Theology

Sim, o carisma importa, mas não é tudo

Não se pode confundir a capacidade de cativar pessoas com o chamado.

Christianity Today September 20, 2024
Ilustração de Tim McDonagh

O carisma tem passado por momentos difíceis na igreja. Ou alguns de nós, ao menos, começaram a olhá-lo com suspeita. As rachaduras em sua superfície já são visíveis há algum tempo. Nove anos atrás, muito antes de a Oxford University Press [Imprensa da Universidade de Oxford] coroar o termo rizz (uma gíria para designar o tipo de carisma que inspira a atração romântica) como sua palavra do ano, em 2023, Rick Warren observou: “Carisma não tem absolutamente nada a ver com liderança”.

Mas todos nós sabemos que tem, sim, não é mesmo?

Gostamos de líderes com personalidades dinâmicas. Somos atraídos por eles, na igreja e na política. Para o bem ou para o mal, o carisma é levado em consideração. O líder carismático é uma característica em comum nas histórias de como nasceram muitas organizações e denominações cristãs (e não cristãs). Muitos movimentos têm seus primórdios ligados a uma grande figura humana com uma grande ambição por Deus, e cuja eficácia parece dever-se tanto à sua personalidade quanto ao chamado de Deus.

Por exemplo, a Escritura diz que Saul, o primeiro rei de Israel, era um “jovem de boa aparência, sem igual entre os israelitas; os mais altos batiam nos seus ombros.” (1Samuel 9.2). A impressão causada pela aparência física de Saul sugeria que ele seria um rei ideal.

A experiência subsequente provou o contrário. Quando o profeta Samuel procurou o sucessor de Saul entre os filhos de Jessé, o Senhor o alertou para não se deixar levar por tais coisas. “O Senhor não vê como o homem”, ele disse. “O homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1Samuel 16.7).

No entanto, quando Davi foi trazido diante dele, o texto de 1Samuel 16.12 observa que ele era “corado de saúde e tinha uma bela aparência e belas feições” (NIV).

O carisma, assim como a beleza, está nos olhos de quem vê. Portanto, há uma dimensão cultural no carisma. Uma razão pela qual 1Samuel enfatizou a aparência física de Saul e Davi é porque o rei também era um guerreiro. As pessoas viam o rei como um libertador (1Samuel 8.19-20). A altura de Saul e a aparência saudável de Davi contribuíram para suas proezas na batalha e fizeram com que eles parecessem ser da realeza.

No entanto, as Escrituras são claras: qualquer sucesso que eles tiveram foi devido a mais do que seus dons naturais. Foi, em última análise, em função do carisma no mais verdadeiro sentido teológico. Eles tiveram sucesso porque o Espírito Santo veio sobre eles em poder (1Samuel 10.10; 11.6; 16.13).

E então, ambos pecaram, de forma bastante notória. Falhas semelhantes de líderes carismáticos de hoje foram parar nas manchetes dos jornais e se tornaram fonte de suprimento para podcasts e documentários. Suas histórias são um lembrete contundente de que, às vezes, o carisma, assim como a beleza, é algo apenas superficial.

Mas a trajetória familiar de suas histórias também prova que o carisma confere à pessoa uma espécie de poder, quer queiramos, quer não. Só não temos certeza de qual tipo de poder. É uma autoridade que vem de Deus? Ou é meramente uma obra da carne?

Líderes carismáticos têm marcado presença ao longo da história. Mas o ideal do líder carismático ganhou evidência pelas mãos de Max Weber, sociólogo do século 20.

Baseando-se na ideia bíblica de liderança como um dom de Deus (Romanos 12.8), Weber definiu carisma como “certa qualidade da personalidade do indivíduo, em virtude da qual ele é separado dos homens comuns e tratado como alguém dotado de poderes ou de qualidades sobrenaturais, super-humanos ou, ao menos, especificamente excepcionais”. Para Weber, a essência do carisma era a personalidade forte do líder, que compelia os outros a segui-lo.

Uma personalidade forte, no entanto, não era a única coisa que tornava esses líderes carismáticos, de acordo com Weber. O carisma é resultante de uma porção de características, entre elas, a santidade de caráter. Pela definição de Weber, a combinação que compõe o carisma é rara.

Se por uma definição sociológica o carisma é “poder por meio da personalidade”, o conceito bíblico de carisma situa o poder em outro lugar. Carisma, segundo as Escrituras sugerem, é o poder do Espírito Santo concedido pela graça de Cristo. Esse poder dado por Deus é exibido por meio da personalidade (e, algumas vezes, apesar dela). Por essa definição bíblica, a personalidade é um meio através do qual o poder de Deus é exibido, não é a fonte desse poder.

Nesse aspecto, toda liderança é carismática porque liderança é um dom de Deus (a etimologia do termo carisma denota um dom de Deus). A capacidade de exercer liderança não só é um dom concedido a certos indivíduos, mas os indivíduos em si são dons dados à igreja (Efésios 4.7-13).

Esse carisma espiritual não é apenas para um punhado de pessoas na igreja. Deus dá o Espírito “a cada um […] visando ao bem comum” (1Coríntios 12.7). Sim, a igreja tem líderes, mas sua saúde e seu êxito não dependem somente deles.

Os líderes da igreja — aqueles que exercem dons espirituais em seu meio, bem como aqueles que desempenham as funções e tarefas necessárias que capacitam a igreja a cumprir sua missão — todos contribuem para a liderança carismática do Espírito Santo sobre a igreja.

O fracasso público de muitos líderes dinâmicos é um lembrete do perigo de confiarmos demais em qualquer indivíduo que seja — incluindo nós mesmos.

Quando o sogro de Moisés, Jetro, viu seu genro cercado pelo povo, enquanto julgava seus litígios de manhã até a noite, ele rapidamente percebeu a insanidade daquele modelo de liderança. “O que você está fazendo não é bom”, disse Jetro.

“Você e o seu povo ficarão esgotados, pois esta tarefa lhe é pesada demais. Você não pode executá-la sozinho” (Êxodo 18.17-18). A solução de Jetro foi distribuir a carga, compartilhando a responsabilidade de julgamento com outros.

Deus parece ter confirmado o conselho de Jetro com uma dispersão semelhante do Espírito Santo, quando tomou “parte do poder do Espírito” que estava sobre Moisés e o colocou sobre os anciãos de Israel (Números 11.17).

Essa ação não apenas antecipou o fardo compartilhado da liderança que encontramos na igreja do Novo Testamento; ela também prenunciou o derramamento mais amplo do Espírito, no Dia do Pentecostes. Nem todos na igreja são chamados a ser um líder. Mas todos recebemos o dom do Espírito que habita em nós (Romanos 8.9).

Se o poder de liderar é, em última análise, atribuído ao Espírito Santo, qual é, então, o papel da personalidade? Ela é um trunfo ou um estorvo?

Uma visão comum afirma que o melhor estilo de liderança é aquele em que a personalidade desaparece. Como escrevi no Preaching Today, ouvimos ecos dessa ressalva em uma oração que já ouvi muitas vezes ser proferida antes de um sermão. É mais ou menos assim: “Que minhas palavras sejam esquecidas, para que somente o que vem de ti seja lembrado.” Orações como essa são bem-intencionadas, mas não percebem o mais importante, sobretudo porque dificilmente precisamos de um ato de Deus para esquecermos o que um pregador diz.

Em uma série de palestras proferidas para alunos em Yale, Phillips Brooks, o mestre do púlpito do século 19, definiu a pregação como a comunicação da “verdade por meio da personalidade”. Brooks entendia a personalidade como algo mais do que estilo pessoal. Ela inclui o caráter, as afeições, o intelecto e o ser moral do pregador. É uma questão de Deus trabalhando por meio da pessoa inteira.

A liderança é mediada da mesma forma. As qualificações para a liderança, descritas em 1Timóteo 3 e em Tito 1, concentram-se mais no tipo de pessoa que está sendo considerada do que nas tarefas que esta deve desempenhar.

A personalidade importa na liderança. Um estudo sobre as maiores igrejas dos Estados Unidos, feito por Warren Bird e Scott Thumma, afirma que, “em geral, os pastores de megaigrejas são servos de longa data de suas igrejas” — e não os abusadores ou criminosos que manchetes atuais nos condicionaram a observar. “Tendo um propósito claro e vivendo essa missão, eles mantêm o foco da igreja na vitalidade espiritual.”

A maioria dessas igrejas experimentou um crescimento significativo por meio do ministério de um pastor carismático, que serviu a igreja por uma média de 22 anos.

Outras pesquisas sugerem que certos fatores da personalidade — capacidade de inspirar, assertividade e amabilidade — aprimoram o trabalho de plantação de igrejas.

Deus trabalha por meio da natureza das pessoas, assim como trabalha por meio dos processos naturais. Ele pode enviar pão do céu, mas fornece comida principalmente através do plantio e do cultivo. Ele pode curar instantaneamente através de um milagre, mas com mais frequência ele cura através do tratamento de médicos e remédios. Cristo proveu a igreja de personalidades com dons, as quais ensinam, lideram e administram, e esta é a maneira como ele habitualmente trabalha.

No entanto, não se pode negar que o carisma pessoal pode ser uma desvantagem assim como uma vantagem. Um estudo de 2018 mostrou que quanto mais carisma os líderes possuem, mais são vistos como eficientes por seus seguidores. Mas isso só é verdade até certo ponto. A dificuldade está em determinar a partir de que ponto o carisma passa a ser excessivo.

Como os líderes podem saber quando passaram da autoconfiança para o excesso de confiança? Infelizmente, essa parece ser uma lição que geralmente se aprende por meio de fracassos.

Personalidades carismáticas podem ser egoístas e narcisistas. No entanto, nenhuma igreja que procura um pastor diz: “Vamos contratar um idiota presunçoso!” Da mesma forma, ninguém procura uma igreja pensando: Onde posso encontrar um pastor abusivo hoje? Somos atraídos por líderes narcisistas porque eles são atraentes.

Líderes narcisistas têm presença. Eles são entusiasmantes. Eles prometem grandes coisas. Muitos produzem resultados impressionantes, ao menos por um tempo. Igrejas que esperam ter um líder messiânico podem achar atrativo esse estilo narcisista que frequentemente acompanha a liderança carismática. E toleram abuso, na esperança de que o pastor os guie até a terra prometida do sucesso ministerial.

Como acontece em todo relacionamento de codependência, este também é construído sobre um sistema disfuncional de recompensas. As congregações permitem o comportamento narcisista porque recebem algo em troca dos líderes. Talvez seja a descarga de adrenalina de uma personalidade inflada, expressada por meio da pregação. Frequentemente, é uma habilidade de atrair multidões.

Igrejas que toleram abusos de líderes narcisistas geralmente temem que ninguém mais consiga produzir resultados semelhantes. Ou demonstram a preocupação de que a saída do pastor possa prejudicar a frequência dos membros. Quanto maior a igreja, mais difícil pode ser se libertar [dessa codependência], porque parece haver muita coisa em jogo. Esses líderes frequentemente também acabam por desenvolver sistemas sociais que reforçam o abuso.

Os narcisistas se cercam de pessoas que os fazem se sentir especiais. Esse círculo interno sente uma emoção vicária por se associar ao líder. Essa associação geralmente vem com privilégios ou tratamento especial, mesmo que tudo isso seja apenas o acesso a alguém que é tido como uma celebridade. O resultado é um ciclo de codependência que cega aqueles que deveriam responsabilizar o narcisista, levando-os a serem cúmplices do abuso.

Os líderes narcisistas geralmente são intimidadores. Desenvolvem culturas organizacionais marcadas por medo e punição. Eles usam o poder de sua posição espiritual para calar qualquer um que os desafie. Criam uma cultura que silencia objeções e penaliza opositores.

Sempre há um preço a pagar para aqueles que desafiam os líderes narcisistas. Membros da igreja que questionam suas agendas ou suas práticas são acusados ​​de serem divisivos e minar o plano de Deus. Em uma aplicação distorcida de 1Samuel 26.9 e 11, alguns alertam aqueles que criticam o pastor para não “levantar a mão contra o ungido do Senhor”. Ameaças e retaliações são explicadas como “disciplina da igreja”.

Weber descreveu o processo desta forma: “As pessoas escolhem um líder em quem confiam. Então, o líder escolhido diz: ‘Agora, calem a boca e me obedeçam.’” Essa abordagem soa incomodamente parecida com a filosofia de muitos líderes de igreja famosos, cujas personalidades fortes os tornaram proeminentes, mas cujo estilo intimidador posteriormente os levou à desgraça.

Onde, então, devemos procurar, para encontrarmos a personalidade ideal de liderança? Esta parece uma daquelas perguntas da escola dominical cuja resposta é sempre “Jesus”. Embora a Bíblia descreva padrões de caráter para líderes da igreja, nela não encontramos um único tipo de personalidade sequer que seja considerado o ideal, quer seja nos exemplos de sua narrativa, quer seja em comandos explícitos.

As representações bíblicas de grandes líderes (ainda que evidentemente falhos, imperfeitos) oferecem um retrato bastante variado. Moisés não é como Davi, que, por sua vez, não é como Paulo. Não se tem a sensação de que o Espírito molda aqueles que Deus usa como líderes segundo um único tipo de personalidade. Extrovertidos, introvertidos, planejadores detalhistas, pessoas que reagem de forma mais intuitiva, personalidades dinâmicas e tipos retraídos, todos parecem ter seu lugar.

De forma semelhante, a escolha dos apóstolos por Jesus dificilmente revela um único tipo apostólico. Tomados em conjunto, seus discípulos parecem um grupo improvável, proveniente de origens radicalmente diferentes, com valores e ideais conflitantes — exceto, talvez, por uma propensão comum de não perceber o que de fato importava. Eles eram pescadores, zelotes, separatistas e colaboradores do governo romano. Isso desmente a uniformidade que frequentemente vemos em perfis que descrevem a personalidade de liderança ideal.

Mesmo que exista um perfil de personalidade comum para líderes carismáticos, a maioria dos líderes na Bíblia não se enquadra nessa categoria.

Considere Paulo e Apolo. Hoje, conhecemos muito melhor o trabalho de Paulo do que o de Apolo. Mas, quando ambos estavam vivos, o poder de celebridade parece ter estado do lado de Apolo. Por todos os relatos, deduzimos ele tinha carisma. Natural da grande cidade de Alexandria, Apolo era um “homem culto e tinha profundo conhecimento das Escrituras”, bem como alguém que “falava com grande fervor” (Atos 18.24-25). Essas características renderam a Apolo seguidores na igreja de Corinto (1Coríntios 3.4).

Paulo também tinha seguidores em Corinto. Mas, para alguns daquela igreja, o carisma de Paulo estava limitado às suas cartas. De acordo com 2Coríntios 10.10, eles reclamavam: “Suas cartas são duras e fortes, mas ele pessoalmente não impressiona e a sua palavra é desprezível.”

Aqueles que são chamados para uma mesma tarefa podem não executá-la da mesma maneira. Os exemplos de líderes como Moisés, Pedro e Paulo indicam que Deus prepara as personalidades distintas dos líderes para as tarefas às quais são chamados. Estou convencido de que essa preparação inclui os pontos fracos e também os pontos fortes. Deus chama os tolos, os fracos, os impetuosos e os tímidos (1Coríntios 1.26-29).

A liderança bem-sucedida depende do carisma em seu sentido bíblico e mais amplo da palavra. É um dom que Deus concede por meio de seu Espírito. As habilidades de liderança, assim como os próprios líderes, são hoje dados por Deus, assim como eram na Bíblia. Eles são tão diversificados em termos de personalidade quanto quaisquer dos líderes sobre os quais lemos na Bíblia, e igualmente imperfeitos.

Provavelmente preferiríamos ter somente Jesus como nosso líder. Minha impressão é que ansiamos por um movimento cujo único ímpeto venha do Espírito, em vez de vir em resposta à personalidade de alguém.

Tal coisa certamente é possível, mas não é a norma. Na maioria das vezes, Deus trabalha por meio de pessoas. Onde há pessoas, a personalidade é sempre um fator. O Verbo que “não abominou o ventre da Virgem”, como declara o antigo hino, não hesita em se revelar por meio da personalidade de seus servos.

O fracasso espetacular de tantos líderes de alto nível deveria fazer nós, cristãos, sermos cautelosos em dar muito crédito à personalidade de qualquer indivíduo. Na igreja não há espaço para cultos à personalidade. Há apenas um Messias para o povo de Deus, e seu nome é Jesus.

Mas isso não deveria nos deixar com medo da personalidade em si. A personalidade das pessoas pode ser distorcida pelo pecado, mas também é o principal meio que Deus usa para refletir sua imagem em nossas vidas. A personalidade não é uma desvantagem na liderança. Ela é o rosto da alma.

John Koessler é escritor, podcaster e professor emérito aposentado do Moody Bible Institute [Instituto Bíblico Moody]. Seu livro mais recente, When God Is Silent [Quando Deus está em silêncio], foi publicado pela Lexham Press.

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