À medida que a frieza toma conta dos corpos

Não há ressurreição sem morte.

Christianity Today March 29, 2024
Interior with Crucifix and Nothing Special, Joel Sheesley, 56 x 70”, 2001.

Do meio-dia até as três horas da tarde, houve trevas sobre toda a terra. Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz:

― Eloí, Eloí, lemá sabactâni? — que significa: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”

Marcos 15.33-34

Pode ser difícil ter esperança e crer, quando tudo em que você toca está frio. Tenho orado sobre uma determinada situação há mais de três anos. Recentemente, cheguei ao ponto em que sinto que preciso ver alguma movimentação. Mas não vejo.

Movimentar-se gera calor. Mantém a gente aquecido. Corra sem sair do lugar, por alguns minutos, e sentirá sua temperatura aumentar. O sangue começa a pulsar. Seu corpo é ativado. Mas como orar, quando as mãos ficam frias? Como manter a esperança, quando tudo ao seu redor está paralisado?

Não sei em que contextos você precisa ver movimento. Não sei o quão ansioso seu coração está. Não sei se você está acordando no meio da noite, pelo fato de seu corpo estar processando aquilo que não teve tempo de enfrentar durante o dia. Não sei se já se passaram três anos de espera ou dez. Mas vou compartilhar com você algo que sempre digo a mim mesma: renda-se à realidade da Páscoa.

Ao longo do ministério de Jesus, os discípulos viram muito movimento: viram cegos enxergarem, coxos andarem, enfermos serem curados. O ensino de Jesus atraiu multidões e fez convertidos. Tanta coisa aconteceu dentro deles e à sua volta, ao longo desses três anos, que eles devem ter sentido o calor dessa movimentação por todos os lugares. E então, não mais que repente, tudo ficou imóvel. Na sexta-feira santa, tudo esfriou.

Santa é um termo que significa “sagrada”. Na sexta-feira “santa”— o dia em que nos lembramos da santidade da morte de Cristo, que abriu caminho para a nossa salvação —, há admiração mesmo em meio à quietude. Deus trabalha, mesmo quando o sangue não está pulsando. Deus pode se mover, mesmo quando tudo parece estar mortalmente paralisado. Hoje, a sexta-feira santa é um símbolo de esperança para o mundo inteiro. Mas ela também foi o dia anterior àquele em que os discípulos souberam que haveria uma ressurreição. Às vezes nos esquecemos disto: quando eles viram Jesus pregado na cruz, olharam [a cena] sem compreender o propósito do Calvário.

A passagem de 1Pedro 1.24-25 diz: “Pois, ‘toda a humanidade é como a relva, e toda a sua glória, como a flor da relva; a relva murcha e cai a sua flor, mas a palavra do Senhor permanece para sempre’. Essa é a palavra que lhes foi anunciada”. Neste exato momento, se tudo o que você consegue enxergar é relva murcha, pergunte a si mesmo se há algum problema em se sentar e esperar, como os discípulos fizeram. Que tal se hoje não desviarmos os olhos do lamento do Cordeiro? Que tal se hoje nos submetermos ao silêncio do sábado? Que tal se hoje não passarmos direto para a alegria, a qual os seguidores de Deus sequer tinham ideia de que aconteceria no domingo de manhã? Que tal se hoje nos rendermos ao santo lamento da sexta-feira?

Não há ressurreição sem morte; não há manhã de domingo sem a noite da sexta-feira; não há redenção sem Aquele que redimiu. Confie nos métodos do céu.

Talvez, assim como eu, você também esteja observando os grãos de areia escoando pela ampulheta, grãos esparsos, que certamente não parecem encorajadores. Entregue suas emoções à verdade da Páscoa. Permita que a sexta-feira santa seja de fato sexta-feira santa. Permita que a morte pareça morte. Permita que o ar fique incomodamente frio.

E vamos nos encontrar [de novo] no domingo de manhã.

Para refletir:



Como manter a esperança, quando tudo ao redor está paralisado?

O simbolismo da Páscoa faz você se lembrar do quê? Como pode aplicar isso à sua própria vida?

Dra. Heather é palestrante interdenominacional, autora best-seller da ECPA e apresentadora de Viral Jesus, um podcast em parceria com a Christianity Today.

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