O suspense do sim de Maria

Como uma resposta corajosa ecoa pela eternidade

Christianity Today December 18, 2023
Phil Schorr

Perguntou Maria ao anjo: "Como acontecerá isso, se sou virgem?"

O anjo respondeu: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.

Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação. Pois nada é impossível para Deus".

Respondeu Maria: "Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra". Então o anjo a deixou.

Lucas 1.34-38

No capítulo 1 de Lucas, somos apresentados a um belo relato de como o anjo apareceu a Maria, como ela o ouviu e como respondeu com coragem: “Sou serva do Senhor, que aconteça comigo conforme a tua palavra.” As palavras ali contidas devem inspirar em cada leitor fervoroso sentimentos de reverência e admiração, mas acima de tudo de gratidão. Esses poucos versículos de Lucas são um dos grandes pontos de virada — ou momentos decisivos — de toda a Bíblia. Eles são uma resposta a outro ponto de virada, trágico, que está em Gênesis: o momento da desobediência de Eva.

A escolha de Eva teve consequências terríveis para todos nós. Seu sim à serpente barrou e diminuiu nossa verdadeira humanidade — embora, é claro, a serpente tivesse prometido exatamente o oposto! Mas se Eva deu as costas para Deus e levou consigo a todos nós, então, quando Maria volta sua face para ele, por livre e espontânea vontade, o seu sim corajoso para Deus acolhe Jesus no mundo. Em Jesus, cada pessoa pode agora escolher, se quiser, receber as boas-vindas de Deus. Esse seu acolhimento estende-se tanto à plenitude da vida aqui na terra, mesmo com todas as suas limitações, quanto à vida eterna com ele.

Nosso Deus é o Deus da liberdade e do amor; ele não age pela força. Em vez disso, espera amavelmente pelo nosso assentimento, pelo nosso sim ao seu amor. Ao lermos esses versículos, quase prendemos a respiração e adentramos ao drama daquele momento: Deus se oferece para vir ao mundo como nosso Salvador, e Maria, naquele momento, fala por todos nós. O que ela dirá? Oferecerá ela toda a sua vida para ser renovada, para ser transformada para sempre? Ou acaso ela rejeitará o fardo?

Devemos sentir o silêncio terrível, a agonia do suspense, entre os versículos 37 e 38 do primeiro capítulo do Evangelho de Lucas, e, então, ao ouvirmos a resposta de Maria, devemos sentir grande alívio e alegria. O sim de Maria não só muda tudo para sempre, mas também é para nós um exemplo para a própria vida cristã. Agora, também nós somos chamados a não temer, mas sim a estar abertos, a dizer para Deus: eu sou teu servo (tua serva), que aconteça comigo conforme a tua palavra. No soneto abaixo, procurei evocar um pouco do suspense e da importância deste momento.

Enxergamos tão pouco, ficamos na superfície, Calculamos o exterior de todas as coisas, Preocupados com nossos próprios propósitos. E nos escapa o cintilar das asas dos anjos, Que brilham ao nosso redor, em sua alegria, Num redemoinho de círculos, olhos e asas que se abrem, Eles guardam o bem que pretendemos destruir, Uma centelha oculta da glória no mundo de Deus. Mas, naquele dia, uma jovem parou para ver Com olhos e coração abertos. Ela ouviu a voz; A promessa de Sua glória ainda por vir, Enquanto o tempo parou, para ela fazer sua escolha; Gabriel se ajoelhou e nem sequer uma pluma moveu-se, A própria Palavra estava aguardando a palavra de Maria. Este soneto, “Anunciação”, foi extraído de Sounding the Seasons (Canterbury Press, 2012) e foi usado com a permissão do autor.

Para refletir



Ao pensar sobre a resposta de Maria à mensagem do anjo, de que modo o “sim” corajoso da mãe de Jesus ao plano de Deus inspira e desafia você, em sua jornada pessoal de fé?

De que formas, assim como Maria, você pode cultivar um espírito de compreensão e submissão?

Malcolm Guite é ex-capelão e membro emérito no Girton College, Cambridge. Ele dá aulas e palestras sobre teologia e literatura.

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