Um inesperado consolo para pais e mães em Eclesiastes

Para Deus não há desafios novos, pois sua provisão continua imutável.

Christianity Today July 12, 2023
Illustration by Rick Szuecs / Source images: Envato / Vlada Karpovich / Pexels / Rosmarie Wirz / Getty

Em um recente fórum para pais, sobre o tema crianças e tecnologia, que aconteceu em minha igreja, dei um exemplo discreto de fracasso dos meus anos como mãe de adolescentes. Mesmo naquele momento em que eu contava de novo a história, pude sentir o nó do pânico no meu estômago, o mesmo que senti quando o fato aconteceu em tempo real.

Nada inspira mais medo em nós do que quando nossas responsabilidades como pais se cruzam com as duras realidades do nosso mundo. E os pais de hoje enfrentam sua parcela de medos legítimos.

Entre as mídias sociais, as mudanças na ética sexual, escândalos de abuso sexual, pandemia, pornografia e todos os desafios habituais da criação de filhos, o consenso é claro: ser pai e mãe hoje em dia é difícil. Os pais cristãos estão com medo, talvez com mais medo do que já vi antes, em meus 25 anos de ministério.

Queremos proteger nossos filhos da tentação e da influência negativa, mas a tarefa parece algo impraticável. Podemos nos sentir impotentes, como alguém que tem de navegar por águas desconhecidas com monstros por todos os lados. Mas em meio aos meus medos como mãe, o Senhor me trouxe à mente uma ajuda atemporal para servir de bússola: Ele me lembrou daquilo que não muda.

Meus filhos enfrentaram desafios sem precedentes com tecnologia e pressões sociais? Em certo sentido, sim. Mas, observando mais de perto, eram velhos desafios envoltos em novas embalagens. O Livro de Eclesiastes faz um grande esforço para enfatizar que não há nada de novo debaixo do sol.

Sempre considerei essa mensagem um pouco deprimente, mas em tempos tumultuados, ela emergiu como a força estabilizadora de que eu tanto precisava. Aqueles desafios não eram inéditos. Aquelas águas não eram desconhecidas. O Deus eterno olha para esta geração e não vê problemas novos. E não só isso, como ele também está pronto, como sempre esteve, para ser fiel a esta geração e a todas as gerações.

Meus filhos seriam fatalmente subjugados pelas tentações diante deles? Não, e louvado seja Deus por isso. Há muito tempo aprecio a garantia, dada em 1Coríntios 10.13, de que Deus sempre provê uma maneira para escaparmos da tentação. Mas criar adolescentes me ajudou a meditar neste versículo: “Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens”. As tentações desta geração não são novas nem algo que nunca se viu antes. Elas são tão antigas quanto a história da humanidade.

O que nos parece ser sem precedentes é apenas outro mecanismo para cometer um velho pecado, um método atual para ceder a uma tentação antiga. A tecnologia nos propicia novas maneiras de sucumbir à velha tentação da luxúria. As tendências culturais nos propiciam novas maneiras de sucumbir a velhas tentações como autodeterminação, obstinação e adoração de si mesmo. Pais ansiosos podem se lembrar que esses pecados comuns sempre vêm acompanhados da mesma provisão de Deus para deles escapar.

Pais de todas as gerações lutam com medos legítimos e ilegítimos. Suspeito que pais cristãos de gerações anteriores, que criaram filhos em meio a fome, perseguição, pobreza, pestes, escravidão e guerra, questionariam se de fato enfrentamos desafios excepcionais na nossa geração.

Os mesmos poços profundos de sabedoria que estavam disponíveis para eles estão disponíveis para nós. As mesmas escapatórias para as tentações comuns estão disponíveis para nós e para nossos filhos. O mesmo Deus que foi rocha e fortaleza para eles é rocha e fortaleza para nós, hoje.

Por mais que queiramos, não podemos manter nossos filhos a salvo do mundo. O que podemos fazer é educá-los e orientá-los tendo em vista os medos certos, informados sobre os riscos que nos cercam, ancorados no temor a Deus.

Como observou Tim Kimmel, nossa tarefa não é criar filhos seguros, mas sim criar filhos fortes. As crianças têm um “nariz espiritual” sensível. Elas podem sentir o cheiro do medo em nós. Devemos dar-lhes o perfume de Cristo em nossas interações diárias com elas. Portanto, que nossa paternidade e nossa maternidade sejam motivadas não pelos medos da nossa geração, mas pelo temor do Senhor.

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os pais motivados pelo devido temor irão exalar o perfume inconfundível de que as crianças precisam para crescerem fortes em um mundo que é, sempre foi e sempre será inseguro.

Quando nós, como pais, somos um exemplo de calma diante da incerteza e de sabedoria diante da tentação, convidamos nossos filhos a terem a mesma força de caráter. Nós os convidamos a temer como se deve, em uma era que nada tem de excepcional.

Jen Wilkin é esposa, mãe e professora de Bíblia. Ela é a autora de Women of the Word e None Like Him. Seu twitter é @jenniferwilkin.

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