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É chegado o tempo de construirmos uma nova civilidade cristã

A cura para a divisão política que nos distancia requer algo que se perdeu: a virtude da civilidade cristã, que está enraizada na dignidade humana universal.

Two people in red and blue jackets sitting on a bench together.
Christianity Today June 5, 2025
Illustration by Elizabeth Kaye / Source Images: Pexels

Nos últimos anos, nossa sociedade tem continuamente seguido uma tendência de aumento da polarização política, à medida que aumenta a quantidade de pessoas que se aproximam dos extremos da esquerda e da direita no espectro político. De fato, uma pesquisa recente mostra que cerca de metade dos eleitores nos Estados Unidos acredita que aqueles que defendem o partido de oposição [ao seu] são “pessoas totalmente más”.

O resultado é que essa visão nos leva a um espaço público que pode ser volátil e até mesmo um lugar violento para a nossa participação. Experimentei isso em primeira mão, quando trabalhava no governo federal (dos Estados Unidos), entre 2017 e 2018. Em Washington, eu pude observar dois extremos que eram igualmente desumanizantes: a hostilidade explícita e a polidez enganosa, fingida.

Os políticos que estão sempre nos noticiários são aqueles demasiadamente agressivos e que, para ganhar poder, estão dispostos a pisar em qualquer um que se colocar em seu caminho. Já outros parecem ser polidos, equilibrados e educados — mas seu comportamento encobre motivações ocultas. Por exemplo, um das minhas supervisoras usava a fé cristã (que eu e ela professamos) para me desarmar e me manipular. Ela sorria e me pedia para orarmos juntas no horário do almoço, mas, depois, vim a descobrir que ela estava tentando me prejudicar perante nossos superiores.

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Minha experiência nesse período foi tão desanimadora que abandonei completamente a política e Washington. E resolvi escrever um livro que ajudasse a mim mesma e a outros a pensarem com mais clareza sobre esta era de extrema divisão que vivemos, e de que modo cada um de nós pode ser parte da solução [e não do agravamento] dessa crise de polarização e de desumanização.

Voltando-me para as Escrituras e para grandes mentes do passado, para me ajudar a processar tudo o que eu havia enfrentado, comecei a refletir sobre questões atemporais: O que significa ser humano? Para além de nossas diferenças e discordâncias, que tipo e que nível de respeito devemos uns aos outros, pura e simplesmente em virtude da humanidade que compartilhamos?

A Bíblia nos lembra que a humanidade é um enigma que se define tanto por nobreza quanto por miserabilidade: fomos feitos para viver em comunhão com Deus e uns com os outros, mas também somos seres egoístas e caídos. Prosperamos quando agimos em colaboração mútua, mas somos sempre ameaçados por nossa própria inclinação de nos colocarmos acima dos outros.

Como observou o filósofo Blaise Pascal: “Quanto mais iluminados somos, mais grandeza e vilania descobrimos no homem”. Somos o ápice da criação de Deus, os únicos portadores da imagem divina; ainda assim, também somos capazes de condutas vis e vergonhosas. Da mesma forma, o conceito de Agostinho sobre a “libido dominandi” [o desejo de dominar], que é próprio da humanidade, explica que tanto a franca hostilidade quanto a falsa polidez brotam do mesmo amor egoísta da nossa natureza pecaminosa, e não de um amor que vê e respeita os outros como semelhantes criados à imagem de Deus.

Percebi que nossa polarização atual exige de nós muito mais do que mera cortesia ou simples polidez. É chegado o tempo de inaugurarmos uma nova era de civilidade — uma virtude que praticamente se perdeu, em boa parte do mundo. E, para os cristãos, a civilidade está enraizada na imago Dei — a dignidade inerente que todos possuímos como seres criados à imagem de Deus. Esse fundamento é crucial para que possamos prosperar, apesar de nossa diferenças nos dias de hoje.

Que mudanças devemos fazer, como sociedade, e especialmente como igreja, para inaugurarmos uma nova era de civilidade, fundada no princípio cristão da dignidade humana universal? Há pelo menos cinco mudanças que podem nos ajudar.

Primeiro, precisamos parar de confundir civilidade com polidez.

Como já mencionei, há uma diferença essencial, e frequentemente negligenciada, entre esses dois termos, e confundi-los foi o que nos fez perder a capacidade de falar a verdade em amor uns para os outros.

Polidez é ter boas maneiras, é etiqueta e técnica — uma espécie de comportamento —, enquanto a civilidade é uma virtude muito mais profunda e rica do que mera conduta. Em vez de focar no modo como nos comportamos, a civilidade diz respeito à motivação por trás do comportamento, da ação.

Civilidade é uma disposição que reconhece e respeita nossa humanidade comum, nossa condição fundamental como indivíduos e a dignidade inerente de outros seres humanos. Agir assim às vezes exige que ajamos de maneiras que parecem profundamente indelicadas — como quando reafirmamos verdades difíceis ou nos envolvemos em debates acalorados — e que enfrentemos diferenças significativas e questões importantes de frente.

Como já escrevi para a CT, o próprio Jesus nem sempre foi polido, mas sempre foi civilizado.

A civilidade exige certas ações e restringe outras. Ela exige que defendamos nossos posicionamentos e estejamos dispostos a falar verdades duras com amor, mas nunca permite que nossas divergências se transformem em violência ou desumanização que viole a imago Dei em outra pessoa.

Hoje, alguns cristãos buscam corrigir com exageros o que consideram uma cultura de polidez sufocante, apoiando líderes e especialistas que demonstram um prazer dotado de uma ousadia ofensiva em revelar duras verdades e em atacar a hipocrisia. No entanto, essa abordagem muitas vezes acaba fomentando hostilidade e agressão. E se torna vítima da mesma tentativa desumanizadora de controlar os outros, que também fica evidente na polidez condescendente.

Em outras palavras, a polidez se esgota na conduta superficial, enquanto a verdadeira civilidade exige que falemos a verdade em amor, reconhecendo e respeitando a dignidade fundamental daqueles de quem discordamos.

Em segundo lugar, precisamos parar de transformar a política em uma religião apocalíptica.

Transformar a política em religião levou muitos crentes a elevarem posicionamentos políticos ao mesmo nível de ortodoxia doutrinária — de modo que esses posicionamentos se tornaram testes decisivos para a identidade cristã. Isso, por sua vez, nos levou a questionar publicamente a fé daqueles que tenham visões diferentes da nossa e a reduzir indivíduos complexos a meras caricaturas políticas.

Cada vez mais, cristãos evangélicos, de ambos os lados do espectro político, têm se atrevido a dizer que qualquer pessoa que discorde deles em certas questões polêmicas não é um verdadeiro cristão. Frequentemente julgamos a fé de uma pessoa de acordo com nossos parâmetros: “será que ela pensa da maneira ‘certa’ ou apoia a pessoa ‘certa’?”.

Mas a política não se tornou apenas uma religião — ela se tornou uma religião apocalíptica. Alguns cristãos evangélicos passaram a justificar qualquer comportamento necessário para “vencer” uma batalha política ou uma eleição, inclusive a desumanização de oponentes políticos e até mesmo de outros crentes.

Essa abordagem política é frequentemente influenciada por um certo tipo de teologia. Em 2022, a Pew Research descobriu que mais de 60% dos cristãos evangélicos protestantes diziam acreditar que “estamos vivendo o fim dos tempos”. Embora essa crença em si não seja antibíblica, pode ser perigosa quando associada a uma mentalidade dominionista.

Esse pensamento apocalíptico não é novidade no cristianismo. É importante estudarmos a história com frequência, pois um estudo aprofundado do passado pode amenizar a falsa noção de que a nossa era é a pior ou a mais perigosa para os cristãos. Por exemplo, Martinho Lutero acreditava estar vivendo o fim dos tempos e, durante a Reforma Protestante, acusou falsamente o papa de ser a figura bíblica do Anticristo — uma linha de raciocínio que forneceu munição ideológica para o uso de violência contra os católicos.

Afirmar que estamos à beira de um colapso civilizacional e cósmico é útil para arrecadar fundos e vencer eleições. Isso eleva o risco de debates políticos e dos resultados das eleições, e assusta as pessoas, levando-as a fazer doações e a comparecer às urnas para votar. Mas essa mentalidade de elevar o risco pode ser mortal, pois ela obscurece nossa capacidade de enxergar a imagem de Deus naqueles que percebemos como inimigos políticos.

Terceiro, devemos começar a ver as pessoas de forma holística, e não de forma reducionista.

Frequentemente reduzimos as pessoas a seus piores momentos ou visões, isolando-as de sua humanidade. Isso pode acontecer de duas maneiras: primeiro, nos fixamos em algo que elas disseram ou fizeram, e do qual provavelmente não se orgulham, mas que, graças à tecnologia e às mídias sociais, foi imortalizado e amplamente divulgado. Ou, segundo, nós reduzimos as pessoas às visões que elas têm (ou aos políticos ou especialistas que apoiam), em vez de vê-las inseridas no contexto completo de quem são como seres humanos.

Embora sejamos todos seres caídos e falíveis, passamos a ver o mundo pelas lentes de uma simplicidade banalizada: preto e branco, certo e errado, bem e mal. Adotamos um perfeccionismo estranho, pelo qual esperamos que aqueles ao nosso redor nunca cometam erros de julgamento — e esquecemos que cada um de nós carrega em si tanto grandeza quanto miserabilidade, como escreveu Pascal.

É hora de começarmos a “destrinchar” as pessoas — enxergando os vícios à luz das virtudes e reconhecendo a complexidade das crenças humanas. Esse destrinchar é um arcabouço mental que podemos usar para nos ajudar a ver as partes à luz do todo, os erros à luz das vitórias e a ver quaisquer visões que consideremos erradas ou equivocadas à luz de raciocínios e motivações mais nuançados e complexos.

Essencialmente, devemos perceber uns nos outros o valor irredutível que temos como pessoas criadas à imagem de Deus, um valor que transcende todas as nossas diferenças. Como seres humanos, cada um de nós é um amálgama de impulsos e desejos contraditórios. Somos imperfeitos em nosso conhecimento e em nossa conduta.

Destrinchar significa resistir ao impulso tentador de ver pessoas ou políticos meramente como indivíduos de direita ou de esquerda. Significa reconhecermos nossos erros ou divergências e, ao mesmo tempo, nos lembrarmos do respeito básico que devemos uns aos outros como semelhantes, como seres humanos com dignidade inerente.

Em quarto lugar, devemos traçar limites apenas onde eles realmente importarem.

Podemos nos lembrar do termo grego adiaphora, que essencialmente significa aquilo que é “indiferente”. Essa ideia foi popularizada durante a Reforma Protestante e nas décadas subsequentes a guerras religiosas. Numa época em que cristãos matavam uns aos outros por causa de inúmeras divergências teológicas de importância secundária, essa palavra ajudava os crentes a sempre ter em mente os fundamentos de sua fé [o que é essencial, e não secundário].

Adiaphora distingue princípios cristãos fundamentais — como a divindade e a ressurreição de Cristo — de princípios não essenciais — como visões sobre o batismo infantil e a transubstanciação.

O fato de Cristo ser Deus encarnado — que viveu, morreu e ressuscitou ao terceiro dia — é inegociável para a fé cristã. Mas mentes razoáveis ​​podem discordar, e têm discordado, em relação a muitas outras questões teológicas e doutrinárias, ou a aspectos da fé e da prática. Por exemplo, a questão de se a Bíblia deve ou não nos informar sobre políticas públicas relacionadas a combustíveis fósseis, reforma tributária ou educação.

Como Agostinho escreveu certa vez: “Ama, e faze o que tu queres”. Em qualquer situação, determine como o amor a Deus e o amor ao próximo devem ser aplicados, e, então, aja — nessa ordem. Devemos abordar divergências sobre políticas públicas ou questões menores com graça, reconhecendo que há espaço para interpretações divergentes, mesmo dentro da nossa família da fé.

Quinto, devemos aguçar a curiosidade, em vez do julgamento, como nosso primeiro instinto.

A humildade nos leva a outro ingrediente vital da civilidade cristã: a curiosidade. Hoje, divergências políticas frequentemente se transformam em acusações morais. Em nossas conversas com pessoas de quem discordamos, pensamos inconscientemente: Eu sei tudo sobre você, só com base no candidato à presidência que você apoia ou na sua opinião sobre determinado assunto.

Em contraste, a curiosidade se baseia no reconhecimento de que cada um de nós é infinitamente complexo e chega às visões que tem do mundo por muitas razões diferentes. Ela reconhece que as pessoas abordam e respondem a questões fundamentais da vida de forma diferente, e podem chegar a conclusões diferentes sobre como nossa fé e as Escrituras devem influenciar a vida pública hoje.

A curiosidade também requer a humildade e a modéstia de perceber que nenhum de nós jamais terá todas as respostas, pelo menos deste lado de cá do céu. Devemos aceitar nossas limitações naturais, como seres humanos finitos que apenas “conhecem em parte” (1Coríntios 13.12) — caso contrário, essencialmente nos colocamos em pé de igualdade com Deus, e esse foi o pecado original da humanidade.

Em vez de presumir que sabemos tudo sobre alguém, com base em seu posicionamento político, devemos fazer-lhe mais perguntas e ouvir pacientemente suas respostas — sem ficar planejando nossa réplica. E da próxima vez que estivermos debatendo com alguém que tenha uma visão diferente da nossa, em vez de presumir que essa pessoa está errada e que temos um perfeito conhecimento sobre o assunto, devemos dizer: “Fale-me mais sobre isso!”.

Em muitos casos, podemos descobrir que somos todos mais parecidos do que imaginamos. E, em outros casos, ao ouvirmos a perspectiva da outra pessoa, podemos aprender novos insights, nos quais nunca tínhamos pensado antes.

De qualquer maneira, devemos cultivar uma curiosidade humilde sobre as pessoas e sobre as experiências que as levaram a suas visões de mundo. Honrar a história de cada pessoa e respeitar suas perspectivas são passos fundamentais para a tarefa de ressuscitar a civilidade em nosso mundo polarizado.

Por fim, o apóstolo Paulo apresenta um modelo bíblico sábio e útil para a civilidade cristã, em Romanos 14, oferecendo-nos insights valiosos sobre como acolher opiniões diferentes entre os crentes sem julgar.

Como Julien C. H. Smith escreveu anteriormente para a CT, esta passagem apresenta a prescrição de Paulo para uma igreja polarizada em Roma, na qual judeus e gentios estavam divididos e “a verdade do evangelho estava sendo desafiada por uma miríade de pequenas queixas que ameaçavam transformar próximos em inimigos”.

Como é parafraseado na Bíblia A Mensagem, Paulo inicia o capítulo dizendo: “Recebam de braços abertos os irmãos que não veem as coisas como vocês veem. Não os atropelem toda vez que eles fizerem ou falarem algo com o qual vocês não concordam — mesmo quando parecer que eles são fortes em suas opiniões, mas fracos na fé. Tratem-nos com gentileza” (Romanos 14.1).

O apóstolo explica que precisamos aceitar que os cristãos pensam de forma diferente em muitas questões, em vez de tentar converter todos à nossa maneira de pensar. Ele alerta contra as duras críticas sobre questões alimentares e dias santos, enfatizando, em vez disso, o respeito mútuo e a unidade — aconselhando que “cada um é livre para seguir as convicções da consciência” (v. 5, Bíblia A Mensagem).

Em resumo, ele exorta nós, crentes, para que “esforcemo‑nos em buscar tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua” e a não permitirmos que discussões sobre questões secundárias como essas “destruam a obra de Deus” entre nós (v. 19-20).

Estas são palavras de sabedoria para o nosso momento, vitais para inaugurarmos uma nova era de civilidade cristã. Nosso Deus soberano pode lidar com nossas divergências, e também com o andamento das eleições e o funcionamento do cosmos, e tudo isso sem a nossa ajuda ou interferência.

Adotar esses princípios pode nos ajudar a curar as feridas de comunidades fragmentadas e a reparar o tecido social esgarçado, tanto nos círculos cristãos quanto nos seculares. Vamos atravessar estes tempos divisivos com graça, respeito e um compromisso renovado de enxergar a imago Dei em todos que estão ao nosso redor.

Alexandra Hudson é autora de The Soul of Civility: Timeless Principles to Heal Society and Ourselves [A alma da civilidade: princípios atemporais para curar a sociedade e a nós mesmos].

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