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Evangélicos libaneses ajudam muçulmanos deslocados pela guerra entre Hezbollah-Israel

Apesar dos riscos de segurança e dos recursos limitados, as igrejas têm trabalhado duro para atender a população xiita, que não está acostumada a experimentar o amor cristão.

Mulheres xiitas e seus filhos, que fugiram do sul do Líbano para se abrigar em Beirute.

Mulheres xiitas e seus filhos, que fugiram do sul do Líbano para se abrigar em Beirute.

Christianity Today October 22, 2024
Marwan Naamani / AP Images

No dia 23 de setembro, Mustafa colocou sua família de cinco pessoas em uma pequena motocicleta e, saindo de Tiro, dirigiu por sete horas rumo ao norte, até uma aldeia nas montanhas libanesas, ziguezagueando lentamente por um engarrafamento de filas de veículos. Algumas das pessoas que estavam nos carros — como a família de seis pessoas de seu irmão Hussein — levariam dois dias a mais para chegar ao mesmo destino.

Essa viagem normalmente leva duas horas.

Mustafa, e milhares como ele, estavam fugindo freneticamente das bombas israelenses destinadas ao Hezbollah, a milícia xiita que o governo dos EUA classifica como uma organização terrorista. Até aquele momento, ele e seu irmão tinham trabalhado no campo, em uma fazenda fora da cidade, e vivido em um apartamento espartano de dois quartos fornecido por seus empregadores.

A CT concordou em omitir seus sobrenomes por razões de segurança. Mustafa é um cristão originário de Afrin, uma área curda no noroeste da Síria. Questionado se compartilhava da fé de seu irmão, Hussein disse: “Ainda não”.

Seu país natal não reconhece convertidos do islamismo. E embora o Líbano seja a única nação árabe a conceder liberdade de conversão, Tiro é uma cidade xiita socialmente conservadora que vive sob a influência política do Hezbollah.

Este foi o segundo deslocamento de Mustafa. Em 2013, ele e seu irmão fugiram da guerra civil síria. Nos últimos cinco anos, porém, à medida que os índices de pobreza triplicaram no Líbano, os muçulmanos sunitas nominais encontraram apoio de um ministério cristão local que oferecia ajuda.

Dezoito meses atrás, Mustafa professou sua fé em Cristo.

“Eu sigo Jesus”, disse Mustafa. “Ele me salvou”.

Quando Israel começou a invadir o Líbano por terra, emitiu ordens de evacuação para aldeias muçulmanas e cristãs no Sul do país. Mas a grande maioria dos deslocados vem de áreas xiitas suspeitas de abrigar depósitos de armas e túneis subterrâneos — cujos xiitas residentes podem ou não se alinhar à ideologia islâmica do Hezbollah.

De acordo com uma pesquisa realizada no início de 2024, enquanto 78% dos xiitas têm uma visão positiva do papel da milícia nos assuntos regionais, apenas 39% disseram que se alinhavam mais ao Hezbollah do que a outros partidos políticos do Líbano, em contraste com 37% dos xiitas que não se sentem próximos de nenhum partido específico.

Apenas 6% dos cristãos disseram ter “muita confiança” na milícia xiita.

Em meio a essas realidades, os cristãos estão ansiosos — e cautelosos — para ajudar. Compromissos com o Evangelho e a solidariedade nacional exigem hospitalidade. O retraimento sectário encoraja a suspeita. E a campanha de bombardeios de Israel gera o medo de que quem acolher os deslocados possa, consequentemente, transformar-se em alvo.

Apesar disso, muitos estão ajudando os deslocados.

Mustafa e Hussein encontraram abrigo em alojamentos oferecidos por uma igreja evangélica situada na aldeia onde buscaram refúgio, que é habitada por muçulmanos e cristãos. Um tapete de plástico cobria metade do piso de cimento da porção da área reservada que lhes fora destinada, e colchões bem finos estavam escorados nas paredes. Cobertores e travesseiros espalhados pelo recinto eram evidências da noite de sono agitada de seus filhos.

“Esta é a nossa mensagem: mostrar o amor em ação, enquanto levamos as pessoas a Cristo”, disse o pastor da igreja. (A CT está lhe concedendo o benefício do anonimato devido à situação política incerta no Líbano). “À medida que recebem, nós os ensinamos a dar.”

Sua congregação atualmente abriga cerca de 100 pessoas, que foram deslocadas de suas casas no sul e no Vale de Bekaa, no Líbano. Mais da metade dessas pessoas vieram da Síria; o restante é principalmente de xiitas libaneses. O pastor afirma que 60% [dos abrigados] são crentes em Jesus. Outros, como Hussein, são parentes desses crentes ou são muçulmanos que já eram intimamente ligados a igrejas em sua área de origem.

Todos se juntaram para preparar 500 sanduíches de atum para distribuir no local.

Não só palavras

O conflito atual entre Hezbollah e Israel começou no ano passado, em 8 de outubro, um dia depois que o Hamas, a partir de Gaza, invadiu e matou aproximadamente 1.200 israelenses e fez 250 reféns. A milícia libanesa iniciou o que chamou de “frente de apoio” ao Hamas, lançando mísseis que fizeram 80.000 israelenses fugirem de vilas localizadas perto da fronteira.

Um número semelhante de libaneses também fugiu da retaliação de Israel e, por 11 meses, os dois lados mantiveram uma troca de mísseis relativamente contida, visando evitar um conflito maior e talvez regional com o Irã, que está por trás do Hamas e do Hezbollah, os quais atuam como forças aliadas intermediárias.

Esse status quo se manteve, apesar das mortes de 12 crianças drusas, atingidas por um míssil do Hezbollah nas Colinas de Golã, e do aumento dos ataques de Israel a líderes de milícias dentro do Líbano, da Síria e do Irã. As negociações lideradas pelos EUA para acalmar ou cessar os combates não conseguiram superar a insistência do Hezbollah em um cessar-fogo simultâneo em Gaza. Em 17 de setembro, Israel incluiu o retorno dos cidadãos do Norte para suas casas como uma meta oficial de guerra.

Horas depois, um ataque orquestrado por meio da explosão de pagers e, no dia seguinte, de rádios de comunicação — com amplas suspeitas de ter sido conduzido por Israel, apesar de este negar oficialmente sua participação — matou dezenas e feriu milhares de membros da milícia e de pessoal médico afiliado, no Líbano e na Síria. Seis dias depois, a campanha de bombardeio começou. Autoridades israelenses teriam declarado que sua estratégia era de “desescalada através da escalada”.

O Líbano estima que os combates deslocaram 1,2 milhão de seus 6 milhões de residentes. Mais de 950 escolas públicas, armazéns e outras instalações agora servem como abrigos. Noventa por cento dos deslocados, dos quais quase a metade são crianças, não conseguem suprir suas necessidades básicas.

O pastor da aldeia nas montanhas, mencionado no início do artigo, obteve autorização do município, governado por muçulmanos, para fornecer ajuda, juntamente com vários outros grupos de ajuda humanitária que atuam em coordenação com um ministério local, e que é administrado por um ancião da igreja.

Um coordenador de assistência local, que é membro da comunidade muçulmana drusa heterodoxa, disse que “a igreja é sempre a primeira” a fornecer ajuda, enquanto alguns outros grupos “dizem que estão ajudando, mas tudo não passa de conversa”.

Com as salas de aula por todo o país lotadas de famílias em busca de refúgio, porém, ele lamenta que seus três filhos não tenham uma escola para frequentar.

O último conflito entre Israel e o Hezbollah, em 2006, fez com que 900.000 pessoas deixassem suas casas. Naquela época, igrejas e cidadãos de todas as seitas se uniram para ajudar, mas hoje os recursos são muito menores.

Muitos estão relutantes em alugar seus apartamentos para xiitas deslocados, com medo de que estes, que estão em busca de refúgio, não possam — ou não queiram — continuar a pagar. A hiperinflação e uma desvalorização monetária de 98% já fizeram com que muitos libaneses tivessem que se virar para conseguir o sustento diário. O impasse político manteve a nação sem um presidente por dois anos, enquanto o primeiro-ministro atua em caráter interino.

De quem é a culpa?

Muitas pessoas culpam o Hezbollah.

“Sou contra os xiitas na política, mas, do ponto de vista humano, não podemos nos recusar a ajudá-los”, disse o coordenador de assistência druso. “Sofremos com a Síria; sofremos com o Irã. Talvez estejamos esperando a ajuda dos Estados Unidos.”

Diplomatas americanos e franceses tentaram intermediar um cessar-fogo de três semanas no Líbano, e o ministro das Relações Exteriores libanês declarou que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, havia concordado. Dias depois, um ataque aéreo israelense, que usou bombas destruidoras de bunkers, arrasou quatro prédios residenciais e matou Nasrallah em seus aposentos subterrâneos. Autoridades dos EUA negaram ter conhecimento da anuência de Nasrallah [sobre o cessar-fogo].

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu supostamente teria concordado com as negociações de cessar-fogo, mas depois voltou atrás. Israel declarou que sua guerra é contra o Hezbollah, não contra o Líbano. Netanyahu, dirigindo-se aos libaneses, fez referência à campanha contra o Hamas.

“Vocês têm a oportunidade de salvar o Líbano antes que ele caia no abismo de uma longa guerra, que levará à destruição e ao sofrimento, como tem acontecido em Gaza”, afirmou. “Libertem seu país do Hezbollah para que esta guerra possa acabar.”

O Líbano há muito tempo apoia oficialmente a implementação da resolução 1701 da ONU, adotada para encerrar a guerra de 2006. Ela pede o desarmamento de todas as milícias e a retirada do Hezbollah além do Rio Litani, cerca de 30 quilômetros ao norte da fronteira israelense. Mas, em 2008, o esforço do Líbano para desmantelar a rede de comunicação privada da milícia falhou, após demonstração de força armada do Hezbollah em Beirute.

Os Estados Unidos estariam agora supostamente pressionando os políticos libaneses para que elejam um presidente, que, segundo um acordo não escrito, mas em vigor a cerca de 80 anos, deve ser um cristão maronita. Membros do parlamento libanês, cujos assentos se dividem igualmente entre muçulmanos e cristãos, elegem o chefe de Estado.

Os cristãos, porém, estão divididos em dois partidos políticos principais e outros menores, alguns dos quais se aliam ao Hezbollah como entidade política, a fim de ganhar apoio do eleitorado xiita. Antes da escalada israelense, os principais políticos xiitas obstruíram reiteradamente a conclusão do processo de votação para o presidente cristão, insistindo em um candidato que fosse simpático à causa do Hezbollah.

Mas os líderes do dois principais partidos cristãos, conhecidos por suas ambições presidenciais, têm falhado em trabalhar de forma conjunta e consistente para representar sua comunidade.

“Eu culpo os líderes cristãos — eles trabalham por seus próprios interesses, não pelos interesses do nosso país”, disse aquele pastor da igreja na aldeia que fica nas montanhas. “Se você cede um espaço que é seu para os outros, não pode culpá-los quando eles o tomam.”

Em 2000, o Hezbollah conquistou amplo apoio social, até mesmo de muitos cristãos, ao obrigar Israel a encerrar sua ocupação de 18 anos no Sul do Líbano, originalmente destinada a impor uma zona-tampão contra incursões de militantes palestinos. Desde então, a milícia perdeu o apoio muçulmano sunita, ao entrar na guerra civil na Síria em favor de Bashar al-Assad, o que foi publicamente confirmado em 2013. Cristãos comuns se juntaram a muitos nesse desencanto com o Hezbollah, quando este se aliou a líderes sectários contra a revolução popular de 2019, que deu início aos últimos cinco anos de declínio econômico.

O apoio da milícia ao Hamas provocou uma onde de cartazes com os dizeres “Não queremos guerra” por toda Beirute.

Oferecendo o amor cristão

“Estamos com raiva. Sem fazer nenhuma consulta ao governo, o Hezbollah arrastou o Líbano para a guerra”, disse Joseph Kassab, presidente do Supremo Concílio da Comunidade Evangélica na Síria e no Líbano, que disse que nenhuma paz duradoura pode vir por meio da violência. “Muitos cristãos acham que Israel não se prende a quaisquer restrições na guerra, e a milícia errou em provocar seu inimigo.”

Os ventos da mudança estão soprando, no entanto, disse Jihad Haddad, pastor da True Vine Church em Zahle, uma cidade cristã no Vale de Bekaa, fazendo um trocadilho com um provérbio chinês: Alguns constroem muros para resistir ao vento; mas moinhos de vento poderiam ser mais úteis para o ministério. Como os cristãos não têm voz política no conflito atual, ele está direcionando seus esforços para apoiar os deslocados.

O centro de assistência na igreja já distribuía 2.000 cestas básicas por mês, antes da escalada atual, com muitos alimentos que eram cultivados nas terras da própria igreja. Para cuidar dos muitos que agora estão abrigados em escolas, a igreja adaptou as cestas para que forneçam alimentos que não precisam ser cozidos. Os deslocados também enfrentam escassez de cobertores, mas nada mais resta nos depósitos da igreja.

Haddad vê esperança no horizonte, mas não é fácil. O Líbano, disse ele, está preso entre o “martelo” de Israel e a “bigorna” do Hezbollah. Mísseis atingiram uma área a cerca de um quilômetro e meio de sua casa e, na outra direção, a cerca de um quilômetro e meio da igreja.

Percepções do que acontece em Gaza criam um medo pungente.

“Somos muito cautelosos em acolher famílias que não conhecemos”, disse Haddad. “Onde encontra militantes, Israel os bombardeia.”

O povo de Zahle, segundo ele, verifica cuidadosamente se há afiliação dos xiitas ao Hezbollah. A True Vine forneceu abrigo em apartamentos da igreja para 17 famílias ligadas à congregação, à medida que fiéis e outros buscam abrigo entre os cristãos que, conforme esperam, seja seguro. Mas Haddad também teme que, se a igreja ficar sobrecarregada por abrigar todos aqueles que buscam refúgio, ela não poderá fornecer serviços e ajuda a todos.

A ajuda vinda de igrejas de todas as denominações tem causado uma forte impressão.

“Se não houvesse cristãos no Líbano, já teríamos sido devorados”, afirmou Mohamed al-Hajj Hassan, um sheike xiita conhecido por sua oposição ao Hezbollah, em um videoclipe amplamente compartilhado de sua entrevista na televisão. “Foram eles que nos protegeram e ajudaram aqueles que estão vagando pelas ruas. Foram eles que acolheram nossas mulheres e crianças.”

Os cristãos poderiam ter ficado do lado de Israel, segundo ele. Os xiitas devem agora “reexaminar nossa consciência e pensar se não podemos ter prejudicado nossos parceiros dentro de nosso próprio país.”

Volunteers supported by Thimar prepare meals for the displaced
Voluntários apoiados por Thimar preparam refeições para os deslocados.

Tal apreço e reconhecimento, no entanto, não tornam mais fácil para os evangélicos abrirem as portas de suas instituições, disse Nabil Costa, chefe da Associação de Escolas Evangélicas no Líbano. Suas 35 escolas atendem 20.000 alunos, grupo que é composto por uma mescla de cristãos e muçulmanos. O governo do Líbano obrigou uma escola adventista do sétimo dia, em um bairro xiita no centro de Beirute, a fornecer abrigo para os deslocados.

Costa disse que os evangélicos estarão dispostos a abrir suas escolas, assim que o governo decidir que todas as instalações escolares privadas são necessárias para ajudar. Isso pode incluir a discussão de como cooperar com o ministério da educação para fornecer instrução suplementar para crianças de escolas públicas que foram forçadas a deixar suas salas de aula.

A guerra deslocou 40% dos 1,25 milhão de alunos do Líbano.

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Costa também dirige a Thimar, uma organização batista local de serviço social que supervisiona a Escola Batista de Beirute (BBS), e que negociou com o governo para transformar seu campus em um centro de distribuição para os deslocados. Localizada a cerca de cinco quilômetros ao norte da área densamente povoada de Dahiyeh, em Beirute, onde Nasrallah foi morto, a vizinhança da escola não está atualmente ameaçada por ataques aéreos israelenses. Mas, em meio a ecos dos ferozes bombardeios regulares, a BBS auxilia sete instituições públicas e privadas próximas que hospedam os deslocados, fornecendo 700 refeições diárias. Uma ajuda adicional também é fornecida às igrejas nas montanhas.

“Não temos o direito de rejeitar refugiados”, disse Costa. Mas ele alertou o governo: “Não tirem vantagem do nosso amor cristão”.

É hora de abrirmos nossos corações

Alguns, mesmo entre os próprios deslocados, estão oferecendo amor espontaneamente.

Na segunda-feira, 23 de setembro, Laya Yamout acordou às 6h30, ao som dos ataques aéreos israelenses. Enfermeira registrada que trabalha na Horizons International, ela também é voluntária na Tyre Church, fundada por seu falecido pai, há 14 anos, como uma igreja na cidade xiita. Ela já havia restringido seu deslocamento local, pois ataques de drones de precisão miravam militantes do Hezbollah que dirigiam motocicletas. Melhor não ser pega perto de um deles, disse Yamout, caso eles errem o alvo.

Mas o ataque desse dia parecia diferente. Quatro horas depois, Yamout estava visitando um paciente idoso com demência, quando outra explosão aconteceu nas proximidades. Ela correu para casa, fez as malas e, com seu cachorro a seu lado, dirigiu cerca de 89 quilômetros. As 50 pessoas em sua congregação — quase todas crentes em Jesus de origem muçulmana — acabaram encontrando uma rota de fuga para locais dispersos, abrigando-se em escolas, igrejas ou com familiares. Uma delas voltou para o Iraque.

Yamout ficou na casa de uma amiga, em um bairro cristão da capital.

“Sinceramente, é mais seguro”, ela disse. “Não quero ter que fugir de novo.”

Na manhã seguinte, Yamout se ofereceu como voluntária em uma clínica ligada a uma grande igreja curda em Beirute. Na quarta-feira, ela voltou para Tiro com outras duas pessoas, esperando voluntariar-se na Cruz Vermelha.

Depois de levar sete horas para chegar a Beirute dois dias antes, levou pouco mais de uma hora para voltar para casa, em meio a um cenário “apocalíptico” de carros abandonados na beira da estrada e meia dúzia de prédios em chamas à direita e à esquerda.

Ela quase deu meia-volta logo que chegou. Tiro parecia uma cidade-fantasma, sem água, sem eletricidade e sem sinal de celular. As ruas estavam praticamente vazias, exceto por militantes do Hezbollah, mas ela não ficou com medo daquele cenário.

Seu pai fora preso duas vezes por evangelizar, e o imóvel da igreja sofreu vandalismos repetidamente. Mas, ao longo dos anos, disse Yamout, a Tyre Church conquistou o respeito relutante da comunidade, e a rua em que a igreja fica se tornou popularmente conhecida como “Rua da igreja”.

No entanto, não era seguro permanecer ali. Dois fiéis dormiram na praia, com medo de que seus apartamentos fossem atingidos [por bombardeios]. Yamout encheu uma van de 15 passageiros para retornar à capital com famílias da igreja que não tinham conseguido encontrar transporte dias antes para algum local seguro.

Na quinta-feira, ela estava de volta atendendo em uma clínica, em uma cidade cristã que fica a aproximadamente 80,4 quilômetros ao norte de Beirute, e que recebeu muitas pessoas deslocadas do Vale de Bekaa. Em média, ela atendia 150 pessoas por dia.

“Agora é hora de abrirmos nossos corações”, disse Yamout. “Podemos nunca mais ter essa chance.”

O Líbano tem conteúdo cristão transmitido por ondas do rádio e igrejas por todo o país, mas há muitas aldeias libanesas de todas as seitas que se isolam de outras comunidades. Mas xiitas do Sul, que normalmente conhecem poucos cristãos, agora se encontram abrigados em áreas cristãs. Eles estão profundamente traumatizados, disse Yamout, mas seus rostos se iluminam com um sorriso, quando ela lhes conta que também é de Tiro e dedica um tempo para ouvir suas histórias.

Em cada escola, Yamout trabalha com a igreja local para acompanhar qualquer um que mostre abertura ao evangelho. Ela defende cautela ao oferecer hospitalidade, pois alguns membros da milícia provavelmente se infiltrarão nesses locais. Mas enquanto a maioria deles agora está lutando contra a invasão terrestre de Israel na fronteira, os crentes podem mostrar amor às esposas e aos filhos dos militantes. Ao lado deles estão milhares de xiitas libaneses, sem qualquer relação com o Hezbollah, que estão conhecendo cristãos pela primeira vez.

Enquanto isso, naquela igreja que fica na aldeia nas montanhas — onde Mustafa, Hussein e outros “ainda não” cristãos estão se abrigando —, eles e suas famílias comem em volta de longas mesas de plástico, montadas no estacionamento da igreja. Mustafa espera voltar para Tiro, mas não para sua cidade natal na Síria — é muito perigoso lá. Apesar das incertezas de uma residência temporária por tempo indefinido, ele está em paz no Líbano.

“Não sabemos o que fazer a seguir”, ele disse. “Só Deus sabe, e nós confiamos nele.”

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