Dias depois de um acidente de ônibus ter matado 11 de seus missionários, na Tanzânia, os líderes da organização Jovens com uma Missão (JOCUM) estão “devastados”, mas reunindo orações e apoio para ajudar com evacuações médicas, repatriações e preparativos para os funerais, gastos que, segundo as expectativas, custarão centenas de milhares de dólares.
Os missionários cristãos, sete dos quais eram de outros países, entre eles um dos Estados Unidos, morreram na área de Ngaramtoni, perto da cidade de Arusha, que fica no norte da Tanzânia, país situado na África Oriental.
As autoridades dizem que um caminhão de construção atingiu um dos dois micro-ônibus que transportavam os missionários. Eles tinham participado de um curso de “Mestrado Executivo em Liderança” e voltavam de uma visita de campo nas terras Maasai, quando o caminhão perdeu os freios, colidindo com o ônibus.
“Nunca tivemos uma tragédia desta magnitude em toda a história da JOCUM e estamos todos arrasados”, afirmou Darlene Cunningham, cofundadora da JOCUM, em uma carta datada de 26 de fevereiro. Ela explica:
Os indivíduos envolvidos na organização do Mestrado Executivo eram líderes-chave da JOCUM na região — alguns deles lideravam bases da JOCUM que estavam prosperando; outros dedicavam-se à liderança no campo da educação e outras esferas; outros ministravam em locais de acesso restrito, onde ninguém mais se atreveria a ir — e viam a mão de Deus sobre os seus ministérios de maneiras surpreendentes. Os estudantes atraídos para o Mestrado Executivo eram pessoas do mesmo calibre —missionários pioneiros da JOCUM, comprometidos por toda uma vida. Portanto, para a JOCUM, como movimento missionário, as mortes desses obreiros criam um enorme vácuo nesta parte do mundo.
Na quarta-feira (28 de fevereiro), membros da JOCUM na região realizaram orações e cultos de despedida dedicados a seus colegas falecidos.
“O clima é de muita tristeza,” disse Bernard Ojiwa, um líder da JOCUM na Tanzânia, ao Religion News Service, em um telefonema, da cidade de Arusha. “Começamos a jornada para fazer os enterros dos membros locais.”
“Também estamos fazendo um planejamento para ver como os corpos dos membros estrangeiros poderão ser enviados para casa. Por enquanto, os corpos permanecem no necrotério”, acrescentou.
Fontes da polícia em Arusha disseram que os sete estrangeiros eram do Quênia, Togo, Madagáscar, Burquina Faso, África do Sul, Nigéria e EUA.
A JOCUM não divulgou os nomes completos de seus missionários falecidos, porque muitos trabalhavam sob risco de segurança em nações que não são cristãs. “Todos os que morreram eram líderes de projetos, de centros de formação e de ministérios”, observou o ministério, em uma atualização fornecida em seu site. “É um golpe imenso para a nossa missão, especialmente para o continente africano, o Oriente Médio e a Europa.”
O acidente, que envolveu quatro veículos motorizados ao todo, matou 25 pessoas, das quais 11 eram membros da JOCUM, e feriu 21, das quais 8 pertenciam a essa organização missionária. John Mukolwe, queniano que é líder de base da estação de Arusha, estava entre os mortos.
“Mukolwe era meu amigo há mais de 30 anos. Sua morte me deixa muito triste”, disse Karin Kea, administradora da base da JOCUM na área do rio Athi, no Quênia.
Abel Sibo, membro da missão que era do Burundi, postou um vídeo no Facebook dos missionários da JOCUM cantando o hino “Este é o dia que o Senhor fez”, e disse que o grupo estava cantando este hino antes de o acidente ocorrer.
Segundo lideranças da JOCUM, membros da missão do mundo inteiro vieram para a região do acidente, a fim de oferecer apoio moral, pastoral e aconselhamento.
“Nossos irmãos e nossas irmãs na Tanzânia estão carregando muita coisa neste momento”, escreveu Cunningham, em sua carta à família JOCUM. “Aqueles que sobreviveram ao acidente e foram os primeiros a prestar socorro estão sofrendo um trauma que será profundo e duradouro. As tarefas práticas que precisam ser realizadas pelos sobreviventes na base, após uma tragédia como essa, são enormes, enquanto ainda tentam superar sua própria dor.”
A JOCUM foi fundada por Loren e Darlene Cunningham, em 1960, com a ênfase no envio de jovens voluntários de diferentes denominações para servir em missões de evangelização de curto prazo. A organização tem hoje cerca de 2 mil escritórios em todo o mundo, e envolve missionários de 200 países.
A JOCUM estabeleceu sua presença em Arusha no ano 2000, e, desde então, abriu três escritórios totalmente equipados na região. Os programas educacionais do centro incluem aulas sobre o ministério do discipulado, alfaiataria, conhecimentos de informática e língua inglesa, entre outras.
“Nestes dias que estamos vivendo, lágrimas estão sendo derramadas em todo o mundo, por indivíduos, famílias e jocumeiros do mundo inteiro. Pessoalmente, estou sofrendo com o peso desta notícia, pois conheci pessoalmente muitos desses indivíduos e os amava”, escreveu Cunningham. Ela encorajou a ler três versículos bíblicos:
• Apeguem-se ao fato de que, não importa o que aconteça, sabemos que Deus é justo e bondoso em todos os seus caminhos (Salmos 145.17).
• Lembrem-se de Jó 42.2. Ele havia perdido tudo e sua resposta a Deus foi: “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado”. Vamos nos apegar a essa palavra!
• Lembrem-se de Isaías 41.10: “Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa”.
A presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, enviou uma mensagem de condolências e apelou para o aumento da inspeção veicular e da aplicação das leis de trânsito, para evitar mais perdas de vidas.
“Esses acidentes ceifam a vida de nossos entes queridos, da força de trabalho nacional e de pessoas das nossas famílias. Continuo a apelar para que todos sigam as leis de trânsito para o uso de veículos”, escreveu Suluhu no X (antigo Twitter). “Envio minhas condolências aos familiares e amigos que perderam seus entes queridos. Que descansem em paz com o Deus Todo-Poderoso! Amém!”
“Gosto de pensar que Loren está lá, nos portões do céu, para cumprimentar e dar as boas-vindas a esses onze amados jocumeiros!”, escreveu Darlene Cunnigham. “Nossos corações se alegram por saber que estão felizes por estar com Jesus, enquanto, ao mesmo tempo, choramos a perda da presença deles entre nós”.
Cobertura adicional da equipe da CT.
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