Por que José é conhecido como o santo silencioso

Como ouvir os direcionamentos de Deus, quando as coisas parecem dar errado.

Christianity Today December 19, 2023

Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente.

Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: "José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados".

Mateus 1.18-21

José é conhecido como o santo silencioso. Embora seu papel na história de Cristo não seja pequeno — pois é dele, José, a linhagem real que Jesus atribui a si mesmo; também é dele a profissão que Jesus adota —, José não diz sequer uma única palavra em nenhum dos Evangelhos. Este é um tema nas histórias que cercam o nascimento de Jesus: Zacarias em silêncio no templo e José silenciosamente considerando como proceder, enquanto Maria e Isabel irromperam em declarações proféticas, fazendo as primeiras proclamações do evangelho.

Mas só porque José não fala isso não deve nos levar a pensar que ele seja passivo. Na verdade, José nos é apresentado como um homem de atitudes firmes, que brotam de sua rica vida interior. Somos informados de que, ao saber que sua futura esposa estava grávida, ele não rompeu imediatamente o noivado, sujeitando-a a constrangimento público e, possivelmente, a algo muito pior. Apesar do que pudesse ser tentado a fazer qualquer noivo ferido, alguém que estivesse sofrendo pela dor recente de uma aparente infidelidade, José, em vez disso, traça um plano misericordioso e sábio.

A única descrição que recebemos do caráter de José é que ele é “fiel à lei” (Mateus 1.19). Assim, sem divulgar a ninguém a situação de Maria (pelo que nos é dito), ele traça um plano que é, ao mesmo tempo, fiel à lei e gracioso para com ela. José chega a essa decisão através de uma reflexão particular, e, segundo podemos presumir, com muito sofrimento também, ainda que toda a sua dor e a sua generosidade permaneçam sob a superfície. O santo silencioso tem uma virtude que ferve debaixo dessa superfície, onde o seu domínio próprio, mesmo em face d injustiça que sofreu, o contém e permite que ele não apenas tolere, mas também proteja Maria, que era a fonte de sua dor.

E, como acontece com muitas pessoas que tomaram decisões difíceis dentro de si, algo ainda mais profundo brota de dentro de José: um sonho e, com ele, um anjo. Este sonho deve ter surgido como um consolo, como uma garantia, e envolto em uma grande dose de confusão. Nada disso está registrado. Somente nos é dito que José, que era justo e fiel à lei, à Palavra do Senhor, foi também fiel a esta palavra do anjo. Dentro de si, mais uma vez, ele resolve agir, sem proferir qualquer discurso profético.

José deixou que as pessoas pensassem que ele, um homem sério e que tinha domínio próprio, engravidou Maria num momento de falta de controle. Ele tomou sobre si a vergonha de Maria, talvez prenunciando o que Jesus faria por toda a humanidade. E fez tudo isso sem dizer sequer uma palavra.

O nosso é um mundo mergulhado em palavras. Em José, o santo silencioso, vejo uma forma diferente de ser — baseada em silêncio e ação, segundo a qual às vezes as palavras mais importantes são aquelas que não falamos.

Para refletir



Ao refletir sobre as ações silenciosas, mas decisivas de José, o que podemos aprender sobre o poder da força silenciosa e do domínio próprio em nossa vida pessoal? Como podemos cultivar uma postura semelhante de silêncio e ação em meio a situações desafiadoras?

Considere o papel dos sonhos e da orientação divina na história de José. Como podemos estar sintonizados com a voz e a orientação de Deus em nossa própria vida? Como podemos discernir a sua vontade e confiar na sua liderança, mesmo quando vivemos situações que podem ser confusas ou desafiadoras?

Joy Clarkson é escritora, editora e doutoranda em teologia. Ela é editora de livros e cultura da Plough.

Para ser notificado de novas traduções em Português, assine nossa newsletter e siga-nos no Facebook, Twitter ou Instagram.

Our Latest

Atenção não é mercadoria

A atenção não é recurso voltado para a produtividade. É dádiva que nos ajuda a amar a Deus e ao próximo.

Vá e não cancele mais

A igreja tem uma antítese perfeita para a nossa cultura do medo e do rancor: o discipulado.

A geração Z não precisa de um evangelho água com açúcar

Líderes cristãos podem saciar nossa busca por autenticidade e estabilidade com uma mensagem que fale da santidade e da graça de Cristo.

Ainda que o Alzheimer apague nossas lembranças, Deus sempre se lembrará de nós

O Alzheimer roubou as memórias da minha mãe. Mas, em Cristo, nem ela nem eu somos esquecidas.

News

A igreja perseguida precisa de nós, mas nós também precisamos dela.

O presidente da Portas Abertas, Ryan Brown, fala sobre os desafios e mudanças no ministério para a igreja perseguida do século 21.

O que é melhor para nossos filhos: a prosperidade aos olhos do mundo ou o sucesso aos olhos de Deus?

Em uma cultura que valoriza desempenho acadêmico e sucesso, as orações pelos nossos filhos podem soar como barganhas superficiais com Deus.

Apple PodcastsDown ArrowDown ArrowDown Arrowarrow_left_altLeft ArrowLeft ArrowRight ArrowRight ArrowRight Arrowarrow_up_altUp ArrowUp ArrowAvailable at Amazoncaret-downCloseCloseEmailEmailExpandExpandExternalExternalFacebookfacebook-squareGiftGiftGooglegoogleGoogle KeephamburgerInstagraminstagram-squareLinkLinklinkedin-squareListenListenListenChristianity TodayCT Creative Studio Logologo_orgMegaphoneMenuMenupausePinterestPlayPlayPocketPodcastRSSRSSSaveSaveSaveSearchSearchsearchSpotifyStitcherTelegramTable of ContentsTable of Contentstwitter-squareWhatsAppXYouTubeYouTube