Church Life

Copa do Mundo mostra atletas cristãos e suas obras no Catar

Um resumo do heroísmo e das boas obras de atletas, treinadores e torcedores.

Christianity Today December 19, 2022
Associated Press

Neste terceiro domingo do Advento, milhões de cristãos estarão na igreja. Mas milhões também estarão colados a uma tela, ansiosos para descobrir se o melhor jogador de todos os tempos da Argentina finalmente conquistará o título da Copa do Mundo. Apesar de ter passado do seu auge, o capitão da seleção argentina, Lionel Messi, de 35 anos, tem brilhado na competição, com cinco gols e três assistências até as semifinais, e lidera a corrida pelo prêmio Chuteira de Ouro, em sua quinta Copa do Mundo.

Embora o reservado Messi, que traz no braço direito uma tatuagem de Jesus com uma coroa de espinhos, não tenha expressado sua fé abertamente, exceto pelo fato de apontar para o céu depois de fazer um gol, esta Copa do Mundo contou com o heroísmo de numerosos cristãos confessos.

Liderando o irrefreável ataque francês contra a Argentina estará o jogador Olivier Giroud, de 36 anos, que tem o salmo 23 “O Senhor é meu pastor e nada me faltará” tatuado em latim no braço direito. Durante esta Copa do Mundo, Giroud se tornou o maior artilheiro de todos os tempos da França, com quatro gols magníficos.

Enquanto o talismã do time francês, Kylian Mbappé, fez jus à fama com sua velocidade alucinante e seus chutes letais, Giroud propiciou um ponto focal confiável no ataque, e, com seu jogo altruísta, criou aberturas para seus companheiros de equipe. “Tento falar sobre minha fé sempre que posso”, disse ele, após vencer a Copa do Mundo em 2018. “Sinto que devo usar meu perfil na mídia para falar sobre meu compromisso com Jesus Cristo.”

Durante a maior parte da última década, quando Giroud jogou por dois clubes em Londres, ele frequentou a Igreja St. Barnabas, em Kensington, que pertence à ala evangélica da Igreja Anglicana. Durante as quartas de final da França contra a Inglaterra, quando ele marcou de cabeça para garantir uma vitória por 2 a 1 para os Les Bleus, ele enfrentou a próxima geração de alas ingleses que estão vivendo sua fé cristã com graça.

Com três gols cada, Marcus Rashford e Bukayo Saka foram craques no Catar. Ambos foram criados em i grejas pentecostais negras, e Rashford, de 25 anos, já se destacou como ativista e filantropo contra o racismo e a falta de moradia. Aos 21 anos, Saka apareceu na capa da revista Time, depois de ganhar o prêmio de jogador do ano na Inglaterra; ele compartilhou que a Bíblia todas as noites para ter “paz e felicidade”. Embora Rashford e Saka tenham recebido insultos racistas online, depois de perderem pênaltis, na final da Euro 2020, ambos foram elogiados por sua resiliência e por promoverem um ambiente de saudável camaradagem na seleção inglesa.

A Inglaterra enfrentou a seleção masculina dos EUA (USMNT) na fase de grupos, e a forte defesa americana, liderada por Walker Zimmerman, filho de pastor, deu aos azarões um respeitável 0-0, um empate contra a formidável seleção da Inglaterra. Zimmerman, o nativo da Geórgia que leva o filho de um ano para os treinos, tem sido um líder imponente na defesa e um defensor do controle de armas e da igualdade racial e de gênero; tem, ainda, lutado em especial por igualdade salarial para a seleção feminina dos EUA.

Zimmerman tem um companheiro de fé em Christian Pulisic, o “Capitão América”, que marcou o gol da vitória contra o Irã e classificou a seleção norte-americana na fase eliminatória, enquanto sofria uma lesão abdominal, após colidir com o goleiro adversário. Pulisic disse à revista GQ, no ano passado, que sua transferência de US$ 73 milhões para o Chelsea F.C. aproximou o de Deus, apesar da forte disputa por sua posição de armador e das lesões que sofreu lá. Dois meses antes da Copa do Mundo, ele postou o Salmo 147.11 como legenda no Instagram. O versículo diz: “O Senhor se agrada dos que o temem, dos que colocam a esperança no seu amor leal”.

Do outro lado do campo, o goleiro número um do Brasil, Alisson Becker, fez algumas defesas espetaculares, registrando duas partidas sem sofrer gols e sofrendo apenas dois gols em quatro jogos. Embora um gol croata desviado, aos 117 minutos, infelizmente tenha eliminado os favoritos nas quartas de final, Alisson retornará ao Liverpool F.C., onde está rodeado irmãos em Cristo. Seu carismático treinador, Jürgen Klopp, é um cristão declarado, e Alisson batizou seu companheiro de equipe, Roberto Firmino, em uma piscina em sua casa. Outro companheiro de equipe, Virgil van Dijk, até apelidou Alisson, que é membro de uma igreja Hillsong em Liverpool, de “goleiro santo”.

Apesar da decepção com a eliminação nas quartas de final, o ex-técnico brasileiro Tite deu ao seu time muito pelo que torcer. Católico devoto, Tite colocou todos os 26 jogadores de seu elenco para jogar no Catar, e dançou com eles, para comemorar a enxurrada de gols durante a goleada de 4 a 1 do Brasil sobre a Coreia do Sul. Durante a Copa do Mundo de 2018, ele participou de uma missa na Rússia, e, durante os treinos no Catar, foi visto com um rosário.

Talvez o time mais devoto tenha sido o do Equador. Um dia antes do início do torneio, o meio-campista Carlos Gruezo compartilhou um vídeo em que ele e seus companheiros estavam orando. “Hoje começa uma nova história e quem guia nossos passos é Deus”, escreveu na legenda. “Sem ti nada podemos fazer. A ti damos toda honra e toda a glória.”

https://www.instagram.com/p/ClLWSLJvyvb/

Depois que o companheiro de equipe de Gruezo, Enner Valencia, converteu um pênalti na partida de abertura do Equador na Copa do Mundo, contra o anfitrião Catar, ele e seus companheiros fizeram um círculo, de joelhos, e levantaram as mãos para louvar a Deus.

Enquanto muitos esperavam atrapalhar o domínio das seleções europeias nas últimas Copas do Mundo, o técnico marroquino Walid Regragui ganhou as manchetes por levar a primeira nação árabe ou africana a uma semifinal. Embora sua fé seja desconhecida, ele certamente incorporou o imperativo bíblico de honrar pai e mãe, convidando as famílias de seus jogadores a se juntarem a eles gratuitamente no Catar. Uma das imagens mais emocionantes durante a Copa do Mundo foi o lateral-direito marroquino Achraf Hakimi correndo para a mãe, que estava na arquibancada, para lhe dar um beijo, após a histórica vitória do Marrocos sobre a Bélgica. “Nosso sucesso não é possível sem a felicidade de nossos pais”, disse Regrarui.

Enquanto os torcedores marroquinos se somaram aos torcedores argentinos e brasileiros como alguns dos mais fervorosos do mundo, durante esta Copa, os mais queridos foram os torcedores japoneses. A limpeza que fizeram nos estádios — com seus sacos de lixo azuis, após as vitórias do Japão sobre as seleções pesos-pesados da Alemanha e da Espanha —viralizou nas redes e inspirou atos semelhantes. Os Samurais Blues também deixaram seus vestiários impecáveis após cada jogo, o que conquistou o respeito da FIFA.

A Copa do Mundo do Catar não teria sido possível sem as centenas de milhares de trabalhadores imigrantes, vindos de países do sul da Ásia, que construíram o estádio, muitas vezes a um custo significativo para si mesmos. Mais de 2.000 trabalhadores nepaleses morreram no Catar, desde 2010, enquanto construíam estádios monumentais sob um calor tórrido e condições atrozes. Outros sofrerão de dores crônicas pelo resto da vida, enquanto suas famílias continuarão atoladas em dívidas e pobreza.

“Suas mortes [dos trabalhadores imigrantes] foram aceitas e não foram investigadas, suas famílias não foram indenizadas como deveriam”, escreveu o vencedor da Copa do Mundo de 2014 e ex-capitão da Alemanha, Philipp Lahm, cristão, sobre o motivo de ter boicotado a ida ao Catar.

Entre as últimas palavras do americano Grant Wahl, jornalista esportivo que faleceu durante a Copa do Mundo, estava uma repreensão contundente à apatia pelo sofrimento alheio.

“Eles simplesmente não se importam”, escreveu ele, referindo-se à morte de outro trabalhador imigrante, que ocorreu durante o torneio, em um dos resorts de treinamento do time.

Ao voltarmos para os cultos, depois de torcer por Messi e Mbappé neste domingo, talvez possamos fazer uma pausa para refletir se essa acusação de Wahl não se aplica também a nós.

J. Y. Lee é estudante de doutorado no Seminário de Princeton e jornalista freelance que fez reportagens no Brasil, durante a Copa do Mundo de 2014.

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