vez. É difícil descrever as noções preconcebidas que eu carregava; talvez frases como “conservador antiquado” ou “tradicionalista irrefletido” possam dar um pouco do tom. No entanto, os artigos e as passagens da Escritura que encontrei davam uma impressão decididamente diferente. Reiteradamente, eu via como Jesus notava, dava dignidade e servia a pessoas que eu teria rejeitado. Mas o que de fato me preocupava era a suspeita de que minha vida estava contra a dele.

Na época, eu conheci duas garotas que namoravam sério. Uma delas estava estudando para ser ministra luterana. Eu queria saber como elas conseguiam conciliar suas vidas com Jesus e seus ensinamentos. Elas me asseguraram que qualquer aparência de conflito baseava-se em interpretações históricas errôneas das Escrituras. E colocaram um material em minhas mãos; eu corri de volta para o meu quarto, a fim de descobrir o que a Bíblia realmente diz sobre a sexualidade.

O material tinha uma boa consistência interna. Isso me agradou muito. Mas, ao pesquisar os versículos que o material dizia estar expondo, fiquei frustrada. Aquelas interpretações revisionistas simplesmente não se alinhavam com o significado claro das palavras da Bíblia. Sentindo-me enganada, joguei o material no chão, desgostosa. Claramente, eu tinha sido tola em esperar que aquela religião antiquada fosse ter algum espaço para mim.

Poucos dias depois, eu estava no quarto de um amigo, um católico desviado, quando notei a lombada de um livro laranja com o título Cristianismo Puro e Simples. Eu não sabia nada sobre C. S. Lewis ou sobre este livro, mas o título me intrigou — e sem que ninguém percebesse, coloquei-o dentro da minha bolsa.

Eu li esse livro sem parar. Um dia, enquanto eu lia na biblioteca, no intervalo entre as aulas, parei no meio do capítulo, e coloquei o livro sobre a mesa, voltado para baixo; foi então que algo me ocorreu: Deus existe — meu coração e minha cabeça já não podiam negar. No entanto, junto com essas gloriosas certezas, veio uma admissão cheia de pânico da minha própria maldade. Eu tinha mentido e trapaceado; fui cruel — e até mesmo tinha roubado aquele livro de um amigo gentil e desavisado! Como eu encararia um Deus puro e santo?

Quando considerei o que Jesus tinha feito, porém — como ele suportou a separação de Deus para que eu pudesse ter união [com Deus] — eu sabia que seria uma tola se rejeitasse sua oferta. Enquanto meu coração se enchia de gratidão, fechei os olhos e orei, rendendo-me a Jesus.

Uma questão de confiança

No sábado seguinte, a associação dos Estudantes de Yale para Cristo organizou uma festa do Dia dos Namorados. Eu ainda me sentia envergonhada por ter aceitado Jesus; assim, cheguei tarde e fingi que tinha ido por acidente. Quando uma garota do segundo ano perguntou por que ela nunca tinha me visto antes, murmurei que tinha me tornado cristã há apenas dois dias. Ela ficou um pouco aturdida. E me levou até uns outros calouros, que me convidaram para participar da reunião de oração dos calouros, na segunda-feira de manhã.

Eu apareci por lá. Eles me deram uma Bíblia de bolso, responderam minhas perguntas chocantes e me convidaram para estudar a Bíblia com eles, na noite seguinte. Eu fui, com minha Bíblia em punho. Dois estudantes mais novos nos conduziram por uma passagem em Efésios. Aquilo foi incrível: pessoas reais, realmente estudando a Bíblia e aplicando-a em suas vidas.

Ao longo daquele semestre, acompanhei esses alunos como um patinho atrás do seu bando, observando tudo o que eles faziam e falavam. Mas escolher Jesus não respondia a todas as perguntas que eu tinha. Em particular, não respondia como eu lidaria com minha atração natural e inabalável por mulheres. Eu sabia que a Bíblia era clara: o que eu queria estava fora dos limites. Mas eu não entendi o porquê. Como o amor, a intimidade e o companheirismo poderiam ser proibidos por esse Deus amoroso, íntimo e que estava em busca de amigos?

Assim, tive de aprender minha primeira lição de vida cristã: como obedecer antes de compreender. Minha vida inteira haviam me ensinado a dominar um conceito antes que eu pudesse concordar com ele. Como eu poderia concordar com algo que tinha uma preço tão alto, sem entender o motivo?

No final, tudo se resumia à confiança. Eu sabia que Jesus era digno de confiança, porque ele havia feito o sacrifício maior. Ele havia deixado a bem-aventurança, o conforto, a alegria de amar e de ser perfeitamente amado para viver uma vida de sofrimento na terra. Ele tomou sobre si a dor e a vergonha de uma morte típica de um criminoso e sofreu a rejeição do Pai, tudo para que eu fosse aceita. Ora, quem poderia ser mais merecedor da minha confiança?

A obediência da fé só funciona quando está enraizada em uma pessoa, não em uma regra. Uma regra, imposta com base em si mesma, nos convida a julgar, a pesar sua razoabilidade. Mas uma regra que flui de um relacionamento suaviza o caminho para a obediência fiel. Quando uma criança não entende uma ordem dada pela mãe, é o caráter da mãe que desempenha um papel importante no que acontece a seguir. Uma mãe cruel e caprichosa provavelmente encontrará resistência. Mas uma mãe afetuosa e carinhosa inspira confiança, pois você sabe que ela está totalmente do seu lado.

Em um dos testes de confiança mais dramáticos das Escrituras, Deus disse a Abraão que sacrificasse seu filho Isaque. Se Abraão tivesse considerado esta ordem de forma isolada, certamente ele não teria obedecido. Abraão, porém, era amigo de Deus. Quando testado, ele não hesitou, porque conhecia o caráter de Deus.

Deus socorreu Abraão, e eu sabia que ele também viria até mim — mas como? Ele removeria minha atração por mulheres? Meus primeiros anos de fé cristã incluíram relacionamentos com mulheres que não foram eróticos, mas espirituais, libertadores e íntimos. Em outros casos, porém, a química pessoal e sexual me atraiu de volta aos velhos padrões. Por que Deus simplesmente não me consertava?

Lentamente, comecei a entender que “tornar-me hetero” não era a resposta. Não existe um mandamento bíblico para ser heterossexual. Por meio de estudos, conversas e orações, finalmente cheguei a uma verdade crucial: que o sexo não era algo que Deus descobriu e depois cercou com restrições arbitrárias, mas sim algo que ele fez — para nos ensinar e nos abençoar. E quando os ensinamentos de Deus íam contra meus instintos, negar meu desejo tornou-se uma maneira profunda de dizer: “Eu confio em ti, Senhor”.

Essa confiança foi esticada a ponto de se romper. Minha namorada dos tempos do segundo grau queria reatar nosso relacionamento, mas eu não pude ceder. Depois, eu me apaixonei por uma garota do último ano, em Yale, mas o amor por Jesus me afastou desse relacionamento.

Alegria e cura

Deus guardou a maior prova para um momento de desespero, depois que estupidamente tive uma recaída e fiz sexo com minha namorada do segundo grau. Enquanto eu lutava para me convencer de que, mesmo então, eu fora perdoada, Deus trouxe um homem para minha vida. Tínhamos nos conhecido no verão anterior, em uma missão cristã. Nós nos tratávamos amigavelmente, mas eu não me sentia atraída por ele. E ele sabia tudo sobre meu passado.

Ele pediu para vir me visitar em Yale, durante meu primeiro ano. Tive a sensação de que ele estava interessado em um relacionamento amoroso. E ele, por certo, chegou com flores. Eu o lembrei de que já tinha dormido com mais mulheres do que ele. Mas ele não se deixou perturbar: se Jesus tinha me perdoado, não cabia a ele ter nada contra mim.

Eu relutei. Não estava sexualmente atraída por ele, mas admirava sua bondade, seu jeito caloroso e as prioridades que compartilhávamos. Era errado continuar a vê-lo, quando nossa relação não se parecia com as que tive anteriormente? Nosso relacionamento era uma farsa piedosa? Apesar de tudo, eu via que ele me amava, que seria um bom marido e um bom pai, que me levaria mais para perto de Jesus. Eu até sentia que poderíamos experimentar o amor físico genuíno, embora de um modo mais aprendido do que natural.

Passo a passo, Jesus abriu meus olhos para um tipo de amor humano que eu ainda não tinha visto, um amor impregnado de compromisso e alegria espiritual, em vez da paixão pela paixão. Mais uma vez, obedeci antes de entender: casei-me com aquele jovem antes de realmente me apaixonar por ele, porque eu amava Jesus em primeiro lugar.

Este é tipicamente o momento em que as pessoas tiram conclusões precipitadas. Já vi gays e lésbicas questionarem se alguma vez eu me senti realmente atraída por mulheres. Tive cristãos heterossexuais que declararam com orgulho que Deus curou minha homossexualidade. Eles tentaram me usar como um mascote para algo que eu realmente não personifico.

A verdade é que, mesmo com 10 anos de casamento, quando sinto atração por alguém que não seja meu cônjuge, essa pessoa é mulher. Mesmo assim, meu casamento tem sido um lugar de alegria e cura. Quando as pessoas me perguntam minha orientação sexual, minha resposta mais honesta é dizer que sou “casada” — e que carrego as mesmas bênçãos e os mesmos fardos de outros crentes casados, com a mesma fonte de esperança e poder, o Espírito Santo.

Eu nunca insistiria em dizer que o casamento é o caminho normal ou “correto” para todos (ou mesmo para a maioria) dos cristãos que se sentem atraídos por pessoas do mesmo sexo. A heterossexualidade não é o objetivo final; a fidelidade a Deus e a alegria que decorre do relacionamento com ele é o que buscamos. Para muitos crentes, a fidelidade a Deus implica um compromisso com o celibato vitalício. Mas, a menos que tenhamos uma visão de vida familiar plena e alegre no contexto da igreja, o celibato parecerá um beco sem saída. Não podemos dizer não a algo bom, a menos que estejamos dizendo sim a algo ainda melhor.

A comunidade que Deus nos chama para ser — uma comunidade de intimidade, afeto, verdade e graça — é sua ferramenta para nos manter, nos moldar e nos preparar para estar em sua presença para sempre. Quer sejamos chamados ao casamento ou ao celibato, toda história de transformação em Cristo deve acontecer no contexto desta comunidade.

É por isso que esta não é uma história sobre eu ter me tornado heterossexual, o que nunca aconteceu de verdade, nem vem ao caso. É a história de como eu me tornei inteira, algo que está acontecendo todos os dias.

RACHEL GILSON atua na equipe de liderança da Cru para desenvolvimento teológico e cultural. Ela é a autora de Born Again This Way: Coming Out, Coming to Faith, and What Comes Next.

Traduzido por Mariana Albuquerque

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