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Leia Isaías 61.1-4, 8-11
Sempre surgem debates a respeito da missão da igreja. Devemos evangelizar ou trabalhar por justiça? Os cristãos devem priorizar o perdão dos pecados ou o cuidado aos enfermos? Esses debates têm raízes profundas em uma velha divisão entre teologia e missão. Genericamente falando, um grupo pode ser intransigente quanto a alimentar os famintos, mas indiferente quanto ao nascimento virginal; já outro pode ser o contrário. Um pode se dedicar a melhorar o mundo e o outro, à promessa de uma vida no céu após a morte.
Nessa divisão, ambos os lados teriam sido repreendidos por Jesus. Quando foi à sinagoga e leu Isaías 61, ele anunciou sua missão. O Espírito do Senhor o ungiu para “pregar boas novas aos pobres […] para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”(Lc 4.18,19). Jesus demonstrou como o reino de Deus traz perdão e liberdade, cura e esperança — todos estes sinais da renovação da criação que está por vir.
O próprio Isaías ansiava pelo dia em que Deus traria novos céus e uma nova terra nos quais “toda a humanidade virá e se inclinará” diante do Senhor (Is 66.22,23). Embora Isaías e, junto com ele, Israel tivessem imaginado que isso aconteceria de uma só vez, Deus, em Cristo — o Ungido! —, estava inaugurando um reino que um dia culminará na recriação do mundo. Ele começará conosco — com o relacionamento entre Deus e os seres humanos, que estava no cerne da criação. E trabalhará por meio dos que foram justificados, para trazer justiça. O povo “justificado” se une a Deus em sua obra para restaurar o mundo.
Mas, ao anunciar o cumprimento da profecia de Isaías, Jesus também estava apontando para si mesmo como aquele que traria o reino de Deus. Não se tratava de um mero projeto de melhoria social. A restauração total do mundo e de seus respectivos sistemas começaria com um grão que cairia na terra e morreria (Jo 12.24). O Messias sozinho inaugura o reino.
A missão do Messias, do Ungido pelo Espírito, continua por meio do povo do Messias — dos pequenos ungidos. Lucas faz um paralelo dessa história, em seu segundo volume, quando fala sobre o Espírito ter ungido os seguidores de Jesus, no cenáculo. Em sentido bem real, a missão da igreja não é realmente da igreja, mas sim a missão do Messias. Foi Jesus quem a começou; e é Jesus que, pelo Espírito, nos capacita a participar dela; também é Jesus que virá novamente em glória para trazer seu reino ao ápice.
Glenn Packiam é pastor sênior associado da New Life Church, em Colorado Springs. Entre as obras de sua autoria estão Worship and the World to Come e The Resilient Pastor (fevereiro de 2022).