Ideas

Um apelo para construirmos uma igreja sem telas

Muitos dos nossos cultos são digitalmente indistinguíveis de espaços seculares. A igreja pode e deve ser diferente.

An unplugged TV sitting on the ground
Christianity Today January 29, 2025
Edits by CT / Source Image: Getty

Alguns anos atrás, o autor Hal Runkel usou uma expressão que tornou o seu nome conhecido: criação de filhos sem gritos. É uma expressão memorável porque capta visceralmente o que muitas mães e pais querem: uma educação onde os gritos não sejam necessários — nem para os pais, nem para os filhos. 

Gostaria de propor uma expressão semelhante: igreja sem telas. Essa é uma visão voltada para uma abordagem à comunidade cristã e especialmente ao culto público que avalie criticamente e elimine amplamente o papel dos dispositivos e interfaces digitais na vida da igreja. Contudo, a prescrição [dessa visão] depende de um diagnóstico; portanto, deixe-me começar por este ponto.

Considere a seguinte tese: a maior ameaça que a igreja enfrenta hoje não é o ateísmo nem o secularismo, o cientificismo, o legalismo, o racismo ou o nacionalismo. A maior ameaça que a igreja enfrenta hoje é a tecnologia digital.

Diante da minha afirmação, ou você pertence ao grupo que concorda veementemente com o que digo, ou está entre aqueles que já estão revirando os olhos. Esta é uma daquelas alegações pelas quais os verdadeiros crentes são convertidos zelosos. O ponto do que eu vou dizer a seguir, no entanto, não é montar um argumento completo em favor da minha alegação; isso exigiria outro artigo, e nunca chegaríamos aos detalhes da proposta para uma igreja sem telas. Mas o que eu quero de verdade é que a ideia lhe pareça plausível; então, deixe-me falar primeiro com aqueles céticos que reviraram os olhos. Se você não for desse público para quem estou falando, conceda-me a honra de deixar sua descrença em suspenso por alguns minutos.

É improvável que muitos cristãos sejam tecno-otimistas conscientes que argumentem abertamente que a tecnologia digital é basicamente boa, talvez até mesmo um presente de Deus para uso na adoração. A integração acrítica de telas nas igrejas, no entanto, sugere que, na prática, é nisso que muitos de nós acreditamos.

No entanto, os efeitos observáveis ​​de uma vida mediada por telas deveriam rapidamente nos desencantar dessa noção. Veja como a tecnologia digital nos influencia: ela acelera nossa vida; encurta nossa capacidade de atenção; diminui nossa capacidade de ler e escrever:; nos distrai de deveres e amores; fomenta uma vontade que sentimos constantemente a necessidade suprir; nos afasta de rostos, corpos e do ar livre para nos colocar diante de telas em ambientes fechados; confunde a linha entre o virtual e o real; aumenta a solidão e o isolamento, a ansiedade e a depressão; eleva a [sensação de] segurança e a aversão ao risco em detrimento da coragem, da aventura e de comportamentos que envolvam risco; e muito mais. Esses efeitos são uma ameaça à fé vibrante por muitas razões, entre elas uma que não é de pouca importância: pessoas incapazes de se concentrar serão incapazes de orar.  

Em síntese, uma mera exortação para ser um pouco mais cuidadoso — limitar o tempo de tela do seu filho adolescente ou desligar o celular durante o jantar — não é o remédio que precisamos. Como Marshall McLuhan observou, há 60 anos, a “resposta convencional a todas as mídias — isto é, [dizer] que o que importa é como elas são usadas — é a postura entorpecida do idiota tecnológico”.

Palavras fortes, mas McLuhan sabia do que estava falando. Ele articulou um princípio fundamental que aprendeu primeiramente com os Salmos: “Nós nos tornamos aquilo que contemplamos” (veja Salmos 115.8; 135.18) — e há algumas coisas que não valem a pena contemplar (Filipenses 4.8). Falando profeticamente sobre o nosso próprio tempo, McLuhan foi em frente e disse que “a aceitação subliminar e dócil de [formas de mídia] as transformou em prisões sem paredes para seus usuários humanos”. Você já leu alguma descrição melhor do império de misérias de Mark Zuckerberg?

Mas rejeitar toda espécie de tecnologia também não é a atitude certa. Os cristãos não são chamados para serem luditas, e a igreja não é antitecnologia. Qualquer coisa feita pelo ser humano é um tipo de tecnologia, e se entendida nesse sentido amplo, a tecnologia encontra um lar na igreja. A igreja literalmente não poderia existir sem ela. Temos todos os motivos para confiar que Deus concede uma variedade de usos e dons tecnológicos à humanidade em geral e aos cristãos em particular e os abençoa — para que o amemos como devemos e para servirmos ao próximo.

No entanto, dizer isso enfaticamente não significa que estamos livres da responsabilidade sobre as telas. O uso da tecnologia requer discernimento espiritual e de outra natureza. Cristãos, especialmente evangelistas e evangélicos, são rápidos em ver usos potenciais para promover o evangelho, mas mais lentos em enxergar o impacto formativo de longo prazo de determinada tecnologia sobre uma comunidade. Se, no entanto, nós nos tornamos o que contemplamos, então, é melhor sermos astutos ao adotar novos objetos para contemplarmos.

Para ecoar a frase mais famosa de McLuhan: Se o meio é a mensagem — se o veículo pelo qual proclamamos o evangelho tem o potencial de falar alto [por vezes até mais alto] do que o próprio evangelho, então, devemos ser vigilantes sobre a mídia que ocupa espaço em nossa vida e, acima de tudo, em nossas cultos públicos de adoração. Minha tese é que a evidência esmagadora dos efeitos danosos de uma vida mediada por telas deveria nos tornar extremamente cautelosos em acolher essa tecnologia específica na igreja.

Ora, digamos que você esteja intrigado. Provavelmente é difícil imaginar a sua congregação, e muito menos aquela grande igreja famosa, sem telas e sem dispositivos digitais. Afinal, vivemos em uma era digital. Como seria uma igreja sem telas? Como você conseguiria que as pessoas aderissem a essa ideia?

A primeira coisa que quero pontuar é que isso não só é possível, mas já está acontecendo, provavelmente em sua própria cidade. Tradições litúrgicas da “alta igreja”, como as da Igreja Ortodoxa Oriental, geralmente têm santuários desprovidos de telas e de outras evidências de tecnologia digital. No máximo, o sacerdote usa um microfone para que sua voz seja ouvida mais claramente ou se o santuário for grande.

Isso pode lhe parecer muito próximo dos Amish. Tudo bem — desde que concordemos que a comparação não é uma crítica. Os Amish são uma cultura tecnológica sofisticada com sabedoria para compartilhar. A pergunta que eles fazem não é: “Não querem se juntar a nós, de volta ao século 19?”. Em vez disso, este é o questionamento deles: “Como você e sua comunidade têm discernido a vontade de Deus para a tecnologia na vida de seu povo?”. A resposta, muitas vezes, é: “Ah…nós não discernimos isso”.

Logo, uma igreja sem telas é possível no ano 2025 de nosso Senhor, mesmo para quem não for Amish. Mas percebo que os ortodoxos [que só utilizam um microfone] podem parecer algo bem distante da sua congregação; então, vamos começar pequeno antes de pensar grande.

Comece com os próprios smartphones. Todas as igrejas, de todos os tipos, devem promover — por meio de alguma combinação de exemplo sem palavras, incentivos tácitos, encorajamento gentil e prescrição direta — um espaço litúrgico público absolutamente livre de smartphones.

Os pastores devem ser os primeiros a dar esse passo. Se eles nunca dizem não à tecnologia, então, um sim não significa nada. As crianças aprendem essa lição muito cedo. A afirmação só ganha significado numa relação em que a negação é possível. A liderança congregacional é o sal que salga em questões tecnológicas quando, e somente quando, pode apontar tecnologias que desencoraja ou quando se recusa a permiti-las no santuário. Se a liderança simplesmente abre as portas para todos e quaisquer tipos de tecnologia, então, nesse aspecto, ela abandonou sua responsabilidade de cuidar do rebanho.

Na prática, que os pastores deixem seus telefones em seus escritórios ou, melhor ainda, em casa. Ninguém deve usar smartphones em nenhuma função pública de liderança no culto, seja do clero ou leigo, seja lendo as Escrituras ou liderando orações.

Da mesma forma, os pastores não devem convidar as pessoas a “abrir seus aplicativos da Bíblia”. Tal convite é bem-intencionado, mas funciona, como McLuhan nos lembraria, como uma ocasião para distração. Por quê? Porque, ao abrir seus celular, os membros verão uma mensagem de texto que perderam, um alerta de mídia social ou alguma notícia sobre o seu time de futebol. E em vez de concentrar a atenção na Palavra de Deus, a congregação é inadvertidamente convocada a fazer qualquer outra coisa, menos isso.

Uma maneira de incentivar o culto sem telas é montar armários [como esses de academia] do lado de fora da entrada do santuário. Dependendo do tamanho e do nível de conforto da sua igreja, eles podem variar em termos de segurança. (Estou bem ciente de que as pessoas ficam ansiosas, com medo de perder seus celulares. Mais uma razão para deixá-los em casa.) Neste caso, as igrejas estariam seguindo o exemplo de muitas escolas de ensino fundamental e médio, nas quais os educadores finalmente perceberam que os alunos não podem aprender com smartphones nos bolsos, e muito menos em suas carteiras escolares.

Os efeitos colaterais de um santuário livre de celulares são abundantes e salutares. Adolescentes não teriam argumentos contra seus pais [“Por que não posso usar o meu, já que você está usando o seu?”]. A atenção estaria voltada para o Senhor e seus ministros, para as palavras e orações, para o pão e o vinho. Bíblias impressas poderiam reaparecer. Músicas poderiam ser memorizadas. Sermões poderiam ser absorvidos! O tédio teria que ser suportado, em vez de ser remediado digitalmente. E isso tudo contribui para o nosso bem.

Se este breve esboço parece maravilhoso, talvez perfeito demais, prometo a você que é muito mais fácil colocar tudo isso em prática do que pode parecer. Embora pareça fantasioso, permita-me enfatizar que este não é um chamado para voltarmos à maneira como o culto acontecia nos tempos bíblicos. É, na verdade, a maneira como adorávamos há menos de 15 anos.

O que mais pode ser feito para fomentarmos uma igreja sem telas? Permita-me encerrar com uma lista de cinco exemplos práticos.

Primeiro, os pastores devem encorajar amplamente uma cultura de conhecimento bíblico, convidando ou mesmo esperando que as pessoas tragam Bíblias impressas para a igreja. Cristãos de todas as idades, mas especialmente crianças, adolescentes e jovens adultos, não setornarão instruídos nem pensarão em sua fé como algo relacionado à prática da leitura sem a onipresença de livros em suas vidas. Na igreja, isso significa a Bíblia. Se a única Bíblia que os cristãos conhecem estiver em um aplicativo, já perdemos a batalha.

Segundo, os pastores devem restringir severamente a prática de transmissão ao vivo dos cultos. Eu falei sobre isso em outro lugar para igrejas que estão “fechando a torneira” do streaming, por assim dizer. Uma opção é gravar o sermão, ou o culto todo, e compartilhar um link protegido por senha mais tarde, naquele mesmo dia, apenas com os membros da congregação. Dessa forma, a igreja pode acolher e permanecer conectada com aqueles que estão em casa, doentes ou incapacitados de comparecer presencialmente. E fará tudo isso sem comunicar que assistir à transmissão ao vivo é equivalente a estar presente no corpo.

Não é. Nenhum pastor deve dizer: “Obrigado por se juntar a nós, seja aqui pessoalmente ou online”. Além disso, o formato do culto não deve ser ajustado de forma alguma para torná-lo mais palatável às tecnologias de streaming. Os fiéis que se reúnem como corpo nunca devem se sentir como fãs de uma banda em um show ou em uma sessão de standup, eventos que são organizados especificamente para a “gravação ao vivo”. Essa espécie de “netflixação” da adoração é tudo o que há de errado na igreja digitalizada de hoje.

Terceiro, os pastores devem limitar ou eliminar a dependência de vídeos para anúncios e ilustrações. As telas são ferramentas de distração porque seu poder de captar a nossa atenção as torna veículos irresistíveis de entretenimento. Nossos olhos sempre querem mais, assim como não há açúcar que chegue para nossa barriga.

Mas a igreja não foi feita para ser uma dieta de calorias zero — ou hipercalórica. Ela foi feita para ser um banquete, uma refeição espiritualmente nutritiva oferecida pelo próprio Senhor. Noventa e nove vezes em cem (e sou generoso com essa exceção), usar vídeos no culto cristão serve apenas para distrair, entediar, sobrecarregar ou entreter. Eles são um cavalo de Troia para a superficialidade. Eles prometem engajamento, mas invariavelmente ofuscam as palavras das Escrituras ou o sermão, que são inegavelmente menos divertidos, menos envolventes do que qualquer coisa que um vídeo possa ter a oferecer. O que ocorre é que os pregadores que dependem de vídeos estão involuntariamente acabando com a própria função.

Quarto, podemos concluir que as igrejas devem, portanto, livrar completamente o santuário de telas físicas? Eu entendo por que muitos hesitariam neste ponto, mesmo que concordem comigo em relação à visão de uma igreja sem telas. Talvez a igreja seja grande, e as telas projetem uma imagem do que está acontecendo no palco ou diante do altar [para aqueles que não conseguem ver direito, por causa da distância]. Talvez as telas sejam reservadas exclusivamente para textos: as palavras de uma música ou para uma passagem das Escrituras. Certamente esse uso mínimo é permitido?

Talvez. Mas já que estou tentando lançar uma visão e expandir nossa imaginação, suponha por um momento o que perderíamos se não usássemos telas — e, consequentemente, o que ganharíamos.

Uma perda desejável seria a tentação de olhar para uma tela, em vez de olhar para o(s) ser(es) humano(s) de carne e osso lá na frente da assembleia. Isso é difícil quando as telas proliferam no espaço litúrgico, porque elas atraem os olhos — e, portanto, os olhos do coração — para um lado e para o outro.

Outra perda seria a necessidade, sentida por pastores e funcionários da igreja, de fazer algo com as telas, quando disponíveis. Esta é mais uma demonstração da regra de McLuhan: telas não são neutras. Deixá-las ali sem uso não é uma opção; sentimos que elas devem ser preenchidas, colocadas em uso, de alguma forma. Como a televisão, elas acenam para serem ligadas. No entanto, se elas não estivessem lá, não poderiam pedir para serem usadas.

Quinto e último, tudo o que sugeri até agora toma como base e exige a criação de uma nova cultura eclesiástica e congregacional. Por exemplo, imediatamente após a pandemia, o treinador de líderes e ex-pastor Carey Nieuwhof enxergou uma década à frente e viu uma igreja transformada pela mudança para o universo online. Na verdade, ele não estava tanto prevendo o futuro, mas prescrevendo como ele achava que as igrejas fiéis deveriam mudar, nesse momento atual de desestabilização tecnológica e social. Consequentemente, ele argumenta que “igrejas em crescimento [se tornariam] organizações digitais com locais físicos”.

Como descrição de uma visão que anima (ou aterroriza) a liderança da igreja de hoje, a previsão de Nieuwhof estava certa. Já a sua recomendação sobre como os cristãos devem enfrentar a era digital não poderia estar mais errada.

De qualquer forma, seus comentários são úteis porque encapsulam a cultura implícita e frequentemente explícita de nossas congregações. Eles esclarecem o assunto.

Aqui estão os riscos: nossas igrejas não se diferenciam, digitalmente falando, de nossas escolas públicas, universidades, lojas de varejo, restaurantes e locais de entretenimento. Elas estão inundadas de telas, dispositivos inteligentes, QR codes, vídeos, música enlatada, links, mídia social — de tudo isso. O tsunami de informações que continuamente ataca nossos olhos, mentes e corações é tão poderoso, tão estridente, tão avassalador dentro de nossos espaços de culto quanto fora.

Não deveria ser. A igreja deveria e poderia ser diferente.

É bem verdade que a mudança implicaria uma pequena revolução — talvez não tão pequena assim. Se, no entanto, a tecnologia digital é de fato a maior ameaça que a vida, a adoração e a missão da igreja enfrentam hoje — se podemos confiar que ela nos rouba a atenção, a instrução, a coragem e a paz interior — então, não deveríamos ficar surpresos. Uma igreja sem telas pode ser algo extremamente desafiador, mas, em resposta a tal ameaça, qualquer coisa que seja fiel está fadada a ser algo extremamente desafiador.

Não vamos nos preocupar com o quanto seria difícil fazer as mudanças necessárias. Vamos nos preocupar com a ameaça em si, e então agir.

Brad East é professor associado de teologia na Abilene Christian University. Ele é autor de quatro livros, entre eles The Church: A Guide to the People of God [ A igreja: um guia para o povo de Deus] e Letters to a Future Saint [Cartas para um futuro santo].

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