Encontrado no jardim do sepulcro

Jesus permanece conosco nas perdas, durante e depois da Páscoa.

Christianity Today March 31, 2024
Óleo sobre painel: Double Take, Cherith Lundin, 24x26” cada, 2017.

Nisso, ela se voltou e viu Jesus ali, em pé, mas não o reconheceu.
Ele disse:
― Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando?

João 20.14-15

É uma eterna tensão, e uma questão da maior importância que os cristãos trazem consigo: Como podemos conservar a alegria, embora este mundo dê lugar à tristeza? Como crentes, baseamos nossa esperança na vitória de Cristo sobre a morte. Regozijamo-nos com a nossa salvação — o dom da vida eterna —, ainda que a dor cresça descontroladamente e corra desenfreada nesta vida.

Acordo a cada manhã com misericórdias que se renovam, apenas para me deparar com velhas feridas. Eu poderia ler para você minha ladainha de perdas, mas sei que também tem a sua: a filha distante. O casamento que precisa ser consertado. Um diagnóstico recente. O ente querido que você perdeu cedo demais. A casa que pegou fogo. O animal de estimação que morreu. Um amor que traiu você. A multidão que prejudicou sua vida.

Quando o Jesus ressurreto apareceu no jardim do sepulcro, mesmo ainda não sendo reconhecido por Maria, ele lhe perguntou: “Mulher, por que está chorando?” (João 20.15). Cristo, mesmo em seu momento de vitória, abriu espaço para a dor dela. Desta forma, não é a Ressurreição uma reminiscência da Encarnação? Aquele mistério insondável de Cristo ter vindo como um bebê, renunciando a todo poder em prol da propiciação, sim, mas também simplesmente para estar próximo de nós.

Jesus, com a singeleza dessa pergunta, abre espaço para a dor de Maria. No jardim do sepulcro — que abrigava ao mesmo tempo viçosas plantas e sepulturas, milagres e luto — o momento em que Cristo se compadece de Maria demonstra que somos escolhidos para conhecer Jesus e para sermos por ele conhecidos. Não somos apenas um povo a ser resgatado; somos um povo, sim, salvo e enviado (Marcos 3.13-14), mas também convidado para simplesmente estar com Jesus.

No Domingo de Páscoa, eu me lembro da primeira coisa que Jesus, fez depois de ter ressucitado. Embora o Deus-homem tivesse acabado de ressuscitar, ele continuou a se humilhar e a permanecer assim. É desse jeito que Jesus sempre foi. Ele é o Verbo que se fez carne, tendo assumido forma humana para habitar e cear conosco, para sofrer e celebrar conosco. Ele é o nosso Senhor ressurreto que inclina os ouvidos para Maria, demorando-se naqueles primeiros momentos de seu reencontro no jardim do sepulcro. Ele é o Deus que fica ao lado do homem no jardim, no princípio dos tempos.

Foi esta a alegria de Maria, quando ele pronunciou seu nome e ela finalmente o reconheceu, e se reuniu com seu Raboni (Mestre, veja João 20.16). É esta também a nossa alegria. O Jesus ressurreto traz a salvação, e traz a si mesmo. Sua vitória nos levará da sepultura para a glória, e ele veio para estar conosco agora, no jardim do sepulcro desta vida terrena. Ele nos encontra, mesmo quando a perda se entrelaça a tudo o que amamos e vivemos, tanto durante a época da Páscoa quanto para além dela e para sempre. Aleluia!

Para refletir:



Nesta época da Páscoa, como você está se apegando à alegria, embora este mundo dê lugar à tristeza?

O que você diria, se Jesus lhe perguntasse: “Por que você está chorando?”

Rachel é fundadora de The Fallow House e autora de dois livros.

Para ser notificado de novas traduções em Português, assine nossa newsletter e siga-nos no Facebook, Twitter ou Instagram.

Our Latest

O perigo de viver em um mundo distorcido pelo medo

Quando nos deixamos governar pelo medo, ele distorce nossas percepções, estreita nossa visão e nos afasta do amor a Deus e ao próximo.

Perdi três bebês em um ano. E ninguém sabia me consolar.

Conceitos cristãos equivocados sobre o aborto espontâneo não são novos, mas precisam mudar.

Atenção não é mercadoria

A atenção não é recurso voltado para a produtividade. É dádiva que nos ajuda a amar a Deus e ao próximo.

Vá e não cancele mais

A igreja tem uma antítese perfeita para a nossa cultura do medo e do rancor: o discipulado.

A geração Z não precisa de um evangelho água com açúcar

Líderes cristãos podem saciar nossa busca por autenticidade e estabilidade com uma mensagem que fale da santidade e da graça de Cristo.

Apple PodcastsDown ArrowDown ArrowDown Arrowarrow_left_altLeft ArrowLeft ArrowRight ArrowRight ArrowRight Arrowarrow_up_altUp ArrowUp ArrowAvailable at Amazoncaret-downCloseCloseEmailEmailExpandExpandExternalExternalFacebookfacebook-squareGiftGiftGooglegoogleGoogle KeephamburgerInstagraminstagram-squareLinkLinklinkedin-squareListenListenListenChristianity TodayCT Creative Studio Logologo_orgMegaphoneMenuMenupausePinterestPlayPlayPocketPodcastRSSRSSSaveSaveSaveSearchSearchsearchSpotifyStitcherTelegramTable of ContentsTable of Contentstwitter-squareWhatsAppXYouTubeYouTube