Por que o Podcast sobre Mars Hill Fez Você Esperar

O produtor de “Rise and Fall”, Mike Cosper, leva os ouvintes aos bastidores para responder a perguntas sobre atrasos na produção, sua experiência pessoal e muito mais.

Christianity Today December 17, 2021
Image: Portrait Courtesy of Mike Cosper / Edits by Christianity Today

Na semana passada, Mike Cosper, diretor de podcasts da CT, postou o episódio final e muito aguardado da série The Rise and Fall of Mars Hill [Ascensão e Queda de Mars Hill]. Stefani McDade, editora da CT, sentou-se com ele para falar sobre o estresse e a alegria das entrevistas não previstas, sobre como exvangélicos e outros grupos responderam à série e o que os ouvintes podem esperar dos episódios de bônus e projetos futuros.

Como você se sente sobre a recepção geral do podcast e seu amplo público?

Se você tivesse me perguntado quem vai ouvir o podcast, eu teria dito: “Acho que pastores e líderes da igreja, homens da Geração X, com idades entre 35 e 50 anos, que fizeram parte desse fenômeno”. E então, sabe, também alguns com interesses mais amplos além disso. O fato de esse podcast ter tido milhões de downloads não é algo que teríamos imaginado a princípio. Quer dizer, ontem estávamos de volta aos top 10 podcasts da Apple, sabe?

Você teve alguns atrasos significativos na produção. Conte-nos sobre isso.

Com todo esse fluxo de entrevistas e conversas que eu não havia previsto, decidimos continuar seguindo em frente. No final de julho, estávamos pensando: “Isso vai ser um problema”. Pegamos o enredo, que era uma espécie de linha reta, e continuamos a expandi-lo e a abri-lo — “Vamos seguir este tema, vamos seguir aquele tema”. E então, algumas histórias surgiram no último minuto, histórias que realmente queríamos incluir. Pensamos: “Vale a pena fazer uma pausa. Isso é importante.”

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O que você acha que fez todas essas pessoas mudarem de ideia e decidirem falar com você no último segundo, principalmente no episódio final?

Houve algumas coisas que aconteceram em determinados episódios que inspiraram certa confiança nas pessoas. E isso, então, mostrou a elas que entendíamos [a situação]: não estávamos tentando pintar um quadro daquela comunidade que demonizasse todos dentro dela, mas estávamos, na realidade, tentando pintar um quadro de como é complicado quando você se vê preso em determinada situação.

Dissemos isso no podcast, mas uma pessoa com quem nos conectamos bem mais tarde no processo foi Lindsay, que apareceu no episódio final. E sua motivação era: “Eu sei que não estou sozinha. Eu sei que não sou a única que passou por algo assim.” Para alguém que já passou por uma experiência como essa — de violência doméstica, de ser ferido na igreja e tudo mais — puxa, essa é uma situação difícil. Assim, para ter coragem de falar sobre isso demorava um tempo.

Alguns grupos muito diferentes de pessoas — de exvangélicos e outros — envolveram-se na série de podcasts. Alguma coisa em particular surpreendeu você?

Muitas pessoas que já trilharam caminhos como esse passaram por algo semelhante a Mars Hill. O episódio de Josh Harris foi controverso por vários motivos. Não pressionamos muito sobre coisas relacionadas à desconstrução no episódio em si. Mas acho que parte da pressão exercida nesse episódio foi sobre coisas que precisam fazer parte de um diálogo contínuo, mesmo enquanto falamos sobre as noites escuras da alma. Terminamos o episódio dizendo: “Ei, ainda acreditamos que Jesus está agindo nessas vidas. Acreditamos que ele está trabalhando na vida de Josh”.

A reação a isso foi meio engraçada. Eu disse a um amigo meu, é como se precisássemos de um título amanhã de manhã, na primeira página da CT, que dissesse: “Notícia de última hora: a Christianity Today ainda é cristã”.

Acho que a outra parte disso que me interessa é que muitas pessoas queriam que concluíssemos que o problema em si é a teologia reformada, o complementarismo e o evangelicalismo como um todo. Vejo comentários nas redes sociais dizendo coisas como: “A CT chegou tão perto de dizer isso, mas eles estão com medo de dizer”. Eu posso compreender essa reação. Principalmente quando vinda de alguém que deixou um contexto complementarista no qual foi ferido.

Você recebeu algum e-mail de ódio de ouvintes zangados?

Sim, recebi algumas respostas desse tipo. Um punhado daqueles que escrevem comentários veem tudo como um festival de fofocas. E, repito, eu entendo o impulso de encarar as coisas dessa forma. Poderíamos ter dado a essa série um tom muito mais fofoqueiro do que fizemos. As verdadeiras mensagens de ódio, curiosamente, vieram de pessoas de teologia fortemente conservadora, que pensam que tudo isso é um ataque à teologia reformada e ao complementarismo. E não é. A outra reação de ódio que recebemos — de crítica severa — veio de progressistas que disseram que [o que fizemos] não é suficiente.

Eu vi alguns comentários dizendo: “Ok, agora que The Rise and Fall of Mars Hill acabou, quando vamos falar sobre todos os outros pastores daquela era, aspirantes a Mark Driscoll?”

Essa é uma das razões pelas quais queríamos falar sobre isso, certo? Este é o cara que, de muitas maneiras, foi pioneiro na “marketabilidade” social de pastores. Há uma coisa muito americana e muito performática que vem junto nessa história. Você tem estes ingredientes: o oeste americano, Seattle, Califórnia, empreendedorismo, celebridade. São todas essas coisas. Algumas delas são muito atraentes no mundo da plantação de igrejas.

Uma das coisas que não fez parte da edição final foi essa conversa muito interessante que tive com Collin Hansen. Quando estava saindo da escola de divindade com seu mestrado, ele dizia: “Se você fosse homem de verdade, plantaria uma igreja”. Em 2007, 2008, 2009 era assim — era isso que almas valentes iam e faziam. E por quê? Por causa de Mark Driscoll, Darrin Patrick e outros caras icônicos da época, que estavam fazendo um trabalho realmente interessante e inovador.

Então, sim, acho que houve muitos imitadores. E acho que houve muitas consequências. Eu poderia facilmente citar uma dúzia de pastores que foram produzidos nesse molde e que tiveram trajetórias semelhantes de serem disciplinados e abandonarem suas igrejas.

Diante de toda a loucura e lugares sombrios que este podcast o levou, o que manteve você entusiasmado durante todo o processo?

Essa é uma ótima pergunta. Existem algumas respostas para isso. Uma delas é que, durante grande parte do processo, a gente apenas vive na adrenalina: “Ok, mais um dia; não, 12 horas; não, mais 14 horas”. Seja o que for, você permanece ali. A segunda resposta é que eu me lembro de ouvir, anos atrás, o produtor de rádio Ira Glass falando sobre mergulhar em uma história como esta e dizer: “Você sabe que chegou a um ponto realmente interessante da história quando pode olhar em volta e dizer: ‘Meu Deus, eu amo essas pessoas.’”

Houve uma dinâmica interessante em que quase parecia que algumas dessas pessoas estavam realmente nesta jornada comigo. Estávamos nos aproximando a cada dia mais. Dizíamos: “Ei, eu me lembrei disso, pensei sobre aquilo, vá falar com essa pessoa, aqui estão alguns antecedentes”.

E ainda tem Erik Petrik, produtor executivo — puxa, não consigo expressar a gratidão que sinto por ele. O apoio que me deu e o tempo que dedicou, quando ele e eu estávamos sentados, conversando por telefone, à meia-noite e meia ou a uma hora da manhã, resolvendo coisas, tentando fazer tudo funcionar. Esse senso de solidariedade, de comunidade me ajudou. Em nenhum momento eu me senti sozinho em tudo isso. Definitivamente, havia pessoas ao meu redor. Mas foi diferente de tudo que eu já experimentei antes.

Se você pudesse voltar e fazer tudo de novo, faria algo diferente?

Como contadores de histórias, há decisões que tomamos intencionalmente, tentando provocar e levar as pessoas a fazerem questionamentos difíceis. Essa provocação, em parte, não sei se saiu bem da maneira que queríamos. Mas também não sei se faria diferente.

A decisão que tomávamos ao fim do dia era a de deixar o personagem falar, deixar as histórias se contarem por si mesmas e deixar o público travar um embate com a história. E então, no material incluído como bônus, meio que retomar os pontos e dizer: “Ok, o que a igreja pode aprender com isso?” Então, não sei, acho que gostaria de ver a reação a isso, certo? Será que funcionou? Provocou a reação certa? Eu espero que sim.

Este é um dos desafios da narrativa cristã. Você vê filmes e livros cristãos e coisas do gênero. Frequentemente, seus desfechos adotam maneiras que tentam dizer ao público exatamente o que pensar. E eu queria resistir um pouco a esse impulso. Eu queria provocar. Queria deixar essas coisas um pouco mais tensas.

Em algum ponto, eu preciso ouvir tudo novamente. Essa é uma das coisas mais engraçadas que aconteceram. Hesitei até mesmo em ouvir de novo, à medida que avançavamos, pois, quando um episódio é lançado, já ouvi cada trecho dele milhares de vezes. Portanto, seria muito estranho.

Do que você mais se orgulha?

Bem, vou colocar desta forma. Acho que o que mais me importou — mais do que agradar às multidões ou qualquer outra coisa — foi perguntar: “Será que as pessoas de Mars Hill que estavam dispostas a compartilhar suas histórias sentiram que fizemos isso de forma honesta e justa?” O feedback que recebi diretamente delas foi muito positivo nesse sentido. Elas sentiram que representamos sua experiência e contamos a história de maneira justa e honesta. O que mais me encoraja é achar que conseguimos.

Que projetos você prevê para o futuro?

Muitas pessoas nos contaram histórias realmente comoventes sobre sua própria dor, suas próprias feridas por causa da igreja. E levamos isso muito a sério. Não é algo que simplesmente descartamos de imediato.

Portanto, estou muito interessado em dizer: “Bem, que outras histórias podemos explorar, que nos ajudem a responder a perguntas semelhantes sobre onde estamos agora e como chegamos aqui?” Acho que a de Mars Hill é uma história que nos ajuda a entender onde estamos agora — em termos de cultura da igreja, mas também, em certa medida, no que se refere ao momento de desconstrução exvangélica.

Então, eu quero dizer: “Bem, quais são as histórias que nos ajudam a entender nosso momento — seja onde a igreja encontra-se culturalmente, ou o que as pessoas estão vivenciando em termos de fé e dúvida, ou nosso senso de identidade como igreja?” Há muito o que falar.

Estou abraçando a chance de deixar essas coisas em ebulição um pouco, deixar a poeira assentar. Vamos montar esses episódios de bônus nas próximas semanas, e então, vamos olhar seriamente para isso no início do ano que vem.

O que os ouvintes podem esperar ver em um dos episódios de bônus?

Teremos um episódio que mostra alguns clipes curtos que não chegaram a fazer parte da série, mas são histórias paralelas ou vinhetas interessantes. Vão ser ótimos.

Traduzido por Mariana Albuquerque

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A missão do Messias

Leitura do Advento para o dia 16 de dezembro.

Christianity Today December 16, 2021

Terceira semana: Sacrifício e Salvação


Deus falou por meio dos profetas do Antigo Testamento, usando palavras e imagens poéticas para descrever a esperança da salvação. Nesta semana veremos algumas profecias que apontam para o Messias — o servo, a luz, o prometido por quem o povo de Deus tanto esperava.

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Leia Isaías 61.1-4, 8-11

Sempre surgem debates a respeito da missão da igreja. Devemos evangelizar ou trabalhar por justiça? Os cristãos devem priorizar o perdão dos pecados ou o cuidado aos enfermos? Esses debates têm raízes profundas em uma velha divisão entre teologia e missão. Genericamente falando, um grupo pode ser intransigente quanto a alimentar os famintos, mas indiferente quanto ao nascimento virginal; já outro pode ser o contrário. Um pode se dedicar a melhorar o mundo e o outro, à promessa de uma vida no céu após a morte.

Nessa divisão, ambos os lados teriam sido repreendidos por Jesus. Quando foi à sinagoga e leu Isaías 61, ele anunciou sua missão. O Espírito do Senhor o ungiu para “pregar boas novas aos pobres […] para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”(Lc 4.18,19). Jesus demonstrou como o reino de Deus traz perdão e liberdade, cura e esperança — todos estes sinais da renovação da criação que está por vir.

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O próprio Isaías ansiava pelo dia em que Deus traria novos céus e uma nova terra nos quais “toda a humanidade virá e se inclinará” diante do Senhor (Is 66.22,23). Embora Isaías e, junto com ele, Israel tivessem imaginado que isso aconteceria de uma só vez, Deus, em Cristo — o Ungido! —, estava inaugurando um reino que um dia culminará na recriação do mundo. Ele começará conosco — com o relacionamento entre Deus e os seres humanos, que estava no cerne da criação. E trabalhará por meio dos que foram justificados, para trazer justiça. O povo “justificado” se une a Deus em sua obra para restaurar o mundo.

Mas, ao anunciar o cumprimento da profecia de Isaías, Jesus também estava apontando para si mesmo como aquele que traria o reino de Deus. Não se tratava de um mero projeto de melhoria social. A restauração total do mundo e de seus respectivos sistemas começaria com um grão que cairia na terra e morreria (Jo 12.24). O Messias sozinho inaugura o reino.

A missão do Messias, do Ungido pelo Espírito, continua por meio do povo do Messias — dos pequenos ungidos. Lucas faz um paralelo dessa história, em seu segundo volume, quando fala sobre o Espírito ter ungido os seguidores de Jesus, no cenáculo. Em sentido bem real, a missão da igreja não é realmente da igreja, mas sim a missão do Messias. Foi Jesus quem a começou; e é Jesus que, pelo Espírito, nos capacita a participar dela; também é Jesus que virá novamente em glória para trazer seu reino ao ápice.

Glenn Packiam é pastor sênior associado da New Life Church, em Colorado Springs. Entre as obras de sua autoria estão Worship and the World to Come e The Resilient Pastor (fevereiro de 2022).

Leia Isaías 61.1-4, 8-11.


(Opção: leia também Lucas 4.14-21.)


Pense na audiência original de Isaías: Que esperança essa promessa lhes trazia? O que ela destacava sobre o caráter e os planos de Deus? O que se destaca nela para você, hoje, quando lê sobre essa promessa à luz de Jesus e do evangelho?

Esperança verdadeira

Leitura do Advento para o dia 15 de dezembro.

Christianity Today December 15, 2021

Terceira semana: Sacrifício e Salvação


Deus falou por meio dos profetas do Antigo Testamento, usando palavras e imagens poéticas para descrever a esperança da salvação. Nesta semana veremos algumas profecias que apontam para o Messias — o servo, a luz, o prometido por quem o povo de Deus tanto esperava.

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Leia Isaías 42.1-7

Às vezes esquecemos que somos criadores de ídolos. Nós nos apegamos a ídolos ligados a questões como poder, riqueza, orgulho, outras pessoas, instituições, desinformação, tradição. Às vezes também nos esquecemos de que Deus não se cala diante da idolatria e do mal. Ele expõe suas promessas vazias e revela Cristo como o remédio para nossa tendência de criar ídolos.

Em Isaías 42, diante da idolatria vazia, bem como dos falsos deuses sem sentido de que tratou no capítulo anterior, Deus reage anunciando a vinda de seu servo, aquele em quem ele se deleita, a quem escolheu, e em quem seu Espírito habita. Enquanto os ídolos são fracos e impotentes, o servo fiel e prometido por Deus trará justiça para o mundo inteiro. Ele não pisará nos vulneráveis nem se vangloriará com arrogância. Em vez disso, mostrará sua terna compaixão para com aqueles que estão fracos, sofrendo ou cuja fé esteja vacilando.

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Nos dias de hoje — quando a atração por ídolos ilude até mesmo os mais fiéis entre nós, quando a injustiça envolve nosso mundo como uma nuvem negra, e quando os fracos mal conseguem respirar porque seu clamor por alívio os deixou exauridos —, está acontecendo muita coisa em nosso mundo que pode nos fazer questionar onde está Deus em tudo isso. Essa passagem nos lembra que o servo prometido um dia pegará tudo o que há de errado no mundo e consertará. Ele é o escolhido por Deus para trazer justiça em humildade e amor. Ele é chamado por Deus para ser um mediador para seu povo, para ser o agente sem culpa que veio para cumprir a palavra e a vontade de Deus.

Em Mateus 12.15-21, depois que Jesus curou muitos dos que integravam uma grande multidão que o seguia, a Palavra nos diz que “Isso aconteceu para se cumprir o que fora dito pelo do profeta Isaías” (Mt 12.17), em Isaías 42.1-4. Todas as promessas de Deus residem em Jesus e têm nele seu cumprimento (Mt 5.17; 2Co 1.20). Jesus é a encarnação da verdade, da justiça, da retidão, da fidelidade, da humildade, da mansidão e de todos os frutos do Espírito. E todos nós que o chamamos “Senhor”, por meio de nossa união com ele, devemos refletir o mesmo em nossa vida — ainda que de maneira imperfeita. Pois somente Jesus tem o poder de tirar as nações das trevas e colocá-las em sua luz maravilhosa. Somente Jesus pode libertar os que estão aprisionados no pecado e nas trevas.

Neste período do Advento, ao refletirmos sobre a fidelidade de Deus em nos enviar seu servo, que possamos nos lembrar de que, embora a justiça tenha sido feita, em última análise, na cruz, ela também é uma realidade futura, pela qual ansiamos enquanto aguardamos a segunda vinda de Jesus.

Kristie Anyabwile é editora da obra His Testimonies, My Heritage e autora de Literarily: How Understanding Bible Genres Transforms Bible Study (março de 2022).

Reflita sobre Isaías 42.1-7.


(Opção: leia também Isaías 41.)


O que chama sua atenção nesta descrição do servo? Como Jesus cumpre — e

cumprirá

— essas promessas? Em oração, confesse maneiras pelas quais você depositou sua esperança em ídolos contemporâneos. Peça a Deus que ajude você a colocar nele toda a sua esperança.

O Deus que nos traz para casa

Leitura do Advento para o dia 14 de dezembro.

Christianity Today December 14, 2021

Terceira semana: Sacrifício e Salvação


Deus falou por meio dos profetas do Antigo Testamento, usando palavras e imagens poéticas para descrever a esperança da salvação. Nesta semana veremos algumas profecias que apontam para o Messias — o servo, a luz, o prometido por quem o povo de Deus tanto esperava.

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Leia Isaías 12.2-6; 52.7-10 e Sofonias 3.14–20

Quando você ouve a palavra casa, o que lhe vem à mente? Para alguns, a palavra desencadeia traumas. Já outros se sentem ambivalentes em relação às suas noções e memórias relacionadas ao termo casa. Alguns estão ansiosos para sair de casa. Outros nunca se sentiram em casa. E, claro, há muitos que gostam profundamente de casa, que mal podem esperar para voltar para lá. Há ainda muitos que até mesmo se consideram “caseiros”.

Faz parte da condição humana esse anseio por um lar — por um lugar ao qual pertencemos. Um lugar em que possamos ser nós mesmos, em que sejamos conhecidos e amados e no qual nos sintamos, por assim dizer, em casa. Toda casa deve ser um lugar de paz, onde nos sentimos à vontade, e não na defensiva. Um ambiente seguro. Em última análise, em certo sentido todos nós desejamos ser caseiros — ser alheios ao distanciamento.

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Em Sofonias 3.20, o Senhor diz: “Naquele tempo eu ajuntarei vocês; naquele tempo os trarei para casa”. Deus promete um dia trazer para casa seu povo em todo o mundo. Esta é uma casa de festa e canto, por causa de tudo o que Deus realizou por meio de sua salvação (Is 52.9,10). É uma casa em que haverá flash mobs regulares de celebração liberada para todos, feita no calor do momento. É uma festa para todo sempre, pois o que parece bom demais para ser verdade é verdade (Sf 3.14,15). Está repleta de alegria e louvor. É lugar de refúgio em que Deus é a nossa “força” e “salvação” (Is 12.2). Nesta casa, há um campo em que o jogo é equilibrado, em que os humildes, os oprimidos e os exilados retornam ao lugar em que mais se sentem eles mesmos (Sf 3.19,20). Em cada uma dessas passagens, Deus estava falando para um povo específico em um tempo e lugar específicos. Mas essas profecias também se expandem para além de seu contexto imediato, pois voltar para casa é parte integrante da própria salvação.

Jesus faz eco aos sentimentos sobre essa casa, quando proclama: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). Antes disso, em João 14.3, Jesus nos diz que está preparando um lugar, uma casa, só para nós.

Somos lugar de habitação para Deus; em Deus estamos em casa, e ele está nos preparando uma morada. Mas não apenas no céu; aqui e agora podemos encontrar vislumbres dessa morada e podemos ser morada de Deus para outros. Podemos ser aqueles que “trazem boas notícias” e convidam outros a se juntarem a nós (Is 52.7). Quem não gostaria de estar em uma casa assim?

Marlena Graves é doutoranda e professora adjunta em um seminário. Ela é autora de vários livros, entre eles The Way Up Is Down: Becoming Yourself by Forgetting Yourself.

Medite em Isaías 12.2-6; 52.7-10; Sofonias 3.14-20.


Como essas profecias expandem sua visão da salvação, do que ela significa, e do que Jesus veio oferecer? Como você deseja levar a outras pessoas a boa nova relacionada a essa morada? Ore, expressando sua gratidão e adoração a Deus.

History

Ninguém eliminou Cristo do Natal

Vamos deixar de lado a preocupação de que o Natal da forma que conhecemos não é cristão.

Christianity Today December 14, 2021
Image: Illustration by Mallory Rentsch / Source Images: WikiMedia Commons

Às vezes é difícil ser cristão no Natal. Está certo, admito que não é assim tão difícil. Afinal, fazemos isso todos os anos. Ainda assim, parece mais difícil do que deveria ser. Por que um feriado que deveria colocar o foco na fé muitas vezes parece tomado por dúvidas? Por que essa celebração da paz na Terra parece trazer consigo tanta ansiedade e medo? Como podemos, de alguma forma, nos preocupar com o fato de que o Natal se tornou um exagero e, ao mesmo tempo, está sendo cancelado? Onde está você, Natal? Por que não consigo te encontrar?

Certa vez, ouvi a palestra de uma psicóloga sobre como evitar algo aumenta a ansiedade. Isso aconteceu com uma amiga. Ela começou a se recusar a fazer viagens em vias expressas. Quanto mais ela evitava sair de casa, mais restrições se acumulavam. Com o passar do tempo, ela não queria mais sair de casa. A atitude de evitar algo não funciona; é hora de enfrentar nossas ansiedades em relação ao Natal. Quando as encaramos diretamente nos olhos, elas acabam não sendo tão assustadoras quanto pensávamos. Há um brilho gentil naquele olhar.

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Vamos começar com a questão da dúvida. Há muitas coisas improváveis na história da Natividade: a estrela, os anjos, os Reis Magos e, claro, o nascimento virginal. Se você nunca duvidou do nascimento virginal, provavelmente nunca realmente pensou sobre isso.

E não é uma coisa ruim pensar realmente sobre isso. A intenção do nascimento virginal é fazer você se maravilhar. É uma provocação divina deliberada. Assim como a sarça ardente, o nascimento virginal pretende atrair você, pois não conseguirá resistir a ser envolvido por ele, mesmo que sua primeira reação seja de dúvida.

Há um paralelo bíblico à concepção de Jesus por Maria na concepção de Samuel por Ana (1Samuel 1). O sumo sacerdote Eli é um homem ocupado que não se desvia facilmente de sua rotina diária. Mesmo assim, Deus faz com que ele pare para prestar atenção em Ana, enquanto ela ora com fervor. Ele acha que Ana está embriagada. É a explicação mais óbvia para seu comportamento errático.

O ponto de partida de Eli é confundir santidade com pecaminosidade. Mas Deus está atraindo sua atenção para que ele possa vir a acreditar que uma concepção milagrosa acontecerá e um líder do povo de Deus nascerá.

Muitos de nós cometemos um erro semelhante com Maria. Quando ouvimos sobre a gravidez de Maria, nosso primeiro pensamento, provavelmente, é que Maria deve ter feito sexo antes do casamento. É a explicação mais óbvia. Mas, ao anunciar essa gravidez virginal, Deus chama a nossa atenção. Deus nos faz pensar sobre a história em que ele quer que pensemos; esse foi o seu objetivo o tempo todo.

Duvidar de algo é pensar sobre isso. A própria reação de Maria — “Como isso poderá acontecer?” — foi correta e sagrada, pois ela não estava zombando, mas sim pensando.

O pioneiro do método científico, Francis Bacon, observou certa vez: “Se um homem começa com certezas, acabará com dúvidas; mas se ele se contentar em começar com dúvidas, terminará em certezas”.

Nossa fé geralmente funciona dessa forma, mesmo no caso dos milagres. Não precisamos começar com crença e aceitação totais. Temos de começar com interesse.

Alguns de nós, no entanto, estão mais preocupados com o fato de outros terem dúvidas: filhos, irmãos, amigos, ou talvez até mesmo cônjuges ou membros valorosos de nossas igrejas. Talvez estejamos preocupados até com o fato de que toda a nossa cultura está perdendo sua fé. Nesse caso, tenho boas notícias para você: o Natal é seu aliado nesse embate entre fé e descrença.

Como estudioso do assunto, posso dizer com confiança que, em geral, os ateus amam o Natal. Eles o veem como o cristianismo em sua forma mais convidativa. Os descrentes muitas vezes se sentem mais próximos da fé na época do Natal.

Tenho um amigo que já foi um cristão zeloso. Ele passou por um processo de desconstrução de sua fé, deixou a igreja e passou a se sentir bastante à vontade dizendo que não cria mais em Deus.

No entanto, alguns anos atrás, ele me disse, um tanto envergonhado, que havia voltado para sua antiga igreja para assistir ao culto da véspera de Natal. Desde então, a maneira como ele fala sobre o cristianismo se suavizou visivelmente. Eu não ficaria surpreso em saber algum dia que ele voltou para Cristo.

George MacDonald teve uma visão perspicaz, quando escreveu “A Scot’s Christmas Story” (1865) como uma versão moderna das parábolas do filho pródigo e da ovelha perdida, em que a filha de um pastor resgata seu irmão perdido no Natal. O Natal atrai até mesmo os céticos para a fé, em vez de afastá-los.

Se você está cético quanto à atração que o Natal exerce sobre descrentes, pode ser porque associa o Natal a revelações desanimadoras sobre as dúvidas dos outros. Muitas vezes, o Natal é uma época em que, depois de um ano relativamente distante, nos aproximamos das pessoas que amamos e descobrimos o que realmente está acontecendo em sua vida.

Se alguém não é mais crente, muitas vezes descobrimos isso no Natal, uma vez que os cultos religiosos, a oração e a fé são fundamentais na celebração desse feriado para uma família cristã devota. A falta de participação chama a atenção. Mas não é o Natal que está causando essa descrença; ele é apenas o momento em que descobrimos como está a vida de alguém agora.

E, na verdade, é melhor saber do que não saber. Sua tarefa é continuar a acompanhar seus entes queridos em sua jornada pela vida. Pode ser que a alegria do Natal esteja à sua espera no futuro, quando você valorizará a fé deles ainda mais, por ela ter voltado à vida após anos de descrença. Mais uma vez repito que a fé genuína geralmente vem depois da dúvida.

Existe uma lenda urbana persistente de que o Natal é, na verdade, uma celebração pagã. Os incrédulos às vezes gostam de mexer com os cristãos fazendo essa afirmação. E, com bastante frequência, os cristãos respondem à provocação fugindo do ponto, sem de fato olhar para o assunto, por medo de que possa ser verdade.

Bem, eu investiguei o assunto e posso dizer que não é verdade. Para editar a obra The Oxford Handbook of Christmas, passei mais de três anos lendo sistematicamente conteúdos sobre o Natal, bem como inúmeros documentos históricos. Você pode ter certeza de que o Natal é cristão.

Uma das principais razões para a acusação de paganismo é que a data do Natal parece ter sido escolhida para se alinhar com o solstício de inverno, uma época de feriados pagãos. O solstício, entretanto, é um fenômeno natural, não religioso.

Era uma prática padrão para as sociedades antigas, inclusive para Israel, definir seus dias sagrados pelos cursos do sol e da lua; era a forma mais prática de marcar o tempo. A Bíblia até ensina que uma das razões pelas quais Deus criou o sol e a lua foi para que as pessoas pudessem marcar as estações sagradas (Gênesis 1.14). Assim, é absurdo afirmar que uma parte da criação tenha conotações inerentemente pagãs.

Visto que a Escritura não nos fornece uma data para o nascimento de Cristo, a igreja provavelmente escolheu 25 de dezembro para a celebração porque era uma maneira fácil para as pessoas comuns saberem quando era o Natal a cada ano, e porque era um momento adequado por motivos simbólicos.

O solstício de inverno é o momento em que terminam os dias de maior escuridão e a luz se torna cada vez mais forte: “A verdadeira luz que ilumina a todos estava chegando ao mundo” (João 1.9).

Nem mesmpo decorar plantas ou árvores no Natal é um costume pagão. Sabemos disso, em primeiro lugar, porque nada do que Deus criou é pagão. Os israelitas receberam a ordem de celebrar a Festa da Colheita indo ao campo para colher frutos e ramos das árvores (Levítico 23.40; Neemias 8.15).

Em segundo lugar, podemos rastrear a origem de algumas das afirmações de que as decorações tradicionais com pinheiros são pagãs a uma ficção do século 19 — e à campanha de desinformação [pagã]. O escritor Washington Irving deu cor a um de seus romances ao inventar a noção de que a igreja acreditava que o visco de Natal estava contaminado pelo paganismo.

Os nacionalistas alemães inventaram a ideia de que as árvores de Natal derivavam de uma prática pagã saxã, pois queriam transformar o Natal em uma celebração da identidade alemã.

A verdadeira origem da árvore de Natal foram as peças sagradas europeias medievais, que eram representadas na época do Natal. Essas peças contavam a história bíblica da redenção e incluíam um pinheiro decorado, que representava a Árvore da Vida. Assim, tornou-se um símbolo da época.

Faz sentido que algumas tradições pagãs europeias coincidam com tradições cristãs da mesma região. As pessoas sempre se expressam por meio dos recursos culturais que têm disponíveis e, no mesmo lugar, as pessoas costumam ter os mesmos recursos.

Podemos ver um paralelo na celebração do dia 4 de julho, na América do Norte. As cores nacionais, a bandeira, a música, os fogos de artifício, a comida — vários aspectos de todas essas características são claramente emprestados da cultura britânica. No entanto, seria ridículo afirmar que o Dia da Independência da América do Norte é, na realidade, uma celebração da Grã-Bretanha.

Da mesma forma, o Natal não é pagão; é de verdade uma celebração de Jesus Cristo. De fato, a mensagem teológica do Natal — a doutrina da Encarnação — santifica essa verdade de que Deus vem trabalhar em nossas culturas, com elas e por meio delas. Pois, para nós, uma criança nos nasceu.

Espera-se que os crentes piedosos das nações ricas lamentem o modo como o Natal se tornou menos cristão, por ser marcado pela autoindulgência e pelo consumismo, em lugar de abnegação. Podemos realmente estar pensando em Deus, em meio aos preparativos e festas? Nosso dinheiro não deveria ser gasto em coisas mais sagradas?

Mas por que o Natal deve significar abnegação? Há um tempo e uma estação para tudo debaixo do sol. Há tempo para jejuar e tempo para festejar.

O próprio Jesus teria observado o dia sagrado do Purim como parte de sua vida de adoração. A Escritura dava instruções claras sobre como isso deveria ser feito: É dito para que eles “observassem aquelas datas como dias de festa e de alegria, dando comida de presente uns aos outros e aos pobres” (Ester 9.22).

A maneira bíblica de celebrar alguns momentos sagrados é com festas, alegria e presentes. Devemos dar presentes “uns aos outros” — isto é, aos do nosso próprio círculo social — e aos “pobres”, isto é, a instituições de caridade ou encontrar outras maneiras de ajudar aqueles que precisam mais do que nós. Ambas são tradições de Natal e ambas são recomendadas nas Escrituras. Isso mesmo: esses presentes não são apenas uma manobra para fazer a economia girar. Eles são bíblicos e são uma forma universal de comemorar.

Mas festejar na Bíblia realmente tem o sentido que queremos dar hoje? Uma definição bíblica de festa é desfrutar de comida e bebida em maior quantidade e qualidade do que o normal. Claro, mesmo no Natal, ainda é errado comer demais, beber com exagero ou gastar muito.

Mas há um momento de comemorar de forma mais intensa do que de costume. O casamento deve ser celebrado com presentes e festa, como o próprio Jesus testemunhou em seu primeiro milagre. Assim como no Purim e nos casamentos, o Natal é uma época adequada para festejar e dar presentes. Bons homens e mulheres cristãos, alegrem-se!

Por fim, muitos cristãos estão preocupados com o fato de o Natal estar se tornando secular. Acho que essa preocupação está olhando para essa festa de forma distorcida. Em nossa cultura, o Natal é a época menos secular do ano — e a época do Natal representa 10% do ano! Toda a nossa cultura é preparada, durante a época do Natal, para tornar mais fácil falar sobre Jesus. Até mesmo o Exército da Salvação se torna, de certa forma, parte da cultura dominante.

Não podemos forçar nossa cultura secular a celebrar o Natal de maneira cristã, assim como não podemos fazer todo mundo passar a Sexta-feira Santa refletindo sobre o significado da morte de Cristo. Mesmo assim, nossa cultura está incrivelmente interessada nos aspectos cristãos do Natal. Esse dia sagrado cristão também é um feriado nacional. Muitas igrejas reúnem a maior parte de sua congregação do ano inteiro no Natal.

Um estudo do serviço de streaming Spotify mostrou que entre as músicas natalinas mais reproduzidas por covers estão “Noite Feliz” e “Ó noite Santa”. Entre as músicas mais tocadas em dezembro está “Mary, Did You Know?”

Eu moro na região de Chicago, e há uma estação de rádio aqui que adota o formato de rock padrão na maior parte do ano. Nos últimos dez por cento do ano, porém, você pode sintonizar nessa estação e ouvir: “Alegria para o mundo! O Salvador reina!”, ou ser convidado a “expulsar nossos pecados” e deixar Jesus entrar, ou receber “as boas novas de consolo e alegria” porque “Cristo, nosso Salvador, nasceu no dia do Natal”. Devemos ser gratos porque, durante seis semanas a cada ano, até mesmo as estações pop às vezes tocam músicas que proclamam a salvação por meio de Jesus Cristo.

As preocupações com o secularismo são preocupações sobre o que está acontecendo em nossa cultura apesar do Natal, e não por causa dele. Assim como acontece com os parentes com quem conversamos no Natal, o período de festas de fim de ano pode ser um momento para perceber que nossa cultura está se tornando menos cristã. Se for esse o caso, é uma informação que devemos desejar saber, e não tentar evitar.

Somos totalmente livres para celebrar o Natal de maneira cristã. Mas talvez essa seja a verdadeira questão: temos medo de nos tornarmos seculares demais no Natal. Parte de nossa ansiedade com o ambiente que cerca o Natal é porque nos sentimos culpados por não viver de acordo com nossos próprios ideais. A solução é enfrentar o problema, olhar nos olhos e descobrir o que precisamos mudar para tornar nossas próprias celebrações de Natal mais centradas em Cristo. Ninguém está nos impedindo de enfatizar a adoração, a oração e as Escrituras como parte de nossas celebrações.

É hora de nos livrarmos de todas essas preocupações relacionadas à celebração do Natal. A mensagem do Natal inclui estas palavras de consolo: “Não tenham medo” (Lucas 2.10). Este não é o momento de limitar nossa alegria. Siga a dica do anjo e deixe de lado as ansiedades relativas ao ambiente que cerca o Natal.

Timothy Larsen leciona no Wheaton College e é editor da obra The Oxford Handbook of Christmas.

Traduzido por Mariana Albuquerque

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A simplicidade de José era, na verdade, maturidade espiritual

Deus confiou seu único Filho a um homem que não podia prover conforme a expectativa de sua cultura.

Christianity Today December 14, 2021
Illustration by Matt Chinworth

Durante a Guerra Civil do Burundi, na década de 1990, passei vários meses em um campo lotado de pessoas desalojadas internamente — pessoas como eu, que fugiram de casa, mas não podiam fugir do país. Uma das experiências mais dolorosas que tive foi ver a robusta masculinidade dos pais de família ser destruída pela mudança em suas vidas.

Antes provedores de suas famílias, agora eles tinham de depender de alimentos doados por organizações que prestavam socorro. Foram privados de sua liberdade de locomoção, estavam incapacitados para fazer o que haviam feito durante toda a vida (ou seja, trabalhar na agricultura ou no comércio). Alguns começaram a beber bastante como forma de lidar com a depressão.

Desde então, tenho pensado em José, o marido de Maria, que também teve de fugir e lidar com as frustrações de prover o sustento em meio a instabilidades. Ele poderia ter se tornado como esses homens [que conheci no campo]. Ele poderia ter ficado ressentido com os governos local e colonial pela maneira como eles o privaram de boas escolhas e o fizeram se mudar por toda a região. Ele poderia ter ficado ressentido com Deus, por ter dito a ele para se casar com uma mulher que — como seus companheiros devem ter dito a ele — merecia o divórcio, e não o seu apoio. Ele poderia ter tentado compensar sua masculinidade ameaçada com falta de cooperação ou com um legalismo dominador.

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Mas não é assim que a Escritura retrata José. Em vez disso, vemos o homem que Deus escolheu para ser o pai de seu filho aceitando a direção inesperada de Deus a cada passo sensível, como alguém que não era caracterizado por ressentimento, mas sim por cooperar com Deus de todo o coração. Eu mesmo pude ver o quanto é algo difícil. Como José fez isso?

Não sabemos muito sobre José. Ele é um dos personagens bíblicos de quem muito pouco se fala. Por não ser um líder político nem um grande profeta, seu nome estaria ausente da Bíblia se ele não fosse o guardião do Messias. Ainda assim, sua linhagem pode ter sido motivo de orgulho e uma base para ele se empenhar por uma posição honrada. No relato de Lucas sobre a visitação do anjo à Maria, Gabriel afirmou que Jesus era o descendente prometido de Davi, e que ele receberia o trono de Davi e um reino que não teria fim (Lucas 1.31-33).

O fato de Mateus, judeu e discípulo de Jesus que escreveu um dos evangelhos, apresentar José como descendente de Davi é significativo (1.20). Isso coloca José no centro das atenções do plano divino para a humanidade, como o pai adotivo do Messias.

Os escritos apócrifos fornecem uma imagem não confiável de José, às vezes até mesmo irada. Tanto o Protoevangelho de Tiago quanto a História de José, o carpinteiro, afirmam que ele era viúvo e tinha filhos de um casamento anterior. Esses detalhes sobre José sustentam a ideia de que Maria foi uma virgem perpétua, embora não haja razão na Escritura para pensar que José teve filhos [de relações] anteriores: os relatos da natividade não listam ninguém, além de Maria, viajando para Belém com José, e a este foi dito que fugisse para o Egito apenas com Maria e Jesus (Mateus 2.19-21).

É mais provável que o verdadeiro José, o José não apócrifo, fosse um jovem judeu comum que teve alguma instrução religiosa. Escritos rabínicos sugerem que a idade esperada para o casamento, na época de José, era o final da adolescência. Portanto, José provavelmente estava morando com os pais ou parentes, quando o anjo lhe disse que se casasse com Maria. Depois que Jesus nasceu, José teve quatro filhos e um número desconhecido de filhas com Maria (Mateus 13.55-56).

A Bíblia sugere que José foi um homem bastante comum, de um lugar comum, um aldeão que ficou conhecido por sua profissão. As pessoas o conheciam como “o carpinteiro” (13.55). Seus dias provavelmente foram repletos de trabalho árduo.

Embora a cultura judaica valorizasse o trabalho braçal, a realidade era totalmente diferente entre os romanos, o poder colonizador que governou a Palestina durante a vida de José. Do ponto de vista romano, a carpintaria era uma profissão de escravos. José estava longe de estar entre as pessoas que desfrutavam de um alto status.

Parte desse status pode ter sido por nascença, mas outra parte pode ter sido por escolha. José viveu em tempos difíceis, quando oportunistas podiam colaborar com os romanos e desfrutar de uma vida material confortável. Mas ele não seguiu o caminho escolhido por Mateus, que fora cobrador de impostos. Mateus, que escreveu o Evangelho que mais fala sobre José, deve ter vislumbrado a tentação de colaborar [com os romanos] com mais clareza. E, no entanto, José não deixava de cooperar com os romanos desnecessariamente. Ele foi à cidade de seus ancestrais para o censo do governo, por exemplo.

Neste estilo de vida simples e útil, ele foi confrontado com os poderes constituídos — os poderes de então —, que prosperavam com a injustiça, a violência e a corrupção. E nesse confronto, a espiritualidade de José se torna mais evidente e Deus claramente está com ele.

Na verdade, Deus está perto daqueles que, como José, são humildes, contritos de espírito e tremem diante da sua palavra (Isaías 66.2). A simplicidade, como disciplina espiritual, nos ajuda a evitar a tentação do materialismo e permite que nos concentremos nas coisas que realmente importam. Aqueles que vivem com simplicidade podem ser ricos sem ser materialistas, e ser descendentes da linhagem de reis sem competir com Herodes. Para eles, a justiça é melhor do que a glória deste mundo.

Parece-me claro que José foi capaz de guiar bem sua família porque estava aberto a Deus e a seus mensageiros de uma forma que desafiava o legalismo. A espiritualidade de José o preparou para o inesperado.

Em culturas fortemente patriarcais, os homens em geral esperam ser capazes de sustentar bem sua família, às vezes com uma boa dose de distanciamento emocional de sua esposa, e em regra esperam que seus próprios planos sejam os que direcionam a família. Esses chefes de família podem ser rígidos e resistir a comportamentos não convencionais. Em minha cultura, por exemplo, embora os ventos dos direitos humanos já estejam soprando por mais de duas décadas, a maioria dos homens cristãos ainda luta para se livrar de atitudes e comportamentos patriarcais rígidos, e alguns distorcem a Bíblia para justificar esses comportamentos em si mesmos.

Fuga para o Egito, de Henry Ossawa TannerWikiMedia Commons
Fuga para o Egito, de Henry Ossawa Tanner

José não era assim. Vemos isso com mais clareza no tratamento que ele dispensava à Maria. Como um homem judeu, José entendia o que poderia acontecer com uma jovem que fizesse sexo antes do casamento (Deuteronômio 22.13-21). A gravidez era a prova mais convincente de má conduta sexual. Legalmente, ele estaria certo em denunciar Maria.

Contudo, para José, o que era visto como um pecado de Maria não a tornava uma pária da sociedade. Ele sabia que ela merecia amor e proteção. A NVI combina em uma frase, de forma primorosa, a cultura religiosa judaica de José a sua espiritualidade pessoal: “Por ser José, seu marido, fiel à lei e, ainda assim, não querer expô-la à desonra pública, ele tinha em mente divorciar-se dela discretamente” (Mateus 1.19).

Vemos por esse texto que José não é o marido ranzinza e destituído de sua masculinidade como mostra a lenda do Natal. Mesmo antes de receber a mensagem de Deus sobre Jesus, o amor de José por Maria e seu compromisso em proteger a dignidade dela superava qualquer legalismo. O comportamento de José retrata uma masculinidade genuína e uma justiça certificada pela Bíblia.

É evidente que a situação não era a que ele havia imaginado inicialmente. Em um sonho, um anjo disse a ele que a gravidez de Maria tinha origem divina. José rejeitou seus planos anteriores e concordou em obedecer, de forma tão rápida e simples quanto Maria havia aceitado que estava grávida antes do casamento (Mateus 1.24; Lucas 1.38).

Uma resposta tão positiva a uma circunstância tão difícil e arriscada teria sido impossível para uma mente legalista e espiritualmente obtusa. Um homem legalista poderia ter facilmente tomado a mensagem do anjo como uma alucinação, pois parecia contradizer a lei. Mas a espiritualidade de José era de tal ordem que ele era capaz de valorizar mais a vontade do legislador do que a lei, algo que escapava a muitos teólogos sofisticados e líderes religiosos (Mateus 15.3-9), para não mencionar os discípulos de Jesus.

Quando, em outro sonho, um anjo ordenou que José fugisse para o Egito com Maria e o bebê, ele obedeceu e fugiu (Mateus 2.13-14). Para muitos na posição de José, a ordem teria parecido sem sentido. Eles esperavam um Messias poderoso e conquistador, não um bebê refugiado (Atos 1.6).

O fato de José ter sido capaz de deixar de lado a mentalidade comum por causa de um sonho mostra que sua espiritualidade era mais profunda do que o pensamento religioso predominante das pessoas de seu tempo. Ele sabia quando Deus havia falado com ele diretamente. Vemos esse simples aldeão cooperando com Deus para preservar a vida do Messias.

Frequentemente, vemos o nascimento de Jesus como uma celebração do consolo e da inocência. Na Europa e nos Estados Unidos, o Natal costuma ser uma época para pensar em aconchego. No meu país, é uma espécie de feriado para crianças entre os evangélicos.

Será que José poderia se enquadrar nesses Natais modernos? Certamente podemos dizer que José tinha a humildade de uma criança, algo que Jesus mais tarde elogiou (Mateus 18.4), e que sua simplicidade e retidão são uma forma de inocência. Mas José foi o pai de Jesus em tempos turbulentos. Talvez nossos Natais fossem melhores se lembrássemos que inocência e responsividade caracterizavam o pai que Deus escolheu para guiar aquela família através do perigo, e não meramente crianças aninhadas em segurança. José por certo sabia como os governantes romanos podiam ser violentos. Nas estradas, ele deve ter passado por pessoas crucificadas agonizando que, como sua família, eram uma ameaça ao regime.

Por causa de uma decisão política de um imperador a milhares de quilômetros de distância, Jesus nasceu na superlotada Belém — uma dor de cabeça logística para José. É possível que o casal tenha viajado com parentes, que estavam ao seu lado quando Jesus nasceu. Mas nenhuma menção é feita a parentes terem ajudado José a cuidar de Maria e do bebê. Quando não houve lugar para eles na hospedaria, José não teve meios para fazer nada melhor (Lucas 2.4-7). Mais tarde, outra decisão política e outra mensagem em sonho fizeram com que José fugisse para o Egito com Maria e Jesus. Herodes não podia permitir que uma criança que pudesse desafiá-lo no trono crescesse, e determinou que o bebê fosse assassinado.

A fuga para o Egito (La fuite en Égypte), por James Tissot.Brooklyn Museum
A fuga para o Egito (La fuite en Égypte), por James Tissot.

Medo, angústia e uma sensação de impotência devem ter atormentado o terno coração de José, quando ele se deu conta da ameaça. Quem já viveu em meio à violência massiva (como no caso de uma guerra civil) conhece a agonia dessa possibilidade de perder entes queridos acompanhada da incapacidade de protegê-los.

Qualquer pessoa no lugar de José teria feito perguntas existenciais a si mesma e questionado sua fé. Será que ele foi tentado a tirar a própria vida, como alguns são, quando confrontados com uma situação semelhante? Será que ele pensou em migrar para um lugar mais seguro e nunca mais voltar para a Palestina? Será que foi tentado a se tornar um indivíduo passivo ou fatalista? A combinação de perigo, tristeza, tédio, falta de um trabalho significativo, grande responsabilidade e fardos ainda mais pesados já levaram muitas pessoas desalojadas à força a reagirem dessa forma.

É a espiritualidade de José, lindamente mesclada às adversidades que enfrentou, que faz a história dele ser de esperança. Ele certamente ponderou as palavras do anjo: “Então levante-se, pegue o filho e sua mãe e fuja para o Egito, e fique lá até que eu mande você ir embora” (Mateus 2.13, GNT). Parte disso era uma ordem; a outra parte era uma promessa. Deus estava no controle. Um dia, José e sua família voltariam. Os governantes egoístas e cruéis não tiveram a última palavra na vida da família de José.

Ainda assim, José e sua família estavam em uma situação delicada, na qual ele precisava depender de Deus para tomar as decisões mais básicas. Uma decisão errada poderia ser fatal. Quando chegou a hora de voltar, o anjo instruiu José a voltar (Mateus 2.19-20).

Mais uma vez, José foi divinamente guiado para tomar uma decisão que era muito perigosa. Qualquer um que já foi refugiado reconhece isso. No campo de “desalojados” em que eu morava, alguns homens partiram para retomar a vida normal antes que a área estivesse segura; sua impaciência lhes custou a vida.

O mundo ainda era o mundo — mesmo em momentos de alívio. Deus aconselhou José a não viver na Judeia, mas na Galileia. Não havia segurança completa, nem alívio completo. Herodes estava morto, mas seu filho estava no poder (v. 21-23). Deus não destruiu todos os ímpios naquele momento, mas também não permitiu que seus planos divinos fossem frustrados por eles.

Hoje, o mundo está de certa forma melhor do que era na época de José. As organizações de direitos humanos podem falar pelos fracos e ajudar a proteger suas vidas. No entanto, a humanidade ainda é caída e, portanto, bem menos do que perfeita. O número de pessoas desalojadas à força no mundo aumentou nos últimos 40 anos. Guerras, terremotos, erupções vulcânicas, furacões, pandemias e decisões de governantes podem destruir nosso senso de segurança e estabilidade.

Dito isso, nunca devemos esquecer que Deus está trabalhando e está conosco mesmo em nossos momentos mais sombrios (Salmos 23.4-5). Além disso, ele prometeu nos instruir no caminho que devemos seguir (Salmos 32.8), como instrumentos de sua vontade na terra.

Assim como Deus usou José, ele pretende nos usar para cumprir seus propósitos para nossa geração. Mas isso requer de nós o tipo de espiritualidade que transcende tradições denominacionais e mentalidades legalistas. Devemos também evitar atentamente as armadilhas da carne, a fim de permanecermos sensíveis ao agir de Deus em nosso tempo.

Assim como Deus não permite que essas coisas nos separem dele, não devemos permitir que o perigo, a insegurança ou mesmo a morte nos impeçam de cooperar com ele.

Como podemos fazer isso? Não por meio de estratégias complicadas, mas simplesmente com uma fé como a de José: uma fé simples como a de uma criança, pronta a depender de Deus nas decisões que tomamos, a fazer o que ele nos instruir a fazer e a ir aonde ele nos levar sem reclamar, seja isso cômodo ou perigoso.

Acher Niyonizigiye é pastor da Bujumbura International Community Church, cofundador da organização sem fins lucrativos Greenland Alliance e autor de Be Transformed and Glorify God with your Life.

Traduzido por: Mariana Albuquerque

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Como se parece a esperança

Leitura do Advento para o dia 13 de dezembro.

Christianity Today December 13, 2021

Terceira semana: Sacrifício e Salvação


Deus falou por meio dos profetas do Antigo Testamento, usando palavras e imagens poéticas para descrever a esperança da salvação. Nesta semana veremos algumas profecias que apontam para o Messias — o servo, a luz, o prometido por quem o povo de Deus tanto esperava.

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Leia Isaías 11.1-5 e Jeremias 33.14-16

Tenho três filhas e muitas vezes olho para elas maravilhada. Eu simplesmente não consigo entender como mundos inteiros — a vida, a identidade e o futuro de cada uma de minhas filhas — são gerados a partir de um microscópico óvulo fertilizado. Como o milagre e o mistério da vida humana são possíveis? Só Deus sabe.

Desde a época do profeta Isaías até os tempos de Jeremias, gerações de israelitas dos reinos do Norte e do Sul experimentaram a destruição de suas terras, vidas, famílias e meios de subsistência como juízo de Deus por seus pecados. Toda a esperança de um final feliz fora perdida. Gerações em demasia tinham experimentado a morte, de mil e uma maneiras diferentes, para que acreditassem que suas circunstâncias acabariam sendo diferentes. E, no entanto, ainda ansiavam por um salvador que os resgatasse, por um messias que os arrebatasse das garras de seus inimigos.

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Quando a esperança desapareceu, quando eles viveram em impérios de destruição como estrangeiros oprimidos, o profeta Isaías e, mais tarde, o profeta Jeremias falaram de esperança. Por meio deles, Deus comunicou esta promessa de esperança, descrita como um minúsculo broto que surgirá “do tronco de Jessé”, como um “renovo justo” que Deus fará brotar da “linhagem de Davi” (Is 11.1; Jr 33.15) .

Gerações e gerações se passaram, antes que a esperança prometida por Deus surgisse. Ainda assim, ele cumpriu a promessa que fez, por meio do advento de nosso Senhor Jesus Cristo. Enquanto muitas gerações do povo de Deus se perguntavam se Deus algum dia viria, precisamente na hora certa Jesus veio. Jesus, “O Senhor [que] é a Nossa Justiça” (Jr 33.16), aquele em quem o Espírito repousa, aquele que é cheio de retidão e justiça.

Em sua humanidade, Jesus nasceu da semente divina confiada a José e Maria. Jesus, um pequeno rebento que brotou do tronco de Jessé; Jesus, que contém todos os mundos, reais e possíveis — pois “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele” e “nele tudo subsiste” (Jo 1.3; Cl 1.17). Mais uma vez, eu me detenho, tomado por assombro e maravilhamento.

Assim como não consigo compreender a natureza do milagre que é a existência de minhas filhas, não consigo compreender os mistérios da salvação de Deus ou questões como quem, o quê, onde e o porquê do tempo de Deus. Mas sei, com segurança, que Deus cumpre suas promessas — as promessa feitas na história, ao seu povo e a indivíduos. Deus sempre aparece. Sempre. E aparece quando menos esperamos e de maneiras que não esperamos — quando toda a esperança parece estar perdida. Na verdade, nosso Deus aparece como um minúsculo broto verde em uma floresta que foi completamente queimada. Fique atento.

Marlena Graves é doutoranda e professora adjunta em um seminário. Ela é autora de vários livros, entre eles The Way Up Is Down: Becoming Yourself by Forgetting Yourself.

Medite em Isaías 11.1-5 e Jeremias 33.14-16.


Que esperança essas passagens oferecem? O que os destinatários originais dessas profecias podem ter pensado ou se perguntado? Ore, refletindo sobre o renovo de esperança e salvação que Deus prometeu a seu povo.

O Deus que sofre

Leitura do Advento para o dia 12 de dezembro.

Christianity Today December 12, 2021

Terceira semana: Sacrifício e Salvação


Deus falou por meio dos profetas do Antigo Testamento, usando palavras e imagens poéticas para descrever a esperança da salvação. Nesta semana veremos algumas profecias que apontam para o Messias — o servo, a luz, o prometido por quem o povo de Deus tanto esperava.

Leia Isaías 52.13—53.12

Durante o Advento, é fácil adotar uma postura sentimental em relação à encarnação. Imaginamos o Deus-homem como um bebê com sua mãe; antevemos seu ministério como “Maravilhoso Conselheiro” e “Príncipe da Paz” (Is 9.6). Esses são aspectos verdadeiros da identidade e da humanidade de Jesus, e certamente são temas bíblicos apropriados para esta época do ano. Mas as palavras proféticas de Isaías neste último de seus Cânticos do Servo — que descrevem a vinda de um servo do Senhor que será encontrado fiel para liderar as nações — ampliam nossa compreensão da vida encarnada de Cristo: Jesus nasceu para sofrer e morrer.

O caminho de Jesus para a glória não foi simples. Em vez de ser aceito pelo mundo, ele foi desprezado e rejeitado (53.3). Em vez de ser exaltado como rei, ele foi torturado e assassinado (53.5, 9). Mas a sua não foi apenas uma tragédia humana — foi algo que misteriosamente fazia parte do plano divino (53.10). O sofrimento voluntário de Cristo revela sua disposição de ser não apenas nosso Sumo Sacerdote, mas também o cordeiro sacrificial.

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Esta realidade profunda é mais do que um mero conceito teológico. Jesus sofreu como ser humano dotado de um corpo físico, tendo participado dos aspectos mais dolorosos e sombrios da experiência humana. Ele sabe o que é ser brutalizado e humilhado (52.14), o que é ser oprimido e abandonado (53.8). Na encarnação, Jesus se identifica conosco mesmo em nossas piores formas de sofrimento. Para aqueles que sentem as festas de fim de ano como algo doloroso ou solitário, este aspecto da vida de Jesus pode ser estranhamente reconfortante. Nenhuma tragédia humana está além de sua compreensão ou de sua solidariedade.

Mas Isaías também deixa claro que a história de Jesus não termina em sofrimento e morte. Pelo contrário, sua aflição é o meio pelo qual ele alcança a vitória: “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito” (53.11). Isso é mais do que uma justificação pessoal. Como servo justo de Deus, Jesus estabelece justiça e redenção para as nações da Terra. Em outras palavras, Jesus participa do nosso sofrimento para que possamos participar de sua ressurreição. Suas feridas redimem as nossas e se tornam a própria fonte de nossa cura (53.5).

Quando contemplamos a encarnação em toda a sua beleza, também podemos ser gratos por sua bravura. Jesus desceu do céu e foi ainda mais longe: foi até as profundezas da vergonha e do sofrimento humanos. Ele fez isso por nossa causa. E quando o encontramos em nosso próprio sofrimento, pecado e vergonha, podemos ter certeza de que ele não nos deixará lá — pois pelas suas feridas fomos curados.

Hannah King é um pastora e escritora da Igreja Anglicana na América do Norte. Ela atua como pastora associada na Village Church, em Greenville, Carolina do Sul.

Medite em Isaías 52.13—53.12.


O que mais chama a sua atenção? Como essa profecia poética aprofunda seu engajamento com o evangelho? Ore, refletindo sobre como essas descrições sombrias daquilo que o servo sofreria são cruciais em nossa observância do Advento.

Veja o Cordeiro

Leitura do Advento para o dia 11 de dezembro.

Christianity Today December 11, 2021

Segunda semana: Pecado e Redenção


João Batista desempenhou um papel crucial em preparar as pessoas para o Messias. Esta semana vamos refletir sobre o que a Escritura diz sobre o propósito de João. Refletiremos a respeito de como seus ensinamentos sobre o pecado e o arrependimento podem orientar nossa própria vida de discipulado cristão.

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Leia João 1.29-34

O Velho Testamento está repleto de pastores. Abraão era um pastor, Jacó e Raquel também, bem como Moisés, o rei Davi e o profeta Amós. Pastorear era um trabalho importante porque a comunidade do povo de Deus no Antigo Testamento precisava de ovelhas. Eles precisavam de cordeiros, muitos cordeiros, a fim de cumprir a exigência de sacrifícios a Deus.

A ideia de uma matança aparentemente interminável de cordeiros pode ser perturbadora para nós. Imagine como deve ter sido perturbador para aqueles que participavam dessas ofertas sangrentas! No entanto, por causa do pecado, Deus exigia um sacrifício. Ele exigia um cordeiro. Mas não qualquer um. O cordeiro tinha de ser imaculado, sem manchas ou defeitos (Lv 22.21,22). Em outras palavras, tinha de ser perfeito.

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Ainda que o povo de Deus tivesse sido incumbido de escolher os cordeiros mais perfeitos, esses cordeiros nunca foram perfeitos o suficiente. O sacrifício deles cobria o pecado, mas nunca poderiam realmente tirá-lo (Hb 10.4). Cada grito de um cordeiro sacrificado no Antigo Testamento era, de certa forma, um clamor de desejo pelo Cordeiro de Deus verdadeiramente perfeito.

Este grito continuou através das gerações, até que um dia João Batista viu Jesus caminhando em sua direção e declarou: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). Aqui, João Batista ofereceu uma resposta à pergunta penetrante que Isaque havia feito muitos anos antes a seu pai, Abraão, e que ecoou através dos séculos: “Onde está o cordeiro?”. Abraão respondeu a Isaque: “O próprio Deus proverá o cordeiro” (Gn 22.7,8).

Ali perto do rio, João Batista declarou que Jesus era o cordeiro que Deus prometeu prover. Eis o Cordeiro de Deus perfeito, limpo e imaculado (veja 1Pe 1.18,19).

Já não estamos procurando o cordeiro. Ele veio. Jesus Cristo é aquele cordeiro que foi sacrificado — crucificado — em nosso lugar (1Co 5.7). Ele é o cordeiro “traspassado pelas nossas transgressões” e “esmagado pelas nossas iniquidades” (Is 53.5). Jesus é o cordeiro, o único cordeiro que, de uma vez por todas, fez o sacrifício pelos nossos pecados (Hb 10.12).

João Batista testemunhou o fato de que Jesus era o “Escolhido de Deus” (Jo 1.34). O bebê que nasceu, a quem João anunciou, era também “o Cordeiro que foi morto” (Ap 13.8). Hoje, quando adoramos o Senhor, podemos repetir as palavras proféticas de João: Agora, eis o Cordeiro!

Anthony J. Carter é o pastor sênior da Igreja de East Point, em East Point, Geórgia. Ele é autor de vários livros, entre eles Dying to Speak e Running from Mercy.

Leia João 1.29-34.


(

Opcional: Reflita também sobre João 1.6-8; 1Coríntios 5.7; 1Pedro 1.18,19.

)
Como os ensinamentos de João sobre o pecado e o arrependimento se conectam com o testemunho dele sobre Jesus? Como você deseja responder a Jesus ao contemplar sua identidade como o Cordeiro de Deus?

Maravilhosa graça purificadora

Leitura do Advento para o dia 10 de dezembro.

Christianity Today December 10, 2021

Segunda semana: Pecado e Redenção


João Batista desempenhou um papel crucial em preparar as pessoas para o Messias. Esta semana vamos refletir sobre o que a Escritura diz sobre o propósito de João. Refletiremos a respeito de como seus ensinamentos sobre o pecado e o arrependimento podem orientar nossa própria vida de discipulado cristão.

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Leia Mateus 3.1-12

Mateus, o escritor do Evangelho, preserva o cenário histórico do ministério de João Batista com um carimbo de data e hora simples: “Naqueles dias” (v. 1). Ler o capítulo anterior (assim como Lucas 3) é entender que aqueles eram os dias de governantes megalomaníacos, como Herodes, o Grande, que, em sua fúria sanguinária, matou os meninos de Belém. Depois que Herodes morreu e seu filho subiu ao trono, José temeu por sua família e mudou-se com todos para Nazaré, “para que se cumprisse o que os profetas haviam falado, a fim de que ele fosse chamado de nazareno” (2.23, ESV).

O Evangelho de Mateus insiste no cumprimento das promessas proféticas de Deus. “Deus disse — e foi cumprido”, Mateus enfatiza continuamente. Essa noção não deve ser tratada como autoevidente, é claro, não quando a realidade visível sugere que o mal está vencendo. Quando bebês são mortos pelas mãos de um rei mau, por exemplo, podemos realmente confiar que o céu está se abrindo, como João anuncia (3.2)?

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João Batista remete à figura de Elias no Antigo Testamento, vestido com pelos de camelo, comendo gafanhotos e mel silvestre. Elias foi outro profeta que ministrou sob um regime maligno. O rei Acabe, assim como Herodes, matou por ambição. Após a vitória dramática de Elias sobre os profetas de Baal, sua rainha Jezabel pôs a prêmio a cabeça do profeta.

Arrependa-se, pois o reino dos céus está próximo. Esta é essencialmente a palavra pregada por todos os profetas de Deus e, pela graça de Deus, é uma palavra que alcança as trevas. É uma boa notícia: houve uma mudança de administração. Esta proclamação, pregada por João e Jesus, antecipa que outro rei subirá ao trono. Como o próprio profeta Isaías declarou muitas centenas de anos antes, o governo desse rei, ao contrário do governo do rei Acabe ou do rei Herodes, será de paz (Is 9.6,7).

Seguir o Rei Jesus não é simplesmente ser salvo por ele; é ser mudado por ele. De acordo com Paulo, o evangelho nos diz que Jesus “se entregou por nós a fim de nos redimir de toda a maldade e para purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras” (Tt 2.14).

Conhecemos a operação da graça maravilhosa, salvadora e purificadora quando o povo de Deus deixa o pecado e se entrega totalmente a Deus. Se o Advento é o raiar da luz, o arrependimento é o hábito diário de andar nela.

Jen Pollock Michel vive em Toronto, é escritora, apresentadora de podcast e palestrante. Ela é autora de quatro livros, entre eles A Habit Called Faith e Surprised by Paradox.

Medite em Mateus 3.1-12.


Como a ideia de que o reino “está próximo” (v. 2) adiciona contexto ao chamado de João ao arrependimento? O que essa declaração revela sobre Jesus? Como isso enriquece sua compreensão do evangelho? E da graça purificadora?

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